Em abril, IBGE prevê safra 4,4% inferior à de 2017
A quarta estimativa de 2018 para a safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas totalizou 230,0 milhões de toneladas, 4,4% inferior à de 2017 (240,6 milhões de toneladas), uma redução de 10,6 milhões de toneladas.
A estimativa da área a ser colhida foi de 61,2 milhões de hectares, acréscimo de apenas 28 739 hectares (ou 0,0%) frente à área colhida em 2017. Em relação à estimativa de março (229,3 milhões de toneladas), a produção aumentou 0,3%, ou 712.428 toneladas, e a área caiu 0,1% ou 45.024 hectares. Somados, o arroz, o milho e a soja são 92,9% da estimativa da produção e 87,0% da área a ser colhida.
Em relação a 2017, houve alta de 2,6% na área da soja e reduções de 7,3% na área do milho e de 3,5% na área de arroz. Já a produção de soja deve alcançar seu recorde histórico com 115,6 milhões de toneladas, 0,6% maior que no ano passado, enquanto milho e arroz devem cair 13,0% e 6,8%, respectivamente.
Entre as Grandes Regiões, a produção apresentou a seguinte distribuição: Centro-Oeste (100,9 milhões de toneladas), Sul (77,6 milhões de toneladas), Sudeste (23,1 milhões de toneladas), Nordeste (19,6 milhões de toneladas) e Norte (8,7 milhões de toneladas).
Estimativa de abril em relação a março de 2017
Em abril, destacaram-se as variações nas seguintes estimativas de produção em relação a março: feijão 3ª safra (17,3%), cevada (13,9%), café canephora (7,7%), cacau (7,6%), aveia (7,0%), café arábica (3,4%), sorgo (1,2%), trigo (1,0%), feijão 1ª safra (0,8%), milho 2ª safra (0,4%), feijão 2ª safra (0,3%), arroz (-1,4%), milho 1ª safra (-3,2%) e banana (-3,4%).
ARROZ (em casca) - A estimativa da produção foi de 11,6 milhões de toneladas, retração de 1,4% em relação ao mês anterior. Os dados foram influenciados, principalmente, pelo Rio Grande do Sul, maior produtor do cereal com 70,1% do total nacional, que este mês reduziu sua estimativa de produção em 2,3%, totalizando 8,1 milhões de toneladas. No Tocantins, a estimativa da produção aumentou 5,6% em relação ao mês anterior, com aumento de 2,2% na área plantada e de 3,3% no rendimento médio. Nesse estado, as chuvas têm ajudado as lavouras com aumento dos reservatórios de água para irrigação.
BANANA - A estimativa da produção foi de 7,0 milhões de toneladas, retração de 3,4% em relação a março, com queda de 3,3% na área a ser colhida. No Nordeste, a Bahia reavaliou sua produção, que deve alcançar 912,0 mil toneladas, com queda de 17,4% na produção e de 18,2% na área a ser colhida. Em função da estiagem prolongada, alguns projetos de irrigação, como o de Ponto Novo, deixaram de produzir. São Paulo (-1,6%), Goiás (-14,7%) e Paraná
(-12,9%) também informaram queda na estimativa da produção este mês. Em São Paulo foi a área a ser colhida que recuou 1,9%, com o rendimento médio aumentando 0,4%. No Paraná, houve retração tanto da área plantada e da área a ser colhida (6,2%), como do rendimento médio (7,1%). Já em Goiás, houve retração apenas do rendimento médio (14,7%).
CACAU (em amêndoa) - A produção estimada é de 232,1 mil toneladas, aumento de 7,6% em relação a março. Em abril, a Bahia reavaliou sua estimativa de produção para 103,2 mil toneladas, aumento de 19,4%. O rendimento médio aumentou 33,3%, enquanto a área a ser colhida caiu 10,4%. A reavaliação se deve às expectativas positivas quanto ao clima na região.
