Brasil segue livre de gripe aviária após resultados negativos para 3 casos suspeitos
Por Victor Borges
BRASÍLIA (Reuters) -O Brasil, maior exportador mundial de carne de frango, continua sem nenhum caso de gripe aviária e ampliou as medidas preventivas na fronteira após confirmações da doença nos países vizinhos Argentina e Uruguai, disse nesta quarta-feira o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.
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Segundo ele, o Brasil chegou a registrar três casos suspeitos da doença, mas testes deram resultado negativo.
"É importante dizer que não temos nenhum caso..., nosso status de livre de gripe aviária continua... O caso na fronteira do Uruguai aumenta nossa vigilância", afirmou o ministro a jornalistas em Brasília.
Fávaro ressaltou que o governo federal está intensificando uma campanha contra a gripe aviária e acrescentou que o país possui um bom sistema de prevenção.
"Estamos preparados para enfrentar o que precisar."
Ele comentou que o caso na Argentina, assim como no Uruguai, é em aves silvestres.
"Bolívia já tem (casos) em granjas comerciais, Peru já tem, Equador já tem em criações comerciais. Argentina não, Uruguai não, Chile não e Brasil nem em aves silvestres. Então, por ora, estamos tomando providências preventivas... mas garantindo que, por ora, o Brasil continua com o status livre de influenza aviaria".
PAÍSES VIZINHOS
O secretário de Agricultura da Argentina, Juan José Bahillo, confirmou que foram detectados casos da doença em aves silvestres no país.
Com isso, foi declarado estado de emergência sanitária na Argentina, que também é exportadora de frango.
Em entrevista coletiva, Bahillo destacou que os casos foram detectados na província de Jujuy, no noroeste do país, próximo à fronteira com a Bolívia, onde já haviam sido confirmados casos de gripe aviária.
A Argentina exportou no ano passado 227.120 toneladas de carne de frango, segundo estatísticas oficiais.
Reportagem do jornal Valor Econômico, com base em fontes, havia citado mais cedo uma suspeita na Argentina, assim como o caso no Uruguai.
No Uruguai, foi confirmado também nesta quarta-feira o primeiro caso de gripe aviária, de acordo com autoridades locais.
"Isso não é uma surpresa, era esperado", disse o ministro da Agricultura, Pecuária e Pesca do Uruguai, Fernando Mattos.
"Já tínhamos indícios da presença da doença transmitida por aves migratórias na fauna local, aves locais que, em contato com aves migratórias, estiveram em contato com um vírus altamente patogênico”, disse.
Procurada, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa produtores e exportadores de carne suína e de aves do Brasil, disse que está acompanhando as ações após a confirmação de casos nos países do Mercosul.
"Cabe lembrar que a situação registrada no Uruguai (com aves silvestres) é exemplo de caso que não suspenderia o comércio e exportações de produtos avícolas, conforme recomendações estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA)", apontuou a ABPA mais cedo.
O vírus geralmente é mortal para as aves, e granjas inteiras são abatidas quando até mesmo uma ave dá positivo, o que traz prejuízos para a indústria avícola.
A associação brasileira disse que os protocolos de biosseguridade seguem elevados, em especial na proteção de seus plantéis industriais, "com proibição total de visitas às granjas e unidades produtoras, entre outros cuidados sanitários já adotados pelas agroindústrias, como controle total do fluxo de aves e rações, desinfecção de veículos, trocas de roupas... e outras medidas".
A ABPA afirmou que também está em contato direto com o Ministério da Agricultura do Brasil, "monitorando o quadro junto às nações vizinhas", diante de temor de que o vírus possa chegar ao território nacional.
"Cabe lembrar que o Brasil nunca registrou focos e segue livre da enfermidade em seu território", disse a ABPA.
A Reuters publicou nesta quarta-feira reportagem especial indicando que a gripe aviária atingiu novos cantos do mundo e se tornou endêmica pela primeira vez em algumas aves selvagens que transmitem o vírus a frangos criados em granjas. Os especialistas alertaram que agora é um problema que dura o ano todo, e não apenas algo sazonal.
(Com reportagem adicional de Maximilian Heath em Buenos Aires; Ana Mano, Roberto Samora e Nayara Figueiredo em São Paulo)