Preço do frango não aumenta, apenas acompanha (e mal) a evolução do custo
Fechados os resultados de 2021, órgãos econômico e de estatísticas ressaltaram – e a imprensa ecoou amplamente – que, no ano, o frango registrou aumento de preço muito além da anômala inflação. Os dados do IBGE, por exemplo, apontam que, frente a uma inflação anual de 10,06%, o preço do frango inteiro evoluiu quase 20% (19,89%) e dos cortes de frango perto de 30% (29,85%).
Claro, não há como negar essas variações: elas realmente ocorreram. Mas em momento algum representaram ganho para o segmento produtor de frangos que, mesmo obtendo retorno aparentemente elevado em alguns momentos do ano, apenas tentaram acompanhar a evolução dos custos. Na prática (e considerando também os novos custos impostos com o surgimento da pandemia) não conseguiram.
Demonstração objetiva dessa afirmação é obtida comparando-se a evolução dos custos de produção do frango (levantados mensalmente pela Embrapa Suínos e Aves) com a remuneração obtida pelo produtor paulista na venda da ave viva.
Assim, como fica mais claro pelo gráfico abaixo, os ganhos em relação ao custo têm sido mínimos, situando-se em pouco mais de 9% na média dos 11 anos analisados. Porém, esse “ganho” apresentou diferenças significativas no último biênio. Ou seja: entre 2011 e 2019 a margem entre custo de produção e preço recebido foi de 10,5%. Já no biênio 2020/2021 esse índice caiu para menos de 3%.
Conclusão: se mantivesse a média anterior, o preço do frango nos últimos dois anos teria sido ainda maior. Não foi porque o setor produtivo absorveu parte do aumento de custos, submetendo-se, assim, a significativos prejuízos.