CAFÉ (em grão) - A estimativa da produção de café é de 3,3 milhões de toneladas (55,3 milhões de sacas de 60 kg) aumento de 4,4% em relação a março, enquanto o rendimento médio cresceu 4,7%. O clima mais chuvoso tem beneficiando as lavouras nos principais estados produtores. A estimativa da produção do café arábica (2,5 milhões de toneladas, ou 42,1 milhões de sacas) aumentou 3,4%, reflexo do rendimento médio, que cresceu na mesma proporção. São Paulo atualizou seus dados, estimando uma produção de 358,9 mil toneladas (6,0 milhões de sacas), aumento de 32,1%, acompanhando o rendimento médio (alta de 31,3%). Na Bahia, a estimativa da produção caiu 2,8% devido a reavaliação no rendimento. Houve aumento de 27,2% na área plantada de café arábica no estado, sendo incorporados 25,0 mil hectares. Contudo, a maior parte dessas deve começar a produzir somente nos próximos anos. O Rio de Janeiro também informou retração de 6,7% na estimativa de café arábica, graças a redução de 4,4% no rendimento e de 2,2% na área a ser colhida.
Para o café canephora (conillon), a estimativa da produção foi de 789,7 mil toneladas, aumento de 7,7% em relação a março. A área a ser colhida caiu 1,5%, contudo, o rendimento médio aumentou 9,3%. Rondônia, segundo maior produtor, com 146,2 mil toneladas (2,4 milhões de sacas de 60 kg), reavaliou sua produção, estimando aumento de 67,6%, refletindo o rendimento médio (aumento de 79,9%), enquanto a área a ser colhida caiu 6,8%. A cafeicultura do estado vem ganhando em produtividade nos últimos anos, em graças a maiores investimentos em tecnologia. Na Bahia, a estimativa da produção caiu 3,0%, refletindo reduções de 2,2% na área a ser colhida e de 0,8% no rendimento médio.
CEREAIS DE INVERNO (em grão) - A estimativa da produção do trigo é de 5,6 milhões de toneladas, aumento de 1,0% em relação a março. O rendimento médio foi elevado em 0,9% e a área plantada e a área a ser colhida cresceram 0,1%. No Paraná, a estimativa da produção caiu 0,6% graças a queda de 0,6% na área a ser plantada. No Rio Grande do Sul, a estimativa da produção aumentou em 3,4%, em função de melhores expectativas com o clima. Já em São Paulo, a estimativa da produção caiu 5,8%, sendo detectada redução da área a ser colhida com o cereal na mesma proporção. Para a cevada, a estimativa da produção é de 423,9 mil toneladas, aumento de 13,9%. As estimativas de produção aumentaram 14,9% no Paraná e 9,0% no Rio Grande do Sul, principais produtores do cereal. Com relação a aveia, a estimativa da produção é de 752,1 mil toneladas, aumento de 7,0%. As estimativas da produção aumentaram 5,2% no Paraná e 16,2% no Rio Grande do Sul, principais produtores do cereal.
FEIJÃO (em grão) – Comparada ao mês de março, a estimativa para a área plantada de feijão aumentou 0,9% e o rendimento médio, 2,1%, elevando a produção em 3,0%. Ao todo, o país deve colher uma safra de 3,5 milhões de toneladas. A 1ª safra de feijão foi estimada em 1,6 milhão de toneladas, aumento de apenas 0,8% frente a março. Destaque para Bahia, que teve a expectativa de produção reduzida em 11,6%. Essa redução foi devido à área plantada que diminuiu 8,3%, bem como pela redução de 3,6% do rendimento médio. São Paulo, responsável por 12,8% da quantidade produzida nessa 1ª safra, teve um aumento de 20,7% na estimativa da produção, acompanhando aumentos de 18,0% na área plantada e de 2,3% no rendimento médio. Em Santa Catariana e no Rio Grande do Sul, a estimativa da produção do feijão 1ª safra declinou 9,1% e 4,1%, respectivamente, em decorrência da falta de chuvas. A 2ª safra de feijão foi estimada em 1,3 milhão de toneladas, aumento de 0,3% frente a março, acompanhando a área plantada, que subiu 0,5% enquanto o rendimento médio caiu 0,2%. Em abril foram estimados aumentos da produção em Mato Grosso do Sul (23,5%), Rio Grande do Sul (7,1%) e Alagoas (7,3%) e quedas na Bahia (0,9%), Santa Catarina (0,4%) e São Paulo (22,5%). Em relação à 3ª safra de feijão, a estimativa foi de alta de 17,3% na produção em relação a março. Ao todo, o país deve produzir 585,9 mil toneladas nessa safra. São Paulo foi o estado com maior influência nesse resultado, com as estimativas indicando aumento de 94,7% na área plantada, de 28,7% no rendimento médio e de 150,4% na produção. No Distrito Federal foi estimado um declínio de 45,1% na produção, em decorrência das reduções de 41,9% na área plantada e de 5,5% no rendimento médio.
