Produção de grãos deve crescer 29,4% em 10 anos, mas produtos da alimentação básica podem ter redução de área, projeta o Mapa
A projeção para a safra de grãos do Brasil nos próximos 10 anos aponta um acréscimo de 29,4% sobre a atual, que está estimada em 200,7 milhões de toneladas. O país poderá produzir um patamar máximo de até 301,3 milhões de toneladas em 2024/25, e um mínimo de 259,7 milhões de toneladas de acordo com a estimativa do Ministério da Agricultura (Mapa).
Enquanto a produção está prevista para crescer 2,6%, a área deve expandir 1,4% ao ano. Os grãos que terão maior desempenho serão soja e milho, enquanto produtos da cesta básica brasileira, como arroz e feijão terão uma redução de área.
Para o feijão, a taxa de crescimento anual da produção está prevista em 0,2% entre 2014/15 e 2024/25. Isso representa manter, ao final do período das projeções, praticamente a mesma produção atual, que é de 3,4 milhões de toneladas em 2014/15, avalia o ministério.
A área terá uma redução média de 36%, e o país poderá importar até 600 mil toneladas do produto em 2025. No entanto, Marcelo Eduardo Lüders, analista da Correpar, considera que as projeções do Mapa não levam em consideração a produção de variedades de feijão que podem potencializar o consumo interno e abrir novas possibilidades de exportação, como o caupi, vermelho, rajado, entre outros.
Segundo técnicos da Embrapa Arroz e Feijão, a cada ano aumentam as discussões sobre a produção voltada exclusivamente para o mercado interno. Temos hoje algumas variedades de feijão que podem ser utilizadas para exportação. Se essa nova oportunidade se consolidar, a projeção de produção terá de ser ajustada para cima.
Como o feijão, o arroz também compõe a cesta básica dos brasileiros e a maior parte de sua produção ocorre em cinco estados. Rio Grande do Sul, onde predomina o arroz irrigado, concentra 68,1% da produção de 2014/15, Santa Catarina, 8,5%, Mato Grosso, 4,7%, Maranhão, 4,6% e Tocantins com 4,8% da produção nacional.
Para o Mapa, a área de arroz deve cair de 2,3 milhões de hectares em 2014/15 para 1,4 milhão de hectares em 2024/25. O Rio Grande do Sul - que atualmente é o maior produtor brasileiro do grão, responsável por 8.441 mil toneladas - não deve apresentar acréscimo ou até mesmo diminuir a área, porque "o arroz vem sofrendo a concorrência da soja", informou o Ministério em seu boletim.
Essa redução só não é mais acentuada, pois o ganho de 7,2% na produtividade irá garantir 13,3 milhões de toneladas do cereal em 2024. Segundo o Mapa, esse incremento de produção deverá ocorrer especialmente por meio do crescimento do arroz irrigado.
Contudo, para o economista da Farsul (Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul), Antônio da Luz, no Estado "a soja avançou sobre as áreas de pousio (do arroz) e ainda assim não ocupou todo esse espaço. Além disso, o cultivo da soja aumenta a produtividade do arroz e é muito provável que os produtores optem pelas duas culturas".
De acordo com o Mapa, na safra 2024/25 a área de arroz no país deverá sofrer uma redução de 39%, mas ainda assim teríamos um ganho de 7,2% na produtividade, o que exigiria um aumento de 76% de produtividade em 10 anos.