Agroindústria de frango mantém família rural no campo
O frango caipira vem ganhando espaço na mesa do brasileiro. Isso significa oportunidade para o agricultor. Com a ajuda de políticas públicas uma família de Camboriú, no Litoral Norte do estado, encontrou na produção de frango caipira uma forma de permanecer no meio rural.
A família de Clênio da Silva tem história no campo. Filho de agricultor, ele seguiu os passos do pai criando galinhas caipiras para a família. A produção era pequena e algumas aves eram vendidas para a vizinhança. Sentindo que a procura por um alimento diferenciado vinha crescendo, Clênio decidiu se profissionalizar.
A Epagri, juntamente com outras instituições, foi buscar meios de colocar o produto da família dentro do mercado formal. Hoje, a propriedade conta com uma unidade apropriada para o abate de frangos. Em uma estrutura feita de contêineres, a área suja, onde o animal é recebido e preparado para iniciar o abate, é separada dos demais processos de beneficiamento para que o produto seja seguro ao consumidor.
O extensionista da Epagri Oderlei Anschau explica outra característica da unidade de produção: “Outro ponto interessante da propriedade do Seu Clênio é que ele trabalha com o ciclo completo de produção dos frangos. Desde a recria dessas aves, passando pelo processo de produção de ração, até a compostagem dos resíduos do abatedouro. Essa compostagem, que está licenciada junto ao órgão ambiental, ainda lhe dá um subproduto que é comercializado como adubo”.
A relevância das Políticas Públicas para a agricultura familiar
As políticas públicas como o Fundo de Desenvolvimento Rural (FDR) ou o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) tiveram grande contribuição para a realização do projeto da família. São elas que dão um aporte financeiro inicial que é a parte mais difícil pra um agricultor começar o seu negócio. “Essas ferramentas, através de prazos maiores e juros menores, conseguem fazer com que esse produtor tenha fôlego financeiro no início do seu projeto. Com isso ele consegue acessar o mercado, conhecer seus consumidores e quitar seus investimentos. Esse aporte financeiro é essencial para que o empreendimento inicie de maneira correta e segura” – explica Henrique Rett, engenheiro de alimentos da Epagri.
Os dados da Associação de Avicultura Alternativa mostram que o mercado de frango caipira vem crescendo 15% ao ano e são abatidos cerca de 5 milhões de aves por mês, no país todo. Os consumidores exigem um produto diferenciado, no caso do frango caipira, ele tem textura e sabor diferentes. Mas esse produto não pode ter menos qualidade que qualquer outro alimento vendido no mercado.
Hoje, a propriedade de Clênio, de 1,3 hectares, gera emprego para 3 famílias. “A gente trabalha praticamente em família. Sou eu, a esposa, um filho, a nora e ainda contamos com mais um funcionário. Eu acho que trabalhar legalizado é você poder trabalhar com a consciência tranquila, a gente quer trabalhar dentro do que a lei manda” – conta Clênio.
Na propriedade, são abatidas 250 aves por semana. Além de querer dobrar essa produção, o agricultor planeja inserir outros produtos no mercado. “A Epagri está dando assistência para a legalização da produção do ovo caipira e do mel. A gente vai construir um outro projeto para que possamos legalizar essas outras atividades também”.