Novas altas fazem frango vivo superar recorde histórico
Pode-se atribuir esse resultado histórico ao fim das férias, à semana de pagamento dos salários, à aproximação do Dia dos Pais e, claro, ao início da entressafra da carne bovina. Mas ainda que todos estejam presentes, o verdadeiro ou principal fator determinante da atual escalada de mercado é o esgotamento da capacidade produtiva do setor ocorrida cerca de 60 ou mais dias atrás.
Após ter retornado, em março, à cotação (então recorde) de R$2,10/kg, o frango viu seu preço recuar continuamente até tornar-se oneroso para o produtor. Com o milho nas alturas, a capacidade de investimento esgotou-se, tornando compulsória a redução.
Infelizmente, porém, não se reduz a produção de um frango da noite para o dia: o processo - que começa com a incubação do ovo, prossegue com o nascimento e a criação do pintinho e termina com o abate do frango - demanda de 63 a 70 dias. Por isso os efeitos da baixa remuneração só começaram a ser sentidos a partir de julho, quando a oferta começou a ficar restrita, mesmo do produto criado especificamente para o mercado independente.
Os fatores mencionados – fim das férias, salário, Dia dos Pais, entressafra da carne bovina – apenas potencializam a menor oferta - que não começou agora e deve perdurar por mais algum tempo. Assim, o frango vivo tende, tanto em São Paulo como em Minas Gerais, encerrar agosto corrente com a melhor média nominal de preços de todos os tempos.
O que não se pode esquecer, entretanto, é que no mesmo espaço de tempo requerido para a redução faz-se o caminho inverso para a expansão. Ou seja: que os resultados do momento sejam encarados com euforia: eles são – apenas e nada mais – o resultado de uma séria crise. Que, se esquecida, irá resultar em nova e ainda pior crise. Porque, especialmente, o período de entressafra da carne é, também, o de entressafra do milho. Ou seja: os custos só tendem a aumentar. Nessas circunstâncias, qualquer vacilo pode ser trágico.