No Brasil, preços do milho continuam pressionados frente ao avanço da colheita da safrinha
Em meio ao avanço da colheita da segunda safra de milho, as cotações praticadas no mercado brasileiro continuam pressionadas. Nesta segunda-feira (4), a cotação recuou 12,51% em Avaré (SP), com a saca a R$ 34,19. Em Assis (SP), a saca também terminou o dia a R$ 34,19, mas a queda foi de 10,26%. No Paraná, as praças de Ubiratã, Londrina e Cascavel, o valor caiu 1,47%, com a saca a R$ 33,50. Nas demais praças pesquisadas pela equipe do Notícias Agrícolas o dia foi de estabilidade.
Nos principais estados produtores do cereal na safrinha, os trabalhos nos campos têm ganhado ritmo nos últimos dias. Em Mato Grosso, por exemplo, em torno de 25,78% da área cultivada nesta temporada já foi colhida até o momento, conforme último levantamento realizado pelo Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária). A região mais adiantada é o Médio-Norte, com cerca de 33,74% da área já colhida, seguida da região Nordeste, com 33,23% da colheita concluída.
Já no Paraná, segundo maior produtor do cereal, em torno de 15% da área plantada com o grão neste ciclo já foi colhida. Em Mato Grosso do Sul, a colheita já ultrapassa os 7,1% da área semeada. Para essa temporada, a perspectiva é que sejam colhidas ao redor de 49 milhões de toneladas de milho, segundo projeções oficiais.
"Com o aumento da colheita do cereal no Paraná e no Mato Grosso, os preços médios recuaram, porém, ainda estão entre 50% até 60% acima dos que os valores praticados no mesmo período do ano anterior. E também há influência da queda recentemente registrada nos preços no mercado internacional e também no dólar", ressalta a economista da Faep (Federação de Agricultura do Estado do Paraná), Tânia Moreira.
A economista ainda reforça que o comportamento dos preços do cereal no mercado doméstico irá depender do número final da safrinha. "As produtividades iniciais são razoáveis, mas só conheceremos os números finais à medida que a colheita avançar. Porém, só iremos saber se o preço irá cair ainda mais com os resultados da safrinha e o comportamento do mercado em Chicago. Porque isso também influencia o preço de exportação e, consequentemente, as cotações no mercado interno", pondera Tânia.
Além disso, as exportações de milho do Brasil no segundo semestre também deverão ser observadas de perto. A economista ainda sinaliza que, com a recente acomodação do câmbio em patamar mais baixo acabou comprometendo a competitividade do grão no cenário internacional. Diante desse quadro, a perspectiva já indica uma redução nos embarques de milho nesta temporada. Em sua última estimativa, a Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais) informou que o país deve embarcar 23 milhões de toneladas em 2016.
"Paralelamente, a demanda continua crescente no Brasil e precisaremos acompanhar os números dos estoques no início da próxima temporada. Ainda temos uma situação complicada, os estoques são baixos e não dá para falar que isso acabou. Ainda precisaremos acompanhar uma série de fatores, como o resultado final da safrinha, o comportamento dos preços em Chicago e também as exportações, tudo isso irá direcionar as cotações no mercado brasileiro", acredita Tânia.
Bolsa de Chicago
Enquanto isso, na Bolsa de Chicago (CBOT) não houve sessão nesta segunda-feira (4) devido ao feriado do Dia da Independência. Os negócios deverão ser retomados no pregão desta terça-feira (5). Os boletins que seriam reportados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), de embarques semanais e acompanhamento de safras, serão divulgados amanhã.
Ainda na visão da economista da Faep, o foco dos participantes do mercado segue no comportamento climático no Meio-Oeste dos EUA. "Recentemente, tivemos uma projeção de aumento na área cultivada com o milho no país e também nos estoques trimestrais, o que acabou pesando nos preços no mercado internacional. Ainda assim, permanece uma tensão em relação ao clima e uma possibilidade de clima mais seco", completa.
Até a última semana, em torno de 75% das lavouras do cereal registravam boas ou excelentes condições. Contudo, julho é um mês crucial ao desenvolvimento da cultura, já que as lavouras entram em fase de polinização, uma das mais importantes e de definição para a produtividade das plantas.
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Mercado da Soja
No caso da soja, o dia também foi de ligeira movimentação nos preços praticados no mercado interno brasileiro. De acordo com levantamento da equipe do Notícias Agrícolas, em Itapeva (SP), a saca caiu 4,55% e fechou a segunda-feira (4) a R$ 82,06. Em Assis (SP), o recuo foi de 4,59%, com a saca a R$ 81,09.
Na contramão desse cenário, no Oeste da Bahia, o valor subiu 2,88% e encerrou o dia a R$ 75,67 a saca. Já em Ubiratã e Londrina, ambas no Paraná, o ganho foi de 0,63%, com a saca a R$ 79,50. Em Cascavel (PR), o preço ficou em R$ 79,00, com alta de 0,64%. Em Paranaguá, a saca disponível ficou em R$ 95,00 e em Rio Grande, o valor foi de R$ 93,00 a saca.
"Hoje não tivemos nenhuma novidade, o mercado permaneceu bem parado sem a referência da Bolsa de Chicago (CBOT). O mercado ainda aguarda qual o rumo que o mercado internacional irá tomar e a recente queda do dólar acabou afastando os vendedores", disse o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze.
A oferta escassa ainda continua a dar sustentação aos preços no mercado brasileiro. "E ainda temos cerca de 18% da safra velha para ser negociada e da nova temporada, já temos mais de 35 milhões de toneladas comercializadas antecipadamente", reforça Brandalizze.
Por outro lado, na Bolsa de Chicago (CBOT), os negócios deverão ser retomados nesta terça-feira (5), após o feriado do Dia da Independência comemorado hoje. "Por enquanto, o clima nos EUA continua favorável e não se espera nenhuma mudança por enquanto. Amanhã, o USDA traz os novos números do acompanhamento de safras. Mas o boletim de embarques semanais deve ter um peso e influência maior no andamento dos negócios", explica o consultor de mercado.
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Dólar
A moeda norte-americana fechou a segunda-feira a R$ 3,2649 na venda, com alta de 0,99%. Conforme dados da agência Reuters, o Banco Central atual no mercado e acabou sustentando as cotações pelo segundo pregão consecutivo. Ainda hoje, a sessão foi marcada pelo baixo volume de negócios frente ao feriado nos Estados Unidos.