MILHO (em grão) – A estimativa de abril para a produção foi de 86,6 milhões de toneladas, queda de 0,7% em relação a março. Ajustes negativos nas estimativas de produção (3,2%), área plantada (2,9%) e rendimento médio (0,3%) na 1ª safra foram os responsáveis pela diminuição da safra total de milho, visto que aumentos nas estimativas de produção (0,4%), área plantada (0,3%) e rendimento médio (0,2%) foram observados para a 2ª safra. A queda de 860,2 mil toneladas estimada para a 1ª safra foi parcialmente compensada pelo aumento de 250,8 mil toneladas na 2ª safra, resultando na queda de 609,4 mil toneladas na safra de 2018. Na safra verão, os produtores priorizaram o plantio da soja, graças a melhores expectativas de rentabilidade. Reavaliações da produção em São Paulo (-382,9 mil toneladas), Rio Grande do Sul (-353,1 mil toneladas) e Santa Catarina (-206,7 mil toneladas) foram as principais causas para diminuição das estimativas da 1ª safra em abril, em relação às de março. Para a 2ª safra de milho, São Paulo destacou-se com aumento de 775,5 mil toneladas de grãos. Mato Grosso do Sul teve maior queda de produção, com 540,0 mil toneladas.
SOJA (em grão) – A estimativa da produção de soja em abril 2018 alcançou recorde histórico: 115,6 milhões de toneladas. Ela foi 1,0% maior que a estimada em março e 0,6% superior ao recorde anterior, de 2017. Ao todo, foram 1,1 milhão de toneladas a mais que a estimativa de março e 0,6 milhão de toneladas a mais que 2017. No comparativo abril/março, as maiores altas ocorreram em Mato Grosso do Sul (810,0 mil toneladas, 9,1%), São Paulo (480,1 mil toneladas, 16,9%) e Goiás (100,6 mil toneladas, 0,9%), enquanto as maiores reduções foram em Rio Grande do Sul (428,9 mil toneladas, 2,4%) e Paraná (45,3 mil toneladas, 0,2%). A safra recorde pode ser atribuída ao aumento de área, de 2,6%, em relação a 2017, tendo em vista que o rendimento médio de 3.324 kg/ha, em 2018, foi 2,0% menor que o de 2017 (3.392 kg/ha). Embora as chuvas no início do plantio da safra 2018 tenham atrasado, não houve maiores problemas climáticos no Centro-Oeste e no “MATOPIBA” durante o ciclo da leguminosa.
SORGO (em grão) – A estimativa da produção de sorgo é de 2,4 milhões de toneladas, aumento de 1,2% em relação a março. Os dados refletem a reavaliação da produção paulista, que em abril foi de 99,0 mil toneladas (alta de 37,2 mil toneladas), ou 60,2% a mais que em março. A estimativa da produção da Bahia, de 82,4 mil toneladas, caiu 15,3%, acompanhando o rendimento médio que caiu 14,9% em virtude de restrições hídricas. Ao todo, o estado estimou produção de 36,0 mil toneladas. No Distrito Federal, houve declínio de 8,5% na estimativa da produção, com o rendimento médio diminuindo 18,1%.
Estimativa de março em relação à produção de 2017
Dentre os 26 produtos pesquisados, dezoito apresentaram variação positiva na estimativa de produção em relação ao ano anterior, conforme tabela abaixo.
O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) é uma pesquisa mensal de previsão e acompanhamento das safras dos principais produtos agrícolas, com informações das Comissões Municipais (COMEA) e/ou Regionais (COREA); consolidadas pelos Grupos de Coordenação de Estatísticas Agropecuárias (GCEA) e posteriormente, avaliadas pela Comissão Especial de Planejamento Controle e Avaliação das Estatísticas Agropecuárias (CEPAGRO) constituída pelo IBGE e o Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (MAPA).
Os levantamentos para cereais (arroz, milho, aveia, centeio, cevada, sorgo, trigo e triticale), leguminosas (amendoim e feijão) e oleaginosas (caroço de algodão, mamona, soja e girassol) foram realizados em colaboração com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), órgão do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), continuando um processo de harmonização das estimativas oficiais de safra, iniciado em março de 2007.
Confira a projeção da Conab:
>> Safra de grãos volta a nível histórico com produção de 232 milhões de toneladas