Custo em alta contínua interrompe ciclo de preço real decrescente do frango
Não é fato novo. Historicamente, a carne de frango registrou preços reais decrescentes como resultado, sobretudo, da produção continuamente crescente.
Os dados do Procon-SP relativos ao preço pago pelos consumidores no varejo da cidade de São Paulo comprovam isso. Assim, por exemplo, no primeiro semestre de 2018 o preço real (isto é, o valor nominal deflacionado pelo IPCA do IBGE) do frango abatido resfriado ficou, pela média semestral, perto de 15% mais barato que no mesmo semestre de 2011.
Mas por que 2018? Porque, a partir daí, as linhas de tendência então traçadas (em vermelho no gráfico abaixo) sofrem total subversão. Especulação do setor produtivo? Não. Efeito, puro e simples, da elevação dos custos. Que, de 2011 para 2018 aumentaram (dados mensais da Embrapa Suínos e Aves) 62% – média de pouco mais de 7% ao ano – e, nos três anos seguintes, acumularam alta de 81% – média de 22% ao ano.
Neste episódio, menos mal para o frango pois a principal carne concorrente – a bovina – encontra desde então um mercado externo receptivo que lhe garante uma evolução de preços, mesmo internamente, superior à obtida pela carne de frango. Com isto, a competitividade maior do frango prevalece. Mas como estaria a indústria do frango sem o empuxo proporcionado pela carne concorrente?