Nottus projeta chuvas acima da média e baixa incidência de ondas de calor para o verão no Brasil
O verão de 2024/25 terá início no dia 21 de dezembro, às 6h21 (horário de Brasília). De acordo com as projeções da Nottus, empresa especializada em inteligência de dados e consultoria meteorológica, chuvas acima da média e temperaturas mais amenas serão os principais destaques da estação, em comparação com o mesmo período do ano passado. “O cenário climático será diferente do registrado em 2023/2024, quando a seca e as altas temperaturas predominaram devido à influência do El Niño. Este verão promete chuvas acima da média para grande parte do país”, ressalta Desirée Brandt, sócia-executiva e meteorologista da Nottus.
Outra característica desta temporada será a baixa incidência de ondas de calor. A executiva da Nottus avalia que as temperaturas devem ser mais amenas, sobretudo nas regiões centrais do Brasil, tradicionalmente conhecidas por apresentar os maiores índices térmicos da estação. “Esse comportamento será influenciado por frequentes chuvas que vão ajudar a atenuar os picos de calor ao longo do período”, diz.
La Niña
O clima está em uma fase de neutralidade, sem influência dos fenômenos El Niño ou La Niña. No entanto, segundo dados do CPC-NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration), as chances de ocorrência de La Niña aumentam para 72% no trimestre de dezembro a fevereiro. Essa condição tem 51% de probabilidade de se manter até o mês de abril de 2025. A Nottus aponta que, caso se confirme, o fenômeno deverá apresentar fraca intensidade.
Verão mais úmido: oportunidades e desafios para o agro
A perspectiva para este verão é animadora para o agricultor, porém, não deixa de trazer desafios. Se o excesso de umidade for bem manejado, o Brasil poderá colher uma safra histórica e consolidar ainda mais sua posição como um dos maiores produtores de grãos do mundo. Por outro lado, o ambiente úmido contribuir para a proliferação de fungos e outras pragas.
“A umidade é essencial para a produtividade das lavouras, mas é preciso ficar atento aos excessos das condições climáticas, como nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Norte do Brasil, onde estão concentradas as culturas de grãos. O ambiente úmido e de baixa luminosidade pode favorecer o surgimento de doenças relacionadas ao excesso de umidade e até mesmo o prolongamento de ciclo, devido à baixa luminosidade.
Esse panorama exigirá uso de mais defensivos agrícolas e, consequentemente, elevação de custos. Além disso, áreas alagadas podem dificultar os trabalhos em campo, comprometer a colheita e impactar a qualidade dos grãos”, afirma Desirée.
A nova estação indica também a presença das chamadas invernadas até fevereiro de 2025, ou seja, períodos de frentes frias estacionárias que permanecem entre cinco e sete dias, causando chuvas persistentes e volumosas.
A meteorologista destaca outro ponto importante: o calendário para a segunda safra de milho. “Um atraso na colheita poderia afetar o plantio do milho da segunda safra. Porém, as previsões mostram que teremos chuvas até abril ou maio, trazendo tranquilidade quanto ao ciclo completo dessa cultura”, aponta Desirée.
No Nordeste, por exemplo, as previsões de boas chuvas ampliam ainda mais o alcance de uma expectativa positiva para o verão. “O excesso de umidade, se bem administrado, abre caminho para uma safra robusta”, avalia Desirée. Para ela, a nova estação abre caminho para uma safra cheia e a chave para o sucesso será o planejamento. “A recomendação é ficar atento às previsões climáticas, planejar conforme as janelas de tempo mais firme ou chuva espaçada e utilizar o acompanhamento climático contínuo para garantir uma colheita bem-sucedida”, complementa.
Alívio para o setor elétrico
As condições climáticas vão beneficiar o Sistema Interligado Nacional (SIN), com impactos positivos para o abastecimento dos reservatórios e a segurança energética. A perspectiva de precipitações volumosas em bacias hidrográficas importantes traz um cenário de maior conforto hídrico e favorece o nível dos reservatórios e mananciais.
“Ao contrário do verão anterior, marcado por ondas de calor e irregularidade das chuvas devido ao El Niño, esta estação deverá ser mais amena, com temperaturas moderadas e chuvas persistentes, especialmente nas áreas centrais do país”, afirma Alexandre Nascimento, sócio-diretor e meteorologista da Nottus. Esse panorama, segundo ele, contribui para a estabilidade do sistema elétrico, reduz o risco de acionamento de termelétricas e amplia a segurança energética nacional.
Dezembro começou com chuvas expressivas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país, contribuindo para o aumento dos níveis dos reservatórios. “Com mais chuva neste verão, não teremos ondas fortes e duradouras de calor, o que implica menor necessidade de energia em relação ao ano passado, que foi extremamente quente”, diz Nascimento. Ele aponta que devemos ter uma redução na geração solar devido ao excesso de nuvens. Por outro lado, a geração eólica no Nordeste será bem melhor. Haverá menos chuvas e os ventos permanecerão favoráveis na região.