Mais agudas que o normal, quedas de preço do frango abatido sofrem ajuste natural
Ainda que venha apresentando o mesmo comportamento de inúmeros janeiros anteriores, o frango abatido jamais registrou queda de preços tão abrupta como a atual. Pois, decorridos os primeiros quinze dias de negócios de 2020 (ou seja: até ontem, 22 de janeiro), os valores praticados no Grande Atacado da cidade de São Paulo recuaram cerca de 14% em relação ao início do corrente exercício. No ano passado, em idêntico período, a queda não passou dos 8%.
Porém, mesmo que tal desempenho seja preocupante (sobretudo por colidir com todas as expectativas levantadas ao final de 2019), deve, também, ser considerado como um ajuste natural de mercado.
Explicando, o frango abatido entrou em 2020 com as mesmas médias de preço alcançadas e mantidas desde meados de novembro de 2019, as melhores de todos os tempos. E que, por sua vez, apresentavam um índice de valorização irreal – ainda que a demanda externa das carnes servisse de justificativa para os preços então alcançados.
Note-se, a propósito, que em 2019 o frango abatido registrou preço médio de R$4,25/kg. Mas nos 10 primeiros meses do ano essa média havia ficado em R$4,12/kg. Ou seja: o ganho maior deveu-se apenas ao desempenho (excepcional, mas também irreal) do último bimestre. Que chegou a propiciar, em alguns momentos, ganhos mais de 20% superiores à média dos 10 meses anteriores.
Finda a festa e só restando as dívidas, era previsível que tudo voltasse à rotina de sempre. Mas como os valores iniciais se encontravam substancialmente artificializados, as quedas registradas estão sendo mais agudas. O que não impede de concordar que – frente à forte deterioração das condições de produção – elas vêm sendo bem mais graves que o esperado ou o desejado.
No momento, por exemplo, o preço do frango abatido se encontra visivelmente aquém do que foi registrado em parte de abril e maio do ano passado, ocasião em que foram obtidos os melhores preços dos 10 primeiros meses do ano. Enquanto isso, o principal insumo do setor, o milho, alcança valor mais de 35% superior ao do citado bimestre de 2019. As preocupações, portanto, são plenamente justificáveis.