Após fortes chuvas, previsão de temperaturas altas pode ser positiva para a rizicultura de SC
Os eventos climáticos que atingiram Santa Catarina entre os meses de setembro e novembro geraram preocupação para muitas pessoas e setores, entre eles o do arroz. O Estado, que é o segundo maior produtor do grão no Brasil, foi atingido por uma grande quantidade de chuvas, que ultrapassaram a média histórica dos últimos 100 anos. No entanto, a previsão de altas temperaturas e maior incidência solar no período de dezembro e janeiro pode ser positiva para a rizicultura e, por isso, traz boas expectativas para o cultivo do grão na safra 2023/24.
Conhecido internacionalmente pela sua qualidade, o cereal catarinense deve manter a produtividade dentro do esperado, uma vez que as chuvas não chegaram a prejudicar consideravelmente o processo de desenvolvimento do arroz. O agricultor Gledisom Carlos Colombo foi uma das pessoas que teve a rotina modificada por conta das previsões do tempo e, nas últimas semanas, toda aparição do sol se tornou hora de ir para a lavoura.
Acostumado a viver nas plantações a maior parte de sua vida, para Colombo, não ocorreram prejuízos significativos. “Tivemos sorte que esse período chuvoso foi enquanto o cereal estava em erva. Então, o que aconteceu foi o atraso para semear ou para aplicar os defensivos agrícolas, fatores que também impactarão no início da colheita. Somente em alguns casos houve o replantio. Agora, que o grão se encontra no processo de formação de cachos, precisamos torcer pela presença do sol na maioria dos dias”, explica o agricultor.
Ainda conforme o produtor rural, o dia a dia de quem trabalha com este cultivo é baseado na administração das águas, o que fez com que a atenção fosse redobrada nos últimos meses, sempre cuidando para manter a quantidade adequada. “Quando não chove, temos que ir atrás para ligar as bombas, e quando chove em excesso, temos que escoar”, conta.
A influência do El Niño
Os eventos climáticos que geraram preocupações para a cadeia produtiva do arroz aconteceram em decorrência do fenômeno El Niño, cujo maior efeito costuma ser na primavera. Com isso, o aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico, que fazem com que os padrões de ventos sejam alterados, faz com que o fluxo de umidade seja invertido. Este fato, conforme explica o especialista em agrometeorologia da estação da Epagri de Urussanga, Márcio Sônego, influenciou nas fortes chuvas que atingiram a região.
Além disso, os dados mostram que tanto setembro quanto outubro tiveram suas médias históricas de chuva superadas. A diferença, conforme explica Sônego, é que no primeiro caso, o sol se fez presente em mais dias, resultando, inclusive, em temperaturas acima das consideradas normais para o período.
Nos próximos meses, mais presença do sol
É nos meses de dezembro e janeiro que o sol se torna ainda mais indispensável nas lavouras de arroz. Segundo as previsões da Epagri/Ciram, os próximos dois meses devem ultrapassar a média, favorecendo diretamente as plantações. “É muito provável que a condição atmosférica seja mais favorável aos arrozais de Santa Catarina a partir de dezembro, uma vez que as chuvas devem voltar ao normal e as temperaturas mais elevadas”, afirma Sônego.
O plantio de arroz em solo catarinense já está concluído, e as perspectivas para a safra 2023/24, na visão do presidente do Sindicato das Indústrias de Arroz de Santa Catarina, Walmir Rampinelli, são promissoras. “Se as condições climáticas se confirmarem e tivermos um grau de insolação favorável, especialmente em janeiro, momento em que o grão estará em afloração, teremos uma excelente colheita, assim como nos anos anteriores”, destaca.
Seguindo a premissa de que o grão precisa de sol na parte superior e água em suas raízes, a presença da luminosidade terá impacto significativo nas lavouras, dado que ajuda no combate de doenças, como fungos. “Com a concretização desta previsão, toda a cadeia produtiva será beneficiada. Só temos que torcer para o sol não ser forte demais. Se tudo isso se confirmar, acreditamos que finalizaremos a safra 23/24 com ótima produtividade e com produto de excelência qualidade”, frisa Rampinelli.