Arroz: praga da cigarrinha ameaça plantações no Vale do Paraíba
Uma nova praga, constatada no ano passado em arrozais do Vale do Paraíba, pode provocar prejuízos na safra 2020/21, em fase de preparação na região, principal produtora do cereal no Estado de São Paulo. A cigarrinha foi detectada em novembro do ano passado por agricultores e extensionistas da Casa da Agricultura, ligada a Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS - mais conhecida como Cati, a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral), da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento.
"A quebra de safra só não foi maior porque, quando a praga chegou, apenas parte da produção ainda estava no campo. Mas ela destruiu tudo que encontrou pela frente", afirma em comunicado o presidente da Associação Paulista de Extensão Rural (Apaer), Antônio Marchiori.
Segundo a associação, ainda em novembro do ano passado, extensionistas enviaram um relatório para a secretaria notificando sobre a nova praga, também detectada em Estados do Sul do Brasil. Como não há agrotóxico eficiente para combater a cigarrinha, a Apaer destaca que será preciso um trabalho de extensão rural para identificar a origem e implementar um controle biológico, com a utilização de fungicidas.
"Diante de um quadro grave como este no Vale do Paraíba, com riscos reais dessa praga se espalhar para todo País, os extensionistas estão com sérias dificuldades para exercer o papel no campo. Além de estarem sobrecarregados com novas demandas criadas pela secretaria, que antes ficava a cargo da área ambiental do Estado, por causa da pandemia, o Estado limitou o trabalho de campo dos técnicos, que estão tendo que dar orientações a distância, um modelo que não funciona", reclama na nota Abelardo Gonçalves, vice-presidente da Apaer.
Com a nova praga, alguns produtores perderam para a cigarrinha a maior parte da produção de 2020. Além dos prejuízos, agricultores estão preocupados também com o fechamento de 574 Casas da Agricultura. O governo a anunciou a intenção de fechar as unidades e transferir a maior parte das demandas para o atendimento online, mas a Apaer reforça que é preciso cautela para não deixar o agricultor na mão. "Um estudo da própria Secretaria de Agricultura de Abastecimento mostra que apenas 12% dos agricultores do Estado usam internet e só 12% possuem computador. Como vai ser possível oferecer atendimento digital diante desse cenário?", questiona Marchiori.