Lideranças da suinocultura debatem o crescimento do setor no Brasil e perspectivas para os próximos dez anos

Publicado em 27/10/2022 13:11
Produção nacional deve seguir em ampliação, mas deve se atentar à componentes da formação de preço; mercado externo continua sendo trabalhado para diversificação de destinos

Durante a PorkExpo, foi realizado o debate "Como as empresas enxergam o destino do aumento da produção na próxima década?", unindo lideranças regionais do setor e também dirigentes da agroindústria. O debate foi mediado pelo presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes. Em comum, os participantes destacaram a necessidade de manter a atenção no crescimento da produção de maneira planejada, com estratégia para compra de insumos e embasamento em informações e dados para formação de preços. 

Elias José Zydek, diretor executivo da Frimesa, pontua que existe espaço para um crescimento, mas um crescimento consciente, responsável e organizado. "Houve avanço no consumo interno e temos uma previsão de que isso continue acontecendo, e de que até 2028 a 2030, o Brasil esteja com consumo de 25kg per capita.  Fazendo uma conta de 18 quilos per capita hoje para 25kg, serão 7kg a mais, aproximadamente 1,5 milhão a mais a ser produzido para chegar à meta", disse.

José Roberto Goulart,presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Rio Grande do Sul (Sips), detalhou que é imprescindível que o produtor esteja preparado para as crises. "Quem ficar nesse mercado, tem resiliência e se preparou, vai conseguir ficar". 

Quando se olha para as perspectivas para o mercado externo, Goulart detalha o processo que culminou com a  China sendo o maior comprador de carne suína do Brasil, e traz detalhes de ações que podem ajudar a ampliar as parcerias comerciais com outros países.

"A indústria procurou abertura, foi tirando a vacina contra febre aftosa e foi um trabalho lento e de busca de oportunidade, uma ação que precisa ser apresentada à vários países", conta ele, se referindo aos três aos estados do Sul do país e líderes na produção de suínos que já possuem status sanitário livre de febre aftosa sem vacinação, o que contribui para a aceitação do produto brasileiro em países mais exigentes. 

Ele complementa: "não basta chegar com o projeto. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) uma hora vai ter que dizer que só vai abrir para exportação para os três estados que estão livre da febre aftosa sem vacinação, e não especificamente um. Todos têm que participar do mercado, e aí é cada um convocando comitiva para conhecer as plantas e tentar abrir estes mercados".

Para Iuri Pinheiro Machado, médico veterinário e consultor de mercado da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), a expectativa é que o ano de 2022 termine com números de exportação igual, ou até superior, ao que foi visto no ano passado. O crescimento na produção trimestral é constante. 

"A exportação de carne suína brasileira exportada foi recorde para um mês em agosto neste ano, o que mostra que os embarques melhoraram no trimestre. A China diminuiu em 30% o que importava em relação ao ano passado, mas segue com bons volumes, e vale ressaltar que conseguimos ampliar outros mercados, como Filipinas, Singapura Chile, Vietnã", pontuou Machado. 

No mercado interno, para além da perspectiva do aumento do consumo per capita com ações de promoção da proteína e seus cortes junto ao varejo, Alvimar Jalles, médico veterinário e consultor de mercado da Associação de Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg), pede atenção ao processo por parte do setor produtivo na formação de preços.

Jalles ressaltou em sua fala, que o mercado hoje é feito de "manada", e a intenção é que haja uma visão diferente. "Nós não somos donos da verdade. Nós propomos hipóteses, amamos a ciência, o critério, o método e não temos dificuldade em mudar de ponto de vista", falou. 

"Há muito tempo se discute o mercado com base em opinião, e é preciso se desacostumar com isso. Em Minas Gerais estamos na fase dos comportamentos. Temos um volume de informação muito grande, e o que ajuda a formar o preço é mais o comportamento".

O consultor de mercado da Asemg pontuou este assunto tendo por base a plataforma de dados utilizada pela Asemg e que embasa o debate entre suinocultores e frigoríficos todas as quintas-feiras, quando é realizada a Bolsa de Suínos para comercialização no mercado independente. "Com certeza a suinocultura brasileira tem maturidade para que se abra o modelo de discussão e trazer as informações para a formação de preços".

Por: Letícia Guimarães
Fonte: Notícias Agrícolas

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