Chuvas chegam à Argentina no fim de semana, mas ainda mal distribuídas. Produtores pedem situação de emergência
Onde choveu na Argentina nas últimas 48 horas? Todos os participantes do mercado estão levantando estas informações para entender como serão os próximos dias da safra 2021/22 do terceiro maior produtor da oleaginosa no mundo e, mais do que isso, como as condições continuarão a influenciar o andamento das cotações no mercado internacional.
De acordo com os mapas do Serviço Meteorológico Nacional (SMN) é possível observar que as precipitações do final de semana foram mal distribuídas, localizadas, porém, chegaram com volumes expressivos e importantes para importantes regiões produtoras que vinham precisando de umidade.
Entre Rios - onde se registra a pior seca em 60 anos - e o centro de Santa Fé são exemplos de áreas em que boas chuvas foram registradas. Durante o sábado e nas primeiras horas de domingo, os maiores acumulados se deram no centro-leste e nordeste de Buenos Aires. Os volumes variaram entre 20 e 50 mm, em média. Na sequência, da madrugada de domingo à manhã desta segunda-feira (17), volumes de 30 a 50 mm foram registrados em partes de Entre Rios, centro e sul de Santa Fé, extremo sul de Córdoba.
Os mapas abaixo mostram as condições. O primeiro período no mapa da esquerda e o segundo, na direita.
De acordo com um informe da Bolsa de Cereais de Córdoba, a província ainda registrou - além das chuvas - a queda de granizo em algumas áreas de produção, o que causou estrago em algumas lavouras. "Depois de seis dias consecutivos de temperaturas que superaram os 40ºC, chegou o alívio. Entre 15 e 17 de janeiro foram registradas chuvas que beneficiaram grande parte da província", informou a bolsa.
A instituição complementa dizendo que as previsões para o período de 17 a 23 de janeiro indicam a manutenção do tempo nublado, com algumas chuvas dispersas e certo declínio das temperaturas.
MINISTRO DA AGRICULTURA PERCORRE ÁREAS DE SECA
O Ministro da Agricultura da Argentina, Julián Dominguez percorreu áreas que vêm sofrendo com a seca no país e prometeu "soluções concretas" aos produtores que amargam uma das piores secas das últimas décadas. As safras de milho e soja argentinas têm sido constantemente revisadas para baixo, bem como a área de plantio, como aconteceu com a soja pela Bolsa de Cereais de Buenos Aires na última quinta-feira (13).
“Estamos trabalhando em soluções concretas para nossos produtores. O que o presidente Alberto Fernández nos indicou é a atualização do fundo de emergência, uma necessidade histórica e um pedido dos produtores”, afirmou o ministro. "Esperamos que nas próximas horas o tempo vá aliviando as condições, mas o que se perdeu, se perdeu. E agora temos que trabalhar pela recuperação do capital de trabalho", completa.
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PERDA DE 13 MILHÕES DE T DE GRÃOS
A Bolsa de Comércio de Rosário já projeta uma perda de 13 milhões de toneladadas de grãos da safrra 2021/22 da Argentina, sendo 8 milhões a menos de milho e 5 milhões menos de soja. A perda de receita para o país já está estimada em US$ 2,93 bilhões, o que poderia gerar um impacto de US$ 4,8 bilhões no PIB argentino.
Abaixo, veja a íntegra do comunicado da Bolsa de Comércio de Rosário:
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ESTADO DE EMERGÊNCIA
Enquanto a situação se agrava no campo, políticos e líderes da associações de classe pedem que seja decretado estado de emergência nas província de Buenos Aires, Santa Fé e Entre Rios.
"Apesar das chuvas registadas nas últimas horas, mais de 70% do núcleo rural foi severamente afectado pela falta de chuvas, pela descida dos rios e pela intensa onda de calor que assolou a província. Essas condições climáticas extremas atingiram duramente o campo, gerando prejuízos irrecuperáveis ??e complicações na colheita, o que desencadeou a reclamação das entidades sindicais do campo", disse um dos líderes políticos de Buenos Aires.
Sobre Santa Fé, ele afirmou ainda que trata-se de /situação semelhante à da seca de 2017/18 e destacou não só os prejuízos na produção argentina daquele ano, mas os efeitos que foram sentidos pela economia e pelo mercado cambial da nação sul-americana. "Um cenário semelhante pode se repetir este ano, com o agravante de que o contexto atual é profundamente pior do que naquele momento”, disse o político. "Com esta infeliz seca, não só o setor produtivo vai ser atingido, mas também e sobretudo a carteira do Estado Nacional, o que mostra o quanto somos dependentes da economia agrícola", completou.
Com informações do Infocampo e La Nacion