Frango Vivo: Demanda fraca e excesso de oferta, faz preço recuar 1,96% em Minas Gerais

Publicado em 20/05/2016 18:00

O mercado do frango vivo voltou a exibir fraqueza nesta semana, sendo registrada queda de 1,96% em Minas Gerais. Em três dias de negócio o preço caiu R$ 0,05/kg, voltou a recuperar, e recuou novamente nesta quinta-feira (19).

Assim, a referência da semana encerrou em R$ 2,50 o quilo do animal vivo, o mesmo patamar observado em São Paulo, há mais de três semanas. Seguido do Rio Grande do Sul que registra R$ 2,45/kg e de Paraná e Santa Catarina, que tem o menor valor, R$ 2,46/kg, segundo levantamento realizado pelo Notícias Agrícolas.

De acordo com a diretora executiva da AVIMIG (Associação dos Avicultores de Minas Gerais) Marília Marta Ferreira, a variação de preço no curto espaço de tempo "reflete um mercado frágil que reage às movimentações diárias de demanda", explica.

No curto e médio prazo a tendência para os preços é de estabilidade para baixo. Segundo a diretora, a oferta segue superior a demanda e a orientação dos representantes de classe é para que os avicultores reduzam o alojamento de pintos nos próximos meses.

Como se viu, o primeiro trimestre do ano foi encerrado com uma produção de pintos de corte 6,5% maior que a de idêntico período de 2015. Assim, com base nos dados divulgados pela APINCO (Associação Brasileira dos Produtores de Pintos de Corte) no primeiro semestre de 2016 o país deve produzir um total de 6,951 milhões de toneladas - 5,06% superior ao volume do igual período de 2015 (6,595 milhões de toneladas).

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"A expectativa de produtores consultados pelo Cepea era de que os altos preços da carne bovina e a redução do poder de compra de consumidores pudessem impulsionar as vendas da carcaça de frango. O que, por sua vez, elevaria a demanda por animais para abate. No entanto, a oferta segue superando a demanda, frustrando a expectativa desses agentes", destacou a analise do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

Refletindo a dificuldade no consumo, nesta semana uma unidade frigorifica do noroeste do Paraná informou que fechará as portas a partir de 1º de junho, deixando mais de 1,5 mil pessoas desempregadas.

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Em nota, a empresa culpou a crise econômica, instabilidade política e os altos preços dos insumos pelo fechamento.

O documento enfatiza em um parágrafo que “a situação não é exclusividade da Averama Alimentos". Mas, o presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins, afirma que essa é uma situação pontual.

“O setor passa por um momento de turbulência, principalmente por causa do milho e da soja que subiram demasiadamente. Isso fez capital de giro se exaurir e o país está em uma recessão violenta”, confirma Martins. “Mas a situação deles é pontual, não significa que vai ser refletir em outros estabelecimentos. A empresa já vem há algum tempo com problema”, enfatizou o presidente em entrevista ao site Gazeta do Povo.

Custos

O milho - principal componente da ração - quase que dobrou de preço em algumas regiões. Desde então os custos de produção nas granjas só aumenta.

O relatório divulgado pela CIAS (Central de Inteligência de Aves e Suínos da Embrapa) apontou que o custo de produção do frango vivo voltou a subir em abril depois de registrarem queda no mês de março.

O ICPFrango/Embrapa alcançou os 221,54 pontos em março. A alta foi puxada pelos gastos crescentes com nutrição (3,84%), transporte (0,05%) e instalações e equipamentos (0,03%). Nos quatro primeiros meses deste ano, o índice acumula 10,35% e chega a 24,70% nos últimos 12 meses.

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Segundo levantamento da Scot Consultoria, a relação de troca do avicultor paulista frente ao milho ainda preocupa. Atualmente, em São Paulo, é possível comprar 2,98 quilos de milho grão com o valor de um quilo de frango.  “Esta é a pior relação de troca observada em 2016”, afirmam.

Para amenizar o abastecimento, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) informou nesta quinta-feira que vai contratar serviço de transporte de milho para atender regiões onde o produto está mais em falta, como em alguns estados do Sul, Norte e Nordeste, principalmente.

"Receberão o produto, para comercialização por meio do Programa de Vendas em Balcão, os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Acre, Amazonas, Pará e Rondônia, além de Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí e Goiás", informou em nota.

Em entrevista a Folha de S.Paulo, o novo Ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou precisar resolver pendências administrativas ainda nesta semana para liberar milho estocado e aliviar a pressão sobre o setor granjeiro.

"Tem um comitê com Fazenda, Planejamento, Casa Civil, uns cinco para dar palpite numa área que não conhecem. As estruturas montadas têm atrapalhado o fluxo de decisões. Agora, [nova reunião] só em 60 dias", disse Blairo a Folha.

Exportações

Como fator positivo, o desempenho favorável das exportações de carne de frango brasileira colaborou para redução da oferta interna, fazendo os preços das carnes resfriada e congelada se manterem em alta desde o início de maio, segundo o Cepea.

Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), até a segunda semana de maio – 10 dias úteis - o país exportou 170,4 mil toneladas de carne de frango 'in natura', com uma média de 17 mil t/dia.

Considerando o igual período de abril/16 e maio/15, o volume corresponde a uma queda de 10% e aumento de 16,8% respectivamente.

Em receita, os embarques resultaram um saldo de US$ 250,3 milhões - equivalente a US$ 25 milhões/dia.

Nos 12 meses encerrados em abril de 2016 o volume de carne de frango exportado pelo Brasil aumentou pouco mais de 11%. E embora a média diária deste mês esteja em queda esses números não devem apresentar à frente um retrocesso significativo, uma vez que maio corrente tem um dia útil a mais.

No Paraná a exportação da carne de frango apresentou alta de 19% no primeiro quadrimestre de 2016. Até abril, 523,49 mil toneladas da proteína foram embarcadas no estado frente a 439,91 mil exportadas no mesmo período de 2015.

Com isso, o estado lidera os embarques de frango do país, respondendo 35,74% das exportações totais do segmento.

>> Confira a cotação completa para o suíno vivo

Por: Larissa Albuquerque
Fonte: Notícias Agrícolas

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