Senado ouve reivindicações dos produtores de leite do Rio Grande do Sul
Uma extensa lista com reivindicações dos produtores de leite gaúchos foi apresentada, na sexta-feira (10/07), em Ijuí, à Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado (CRA). Realizada no campus da Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul (Unijuí), a audiência pública, presidida pela senadora Ana Amélia Lemos, também presidente da CRA, foi acompanhada por agricultores familiares e lideranças políticas. O Estado do Rio Grande do Sul é o segundo maior produtor nacional de leite, com 4,3 bilhões de litros anuais, atividade da qual são dependentes economicamente, aproximadamente, 198 mil famílias, a maioria agricultores familiares.
Entre as solicitações estão assistência técnica, abertura de mercados, menos burocracia para acessar crédito, preço mínimo, mudança na lei de falência, campanha para aumentar o consumo de leite no País e união do setor.
Ações de estímulo à produção de leite
Um dos painelistas da audiência pública do Senado, o presidente da Emater/RS, Clair Tomé Kuhn, traçou um perfil da produção de leite no Estado, para, em seguida, apresentar ações de estímulo à atividade, executadas pelos extensionistas em praticamente todos os municípios gaúchos. Entre essas ações, Kuhn mencionou projetos de irrigação em área de pastagem, estímulo à produção de leite em pasto, cursos oferecidos em seis Centros de Formação da entidade, estímulo ao uso da fitoterapia nos processos sanitários e assessoramento a 58 pequenas cooperativas de leite.
Cenário
Segundo o vice-presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios do Estado do Rio Grande do Sul (Sindilat-RS), Guilherme Portella, a produção nacional de leite nos últimos dez anos tem crescido em média 4,1%, mas o consumo no período, 3,3% não tem acompanhado esse desempenho. “Precisamos trabalhar abertura de mercados, com organização setorial, é um momento de união”, disse Portella.
Representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Caio Rocha, enumerou esforços despendidos pelo ministério, priorizando o debate sobre o preço mínimo para o litro do leite, revisão da publicidade nos rótulos dos produtos lácteos, campanha para evitar a brucelose e tuberculose, linhas de crédito com menos burocracia e estímulo à pesquisa.
O chefe-geral da Embrapa Gado de Leite, economista Paulo do Carmo Martins, disse que a Instituição possui duas Unidades no Rio Grande do Sul desenvolvendo pesquisas na área do leite e que a Embrapa tem uma rede disposta a trabalhar com universidades, Estados e assistência técnica, pública e privada.
Em recente pesquisa, realizada por entidades da cadeia produtiva do leite, agricultores gaúchos queixaram-se da falta de mão de obra, insuficiência de energia elétrica, falta de boas estradas e desinteresse de parte da indústria em adquirir a produção em localidades mais distantes.
Ciente desses problemas, o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag/RS), Carlos Joel da Silva, enumerou várias reivindicações. Entre elas, mudança no critério usado pela indústria para fazer o pagamento ao produtor, atualmente, o que mais importa, segundo Silva, é a quantidade e não a qualidade; automação no processo de recebimento do leite nas propriedades rurais; preço mínimo acima dos custos de produção; mudança na lei da falência (Lei nº 11.101/2005), de modo a dificultar que empresas mal pagadoras continuem atuando e lesando produtores; e regulamentação do transporte. “Transportador não pode ser revendedor, isso é a porta para fraudes”, concluiu o presidente da Fetag/RS.