Suíno Vivo: Com demanda fraca, semana encerra com movimentos distintos nas principais praças
Nesta sexta-feira (23), o mercado de suíno vivo encerra semana com movimentações distintas nas principais praças de comercialização. Algumas regiões registram leve reação, enquanto a grande parte trabalha com preços firmes. Nas exportações, o cenário é de ritmo positivo para o período.
Nos últimos dias, o mercado têm demostrado sinais de enfraquecimento no lado da demanda. O analista da Safras & Mercado, Allan Maia, explica que o cenário é esperado pelo período do mês de menor consumo. “Os frigoríficos relataram dificuldades tanto para a venda como para o escoamento dos estoques existentes”, comenta.
A expectativa é de que com as atuais perspectivas nos custos de produção e também pelo período do ano – em que historicamente as vendas da carne aceleram para as festas de final de ano–, novos reajustes podem acontecer. “O produtor vem tentando administrar essa equação, mas os prejuízos continuam já que o custo de produção supera o valor final de venda ao produtor. Em São Paulo, por exemplo, o custo gira ao redor de R$ 4,30 o quilo”, destaca.
Por outro lado, apesar de as expectativas de altas, os preços nas principais regiões não tem apresentado recuperação. Segundo o boletim semanal do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), a demanda enfraquecida tem impedido a reação de preços nas principais praças de comercialização.
“Neste ano, porém, conforme pesquisadores do Cepea, a demanda interna enfraquecida tem impedido valorizações significativas, mesmo em um contexto de menor oferta”, explicam o boletim do Centro.
Preços
O levantamento semanal de preços realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Lopes, aponta que a maior valorização ocorreu em São Paulo, com alta de 1,20%. A bolsa de suínos definiu negócios entre R$ 77 a R$ 79/@ – equivalente a R$ 4,10 e R$ 4,21/kg. No decorrer da última semana, a APCS (Associação Paulista de Criadores de Suínos) chegou a registrar vendas acima do valor de referência em algumas regiões do estado, o que levou a leve recuperação na atual cotação.
No Rio Grande do Sul, a alta foi de 0,51%, o que representa apenas R$ 0,02 na referência do estado. Segundo a pesquisa semanal realizada pela ACSURS (Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul), a cotação fechou em R$ 3,92/kg para os independentes. Para o presidente da ACSURS (Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul), Valdecir Folador, nos próximos três meses deve haver uma melhora, porém os custos de produção ainda são principal preocupação.
“Se compararmos o preço do suíno vivo com o mesmo período do ano passado, nós temos preços melhores ou iguais, o problema está no alto custo de produção devido ao valor do milho. Acredito que os preços devem recuperar mais um pouco nos próximos meses”, aponta Folador em nota divulgada pela APCS (Associação Paulista dos Criadores de Suínos).
Já no Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul o cenário ainda é de baixas para a semana, com recuos de 0,26%, 2,11% e 0,62% respectivamente. Em Santa Catarina, os preços fecharam estáveis em R$ 3,80/kg.
O presidente da ACCS (Associação Catarinense de Criadores de Suínos), Losivânio de Lorenzi, explica que as perspectivas de recuperação para a praça estão distantes, visto que os atuais patamares de preços estão abaixo dos custos de produção.
“Muitos estão deixando a atividade por não enxergarem um horizonte promissor. Isso preocupa muito o setor, principalmente em Santa Catarina, que é o maior produtor e exortador da proteína. Temos dificuldades em formar sucessores na atividade por conta dessa instabilidade financeira e a falta de políticas públicas para o meio rural”, desabafa o presidente.
Exportações
Para os embarques de carne suína in natura, os resultados de setembro seguem registrados dados positivos, segundo aponta informações divulgadas pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) na segunda-feira. Até a terceira semana, com 11 dias úteis, foram embarcadas 35,4 mil toneladas.
Com média diária de 3,2 mil toneladas, os números representam crescimento de 28,7% na comparação com o volume por dia registrado em agosto e aumento de 49,8 em relação ao mesmo período de 2015. Em receita, os dados somam US$ 80,6 milhões.
A ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) aponta que os embarques cresceram 30,7% em agosto na comparação com 2015, totalizando 65,5 mil toneladas. Com isso, no acumulado do ano a alta é de 40,5%, com 478,9 mil toneladas exportadas.
“O setor vem mantendo bom ritmo de crescimento em volume e receita. Este desempenho favorável em diversos mercados tem contribuído para equilibrar a oferta interna de produtos”, analisa Francisco Turra, presidente-executivo da ABPA.