Impactos do atual cenário no varejo alimentício e as oportunidades para as proteínas

Publicado em 29/03/2021 16:34

É fundamental para qualquer segmento produtivo estar em consonância com o setor varejista, que é a ponte que leva o produto até o consumidor. A ABCS por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (FNDS), é uma associação que trabalha fortemente esse vínculo, mantendo um contato próximo com as maiores redes de varejo do Brasil, unindo assim a cadeia suinícola aos anseios dos consumidores através de ações estratégicas, como a Semana Nacional da Carne Suína (SNCS), que ocorre anualmente.  Por isso conseguiu acompanhar de perto os grandes impactos que o setor sofreu e as mudanças que implementou para se adaptar ao atual momento. O movimento do comércio online foi uma delas, o e-commerce foi uma revolução iniciada no início da pandemia de Covid-19 ainda em 2020, que segue fortalecido.

Segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), o aumento de vendas no comércio eletrônico foi de 68% no ano passado. Por outro lado, o mercado sofreu grandes perdas e continua abalado, isso se reflete na queda do índice de confiança do consumidor e do comércio, que registrou em março de 2021 os piores índices desde maio de 2020. O mês de março deste ano tem sido marcado pela retomada de medidas restritivas e o crescimento nos números referentes ao novo coronavírus no Brasil, piorando a percepção dos consumidores em relação ao momento e reduzindo as expectativas para o futuro próximo. Neste cenário os consumidores acabam projetando uma situação difícil para as finanças familiares nos próximos meses, aumentando assim a cautela na hora de comprar. 

Soma-se a isso, ao aumento da cesta básica que ficou 25% mais cara segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e tem-se uma análise completa do clima atual, permeado por incertezas econômicas que alimentam uma antiga tendência de consumo: a busca por menores preços, a migração para marcas mais baratas, embalagens mais acessíveis e produtos de marca própria. Esse movimento que se acentuou com o fim do auxílio emergencial acabou impulsionando as compras no varejo e atacarejo (hoje o atacarejo é responsável por 36% das vendas de alimentos no país). Segundo a Nielsen em fevereiro deste ano, as vendas no atacarejo cresceram em 26% em relação ao ano anterior, e a Abras aponta um aumento de 12% nas vendas no varejo alimentício em janeiro de 2021. Um levantamento da consultoria Bain & Company, feito com dois mil brasileiros em julho de 2021, mostrou que 25% deles estavam migrando para produtos mais baratos e aproximadamente 18% afirmaram ter comprado tamanhos mais econômicos. 

Por outro lado, a volta do auxílio emergencial pago pelo governo federal deve beneficiar mais de 45 milhões de pessoas, além disso um terço dos estados e 8 das 26 capitais do país também anunciaram programas de transferência de renda que juntos devem ultrapassar a injeção de R$ 44 bilhões de reais. A expectativa é que esse dinheiro extra seja investido em alimentação, assim como no ano passado, quando o auxílio aumentou em 8% na compra de alimentos pelas famílias da classe D e E, segundo a consultoria Kantar. Além disso, a maior permanência das pessoas em casa em função do isolamento social e as restrições do food service devem continuar impactando as vendas no varejo. No ano passado, esse cenário beneficiou significativamente o varejo alimentício. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), a indústria brasileira de alimentos e bebidas registrou crescimento de 12,8% em faturamento no ano de 2020, em relação a 2019, atingindo R$ 789,2 bilhões, somando exportações e vendas para o mercado interno.  

Toda essa situação impacta diretamente a cadeia da suinocultura. O presidente da ABCS, Marcelo Lopes, explica que o aumento do número de vendas no varejo, significa aumento de consumo e aumento de vendas para os frigoríficos e produtores. “Significa também que o nosso produto ganha não apenas em vendas, mas em competitividade e preferência. Já vimos de acordo com dados anteriores que o consumo de carne suína per capita cresceu e já chega a quase 17% e que as vendas da proteína no varejo subiram em 80%. Está claro que apesar das adversidades soubemos aproveitar o cenário do mercado interno e externo desde o ano passado quando também batemos recorde de exportação. O momento se mostra difícil por inúmeros fatores, mas temos também que continuar trabalhando para identificar e aproveitar oportunidades.” 

Fonte: ABCS

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Preço pago por tonelada da carne de frango exportada na terceira semana de abril segue 'patinando' Preço pago por tonelada da carne de frango exportada na terceira semana de abril segue 'patinando'
Faturamento com exportações de carne suína em 13 dias úteis chega a 83,94% do total de abril/24
Primeiro trimestre registra 13% de crescimento nas exportações da avicultura gaúcha
Cenário para avicultura de corte e suinocultura devem seguir favoráveis, apesar de custos mais altos com milho
Estabilidade predomina no encerramento desta quinta-feira (17) para o mercado do frango
Preços no mercado de suínos se sustentam ou registram leves ganhos nesta quinta-feira (17)