Produção de frango no país pode cair por perda no poder de compra do avicultor, diz especialista

Publicado em 27/04/2020 13:29
Problemas no setor nos Estados Unidos estaria fazendo com que avicultores americanos descartassem aves devido à fechamentos nas agroindústrias por contaminações de coronavírus entre funcionários

De acordo com informações do site Zero Hedge, divulgadas no domingo (26), fazendas americanas estariam abatendo milhões de aves em meio à escassez de funcionários relacionados nas plantas de processamento devido à contaminações por coronavírus entre os trabalhadores. Questionado sobre os impactos desta situação na avicultura brasileira, Osler Desouzart, da OD Consulting, afirma que o que pode diminuir a produção brasileira é a redução do poder de compra do avicultor. 

"Na minha opinião, tem havido um grande exagero sobre a situação nos Estados Unidos, e todo mundo acha que a infelicidade do outro, vai ser a felicidade no Brasil, mas isso é uma visão errada", disse.

Segundo Desouzart, a questão no Brasil se deve à queda na demanda interna, que tem puxado os preços das proteínas animais para baixo, à desvalorização do real, que torna mais atrativa a venda de soja e milho para o exterior, consequentemente reduzindo o poder de compra do produtor. 

"Isso inevitavelmente vai reduzir a produção brasileira. Isso nós vimos em 2012, com gente saindo da atividade, não tinha dinheiro para comprar ração, e agora ou ele sai da atividade ou reduz os planteis, ou aumenta os ciclos de criação". 

O especialista afirma que a maior parte da produção de frango, em torno de 70%, fica no mercado interno, e com o fechamento de escolas, rede hoteleira e cadeias de foodservice, a demanda caiu abruptamente. 

"O mercado doméstico brasileiro está frágil. É um país que tem 41% do PIB relacionado à economia informal. As pessoas na informalidade estão perdendo seus empregos, e vão ter menos dinheiro no bolso para comprar".

Para Desouzart, o Brasil tem um risco maior de redução de produção de aves do que os Estados Unidos. "Pode ser que uma ou duas granjas nos Estados Unidos tenham tomando essa medida de eliminar as aves. Mas aqui no Brasil, muitos ovos galados já não estão sendo incubados, leitões que nascem mais fracos são deixados para morrer, e esse somatório de fatores vai continuar a acontecer", disse.

Por: Letícia Guimarães
Fonte: Notícias Agrícolas

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