Gastos com energia elétrica, óleo diesel e mão de obra são os principais vilões da pecuária leiteira
Brasília (10/09/2015) - Os produtores de leite enfrentaram nos primeiros cinco meses de 2015 dois grandes obstáculos: a baixa remuneração obtida na venda e o aumento considerável nos custos de produção, especialmente no item mão de obra, com alta de 9,7% em consequência, principalmente, do reajuste do salário mínimo formalizado pelo governo no início deste ano. É o que mostra a mais recente publicação do Ativos de Leite, uma parceria entre o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP) e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
O baixo preço pago pelo leite levou o produtor a precisar de mais 0,1 litro, este ano, para comprar um quilo de ração, cujo aumento atingiu 8,8% no período analisado. Nesse cenário, segundo o Cepea/CNA, o poder de compra do pecuarista leiteiro sofreu forte queda entre janeiro e maio deste ano, em comparação com igual período de 2014. Os principais estados produtores acompanhados pelo estudo são Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Poder de compra menor - Nessas regiões, a conjugação de fatores negativos – reajuste nos preços da energia elétrica, combustíveis e de mão obra -, além da valorização do dólar frente ao real, provocou perda do poder de compra do produtor de leite e gastos elevados na composição dos insumos utilizados na produção.
Com a queda nas cotações do preço do leite ao produtor e o reajuste aplicado aos combustíveis nos meses de fevereiro e março deste ano, o produtor precisa de 3,06 litros de leite para poder comprar um litro de óleo diesel, aumento de quase 0,5 litro em comparação com os valores praticados em igual período do ano passado.
Receita inferior aos gastos - O início da entressafra na região Sul, contudo, permitiu aumento nos valores pagos ao produtor, em maio. Assim é que o preço do leite acumulou alta de 9,3% nos últimos três meses da pesquisa (março, abril e maio de 2015). No entanto, esse movimento altista não foi suficiente para fazer frente aos aumentos nos custos ocorridos entre janeiro e maio deste ano. Nesse período, a receita do produtor acumulou aumento de 2,9%, mas os custos subiram mais, 3,4%.
O levantamento Cepea/CNA mostra que, em relação ao preço médio do leite líquido pago ao produtor (sem a inclusão do valor do frete e dos impostos), levando em conta a chamada “média Brasil” (calculada nos setes principais estados produtores), ocorreu elevação de 4,4%. Mas, mesmo levando-se em conta o período de recuperação de receita, os preços ainda estão 15,7% menores, em termos reais, na comparação com igual período de 2014.
Acesse o levantamento na íntegra - https://www.canaldoprodutor.com.br/sites/default/files/36-ativos_leite.pdf