Suíno Vivo: Semana encerra com cotações em alta, mas custos de produção preocupam
Nesta sexta-feira (17), os preços para o suíno vivo fecharam estáveis nas principais praças de comercialização. Apesar disto, a semana foi de alta nas cotações na maioria das regiões, dando seguimento ao movimento de recuperação de preços que acontece desde o início do mês.
O analista da Safras & Mercados, Allan Maia, aponta que a perspectiva é de que as altas continuem, considerando os elevados custos de produção. “Somente nas últimas semanas é que houve um movimento de alta consolidado. Houve grande dificuldade no repasse dos custos no primeiro quadrimestre do ano, o que acarretou em grandes prejuízos ao setor”, completa o analista.
O boletim do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) desta semana também aponta para a continuidade do movimento de alta, imprescindível para o setor. Os números positivos de exportação, enxugamento da oferta interna e a demanda aquecida têm feito com que os preços reajam positivamente.
“Além disso, os elevados patamares dos insumos (como milho e farelo de soja), a recente diminuição na oferta de animais para abate e a reação da demanda interna (fortalecida pelo frio) também influenciam as altas”, explica o Centro.
O levantamento de preços realizado pelo Notícias Agrícolas, aponta que Mato Grosso foi a região que apresentou maior alta na semana. A praça teve acréscimo de 11,45%, levando as cotações para R$ 3,31/kg.
Em Minas Gerais, a referência é de R$ 4,60 pelo quilo do vivo – o que representa um acréscimo 4,55%. Segundo informações da ASEMG (Associação dos Suinocultores de Minas Gerais) produtores esperam que o mercado continue reagindo e que a tendência é de que a comercialização siga firme, apesar do período da chegada da segunda quinzena do mês.
No Rio Grande do Sul, o cenário também foi de alta na semana, que subiu 1,88%. A pesquisa semanal divulgada pela ACSURS (Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul) aponta que a média paga aos produtores independentes ficou em R$ 3,79/kg, enquanto que o valor anterior era de R$ 3,72/kg. Já o preço médio aos suinocultores integrados ficou em R$ 2,85/kg.
Na praça paulista, a bolsa de suínos segue com negócios entre R$ 80 a R$ 82/@, respectivamente R$ 4,27 a R$ 4,37/kg. A APCS (Associação Paulista dos Criadores de Suínos) explica que há negócios sendo registrados abaixo deste valor. Com isso, a situação com os custos de produção se agrava, visto que em média está em R$ 87/@.
Para o presidente da APCS, Valdomiro Ferreira, suinocultores devem procurar reduzir custos nas granjas. “É necessário reduzir a produção de proteína animal e diminuir drasticamente o consumo de milho e farelo de soja. Só assim, iremos escapar desta especulação doentia e danosa ao segmento de suínos e aves”, explica.
Custos de Produção
Assim como esperado pelo mercado, o levantamento da Embrapa Suínos e Aves apontou que novas altas foram registradas nos custos de produção em maio. O ICPSuíno/Embrapa registrou 236,30 pontos, com alta de 5,38% em relação a abril e aumento de 32,35% na comparação anual.
O analista da área socioeconômica da Embrapa, Ari Jarbas Sandi, explica que o incremento está diretamente ligado ao aumento nos preços de milho e farelo de soja, principais insumos utilizados na fabricação de ração para frangos e suínos.
Diante deste cenário, a Sindirações (Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal) aponta que houve uma redução na produção de proteína animal, o que levou a revisão do crescimento do setor de rações – que havia projetado crescimento de 3%.
"Há muita dificuldade em repassar os custos ao preço final do produto, porque o consumidor brasileiro está descapitalizado", destaca o presidente do sindicato, Ariovaldo Zani, explicou em entrevista ao Notícias Agrícolas.
Além disto, problemas climáticos têm causado prejuízos à produção de grãos. Com isso, o presidente defende que deve haver um planejamento adequado ao setor de proteína animal. “Temos encontrar um ponto de equilíbrio para não tenhamos que conviver com esse ciclo de alta e baixa entre agricultura e pecuária", analisa.
Em entrevista ao Notícias Agrícolas, o presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), Francisco Turra, explica que o cenário é preocupante, pois além dos altos preços praticados para o milho, ainda há o grande problema na escassez da oferta do cereal.
Porém, o presidente acredita que o avanço da colheita da safrinha – mesmo com problemas de quebra da safra – deve trazer melhora significativa para o cenário. Ainda aponta que o setor precisa começar a antecipar compras e evitar um novo colapso.
» Assista a entrevista com o presidente da Sindirações, Ariovaldo Zani
» Confira a entrevista na íntegra com o presidente da ABPA, Francisco Turra
IBGE
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) também divulgou os números de abates do primeiro trimestre do ano para os suínos. Foram abatidos 883,55 mil cabeças no período, registrando uma ligeira queda em relação aos últimos três meses de 2015 – de 1,5%.
Por outro lado, há um aumento expressivo na comparação anual, com uma diferença positiva de 9,6%. Santa Catarina segue como o estado com maior número de abates, seguido por Rio Grande do Sul e Paraná.
Exportações
Já as exportações seguem avançando e em crescimento. Segundo dados divulgados pela ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), os embarques de carne suína (considerando os produtos in natura, embutidos e outros processados) cresceram 40% apenas em maio. O total é de 65,036 mil toneladas.
“Os custos de produção foram repassados de forma mais significativa em maio, com preços médios quase US$ 150 dólares superiores aos praticados em abril. Neste contexto, com a retração do consumo interno, os embarques têm dado um alívio para as empresas com a elevação do preço do milho e da soja. Ainda assim, o setor está em estado de atenção frente ao cenário de desabastecimento e alta de custos”, destaca Francisco Turra, presidente-executivo da ABPA.