Arroz: Julho inverte tendência e preços iniciam recuperação; ICMS vai aumentar
O mês de julho encerrou acumulando uma levíssima recuperação nos preços médios do arroz em casca no Rio Grande do Sul, em 0,65%, segundo o indicador de preços ESALQ/Bolsa Brasileira de Mercadorias BM&FBovespa. Os preços encerraram o quinto mês do ano comercial 2015/16 em R$ 33,89, invertendo uma queda que chegou a 0,62% no dia 15 de julho, quando as cotações estavam em R$ 33,50. Pelo câmbio da última sextafeira (31/7), a saca de arroz de 50 quilos (58x10) no Rio Grande do Sul equivalia a US$ 9,92. Os analistas do setor entendem que o agosto, exceto por uma ou outra oscilação normal de acordo com o fluxo de oferta e demanda, ou por um fator externo, será marcado por preços mais firmes, buscando superar os R$ 34,00.
A equivalência em dólar, que pode sofrer interferências da flutuação cambial, praticamente retira integralmente a competitividade dos países do Mercosul para exportarem para o Brasil, especialmente Uruguai e Argentina. O Uruguai avança em um programa de incentivos para buscar competitividade no mercado externo, frente a atual realidade do mercado internacional. O Paraguai ainda consegue fazer alguma frente aos preços, mas sente fortemente a nova realidade de preços do mercado brasileiro, já com a notícia corrente de leve redução de área naquele país para a próxima temporada.
ICMS
Esta situação, no entanto, poderá sofrer influências da crise econômica que levou o governo gaúcho à uma condição de penúria em 2015. Vazaram esta semana informações sobre o “pacotaço tributário” que está sendo gestado pelo governo gaúcho e deve seguir para a Assembleia Legislativa nos próximos dias. E o arroz vai sofrer um duro revés. Fontes ligadas ao governo asseguram que além de suspender a política de crédito presumido que havia sido adotada pela gestão estadual passada, o atual governo elevará em 10% as alíquotas de ICMS. O arroz que seguir para o Sudeste, por exemplo, terá uma elevação de alíquota incidente de 7% para 7,7%. Ao mesmo tempo, as regiões para onde o Rio Grande do Sul envia arroz com incidência de 4% de ICMS, passarão a pagar 4,4%. Até o momento não foi tornado público nenhum movimento setorial de negociação com o governo estadual.
A medida que gerou o crédito presumido foi criada no governo Tarso Genro, por demanda da indústria e apoio do setor produtivo. Nos primeiros meses foi apurado que o mecanismo não gerava perdas de receita e que a coleta de impostos até aumentou. Em 2014 os termos do acordo foram ajustados. A regra só vale para indústrias que comprarem pelo menos 90% da matériaprima no Rio Grande do Sul, o que gerou uma concorrência maior com o arroz importado. Não houve divulgação dos últimos resultados da arrecadação, mas com a suspensão dos efeitos da medida e o aumento dos impostos agora indicados extraoficialmente, sem dúvida a cadeia produtiva será penalizada. Este semana uma decisão judicial também trouxe novidades sobre a relação entre as indústrias e o Estado referentes à carga tributária.
CALOTE
Outra notícia negativa para o setor foi a confirmação, nos últimos dias, de que uma grande empresa de fora do RS que vinha comprando volumes consideráveis nos últimos anos passou a atrasar os pagamentos e seus representantes já não têm sido encontrados. A desculpa é a crise, mas muitos produtores já estão correndo atrás dos pagamentos até por meios judiciais para evitar o calote, pois a informação que se espalhou nas últimas semanas no mercado é de que a empresa encontrase em situação econômica dramática.
EXPORTAÇÃO
O que pode agitar o mercado gaúcho nos próximos dias é o relatório de exportações brasileiras, divulgado mensalmente pelo Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). Fontes ligadas ao setor consideram que os números divulgados em julho, referentes a junho, foram subestimados, considerando que alguns navios ainda estavam aportados carregando arroz. A expectativa é de que parte das cargas de junho não teria sido registrada naquele relatório e apareça agora, referente a junho. Com isso, o carregamento do mês que encerrou poderia aproximarse de 100 mil toneladas e melhorar a performance das vendas externas e da média brasileira de embarques. As importações esperadas são muito baixas, dentro do desempenho de junho. Mas, por ora, tratase apenas de teoria.
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