Pedido de recuperação judicial da Seara Agroindustrial afeta norte-americana CHS
Por Marcelo Teixeira e Tatiana Bautzer
São Paulo (Reuters) - A CHS Inc, maior cooperativa agrícola dos Estados Unidos, está entre os maiores credores da operadora brasileira de commodities Seara Agroindustrial, que pediu recuperação judicial na última semana, disseram duas fontes com conhecimento direto do tema à Reuters nesta sexta-feira.
A CHS confirmou ser um dos credores da Seara, mas não quis dar mais detalhes.
As duas fontes, que pediram anonimato já que os números exatos não são públicos, estimaram os créditos da CHS com a Seara Agroindustrial --que não tem nenhuma relação com a Seara unidade de alimentos processados da brasileira JBS-- em cerca de 200 milhões de dólares.
A Seara Agroindustrial pediu recuperação judicial na última semana para reestruturar 2,1 bilhões de reais em dívidas.
A Seara Agroindustrial gerencia fazendas, fornece transporte ferroviário e rodoviário para grãos e negocia soja e milho produzidos por produtores ou entregue por cooperativas em quatro Estados brasileiros.
A companhia está sediada em Sertanópolis, município que fica perto de Londrina, a segunda maior cidade do Paraná, uma das potências agrícolas do Brasil.
A CHS disse em nota à Reuters que "manteve uma operação de originação de grãos com a Seara por diversos anos", mas foi surpreendida pela decisão da companhia de pedir proteção judicial contra credores.
"A CHS Brasil e a CHS Inc estão ativamente gerenciando a situação para entender e responder a qualquer possível impacto ao nosso negócio e aos nossos funcionários", disse a empresa.
A CHS disse que espera que "embarques de produtos cheguem conforme o planejado, sem interrupção, e que ficará em contato com clientes com relação a pedidos e embarques de produtos", acrescentou.
Operadores internacionais de grãos no Brasil geralmente mantém relações comerciais com companhias regionais de commodities com o objetivo de originar volumes de grãos destinados para mercados de exportação.
Em nota na última semana, quando pediu recuperação judicial, a Seara disse que a crise econômica do Brasil, em especial os apertados mercados de crédito, havia minado acentuadamente sua habilidade de manter as operações.