Fiscais do Trabalho interditam unidade da JBS em Ipumirim (SC) por falta de medidas preventivas ao coronavírus

Publicado em 18/05/2020 16:45 e atualizado em 18/05/2020 17:22
Segundo Ministério Público do Trabalho de Santa Catarina, a unidade conta com 86 casos confirmados da Covid-19 entre os 1500 funcionários da planta processadora de aves

A unidade de aves da Seara Alimentos, ligada à JBS de Ipumirim, em Santa Catarina, foi interditada totalmente nesta segunda-feira (18) após fiscalização da Subsecretaria de Inspeção do Trabalho. De acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT) de Santa Catarina, entre as irregularidades encontradas durante a vistoria, os fiscais notaram a ausência de distanciamento entre os funcionários na linha de produção e falta de medidas de controle e vigilância para evitar a contaminação por coronavírus entre funcionários. 

Um inquérito civil para apurar as irregularidades no frigorífico de Ipumirim está em andamento na Procuradoria do Trabalho no Município de Joaçaba (PTM). Os procuradores responsáveis pela investigação, juntamente com o Projeto Nacional dos Frigoríficos, estão avaliando quais medidas serão tomadas a partir do fechamento da unidade, segundo nota do MPT.

O MPT informou, por meio de nota, que a unidade, que tem cerca de 1500 funcionários, já registra 86 casos de Covid-19 confirmados entre os trabalhadores, o que significa 14% dos contaminados em toda a Macrorregião Oeste e Serra, e quase 2% de todos os casos do Estado de Santa Catarina.

Durante a fiscalização, os auditores da Subsecretaria observaram algomeração em vários setores de produção, entre eles sala de corte e setor de evisceração. O distanciamento entre os empregados no local em muitas situações seria de menos de 50 centímetros entre cada pessoa.

Os fiscais ainda relataram haver funcionários com sintomas gripais que não haviam sido afastados das funções, e até mesmo colaboradores que testaram positivo para Covid-19 recebendo medicação para tratar a doença, mas permanecendo na atividade. 

Também não haviam sido afastados do trabalho mais de 40 colaboradores que fazem parte de grupos de risco em função de doenças crônicas, sendo que um deles, de acordo com nota do MPT, ficou 10 dias internado em uma unidade de terapia intensiva, após ter sido contaminado. 

O termo de interdição do frigorífico é uma medida administrativa e cautelar e a empresa pode recorrer à Superintendência Regional do Trabalho, mas a ação não gera efeito suspensivo. A JBS ainda pode buscar recursos na esfera judicial, no entanto a unidade permanecerá interditada até que haja comprovação das medidas exigidas pela auditoria-fiscal do Trabalho.

 

O QUE DIZ A JBS


"A JBS tem como objetivo prioritário a saúde dos seus colaboradores e adota um rígido protocolo de prevenção contra a Covid-19 em suas unidades. Essas medidas seguem as orientações dos órgãos de saúde e do Hospital Albert Einstein, além de especialistas médicos contratados pela empresa para apoiar na implantação de um protocolo robusto e necessário para proteção dos seus colaboradores. 

Mediante os protocolos e medidas de prevenção já implantadas, a JBS reitera que suas operações seguem os mais elevados padrões de segurança para o setor frigorífico e refuta qualquer orientação em contrário bem como as medidas injustificáveis para suspensão das suas atividades, razão pela qual a empresa irá tomar as medidas judiciais cabíveis para retomada das suas operações em Ipumirim. 

São 25 anos de história dessa unidade com a comunidade de Ipumirim e, somente nessa fábrica, a empresa emprega mais de 1400 pessoas. Diariamente, a unidade de Ipumirim processa 135 mil aves. Com a suspensão dessa operação, é inevitável que a cadeia de produção, incluindo os 240 produtores rurais da região, também tenha que suspender suas atividades, o que poderá trazer graves consequências no âmbito social, econômico, sanitário e de abastecimento à população. A interrupção das atividades na cidade promove um clima de instabilidade perante todos os colaboradores e comunidade que, de forma direta e indireta, se relaciona e depende do funcionamento da unidade.

Lamentamos profundamente toda essa insegurança e que não reflete a realidade das operações e das medidas implementadas na unidade em Ipumirim. Nossos esforços se somam ao enorme orgulho e confiança em tudo que fazemos e da relevância do nosso trabalho para levar o alimento às famílias do mundo inteiro, especialmente nesse momento tão delicado na vida de todos e em que o alimento é tão fundamental."
 

 

Por: Letícia Guimarães
Fonte: Notícias Agrícolas

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