Fim do El Niño. La Niña tem 75% de chances de ocorrência, dizem meteorologistas

Publicado em 25/05/2016 13:17

Imagem, do NOAA (EUA), mostra as águas do Pacífico na semana de 4 de maio

 

O El Niño 2015/16 foi um dos três mais fortes de que já se tem registro e parece ter chegado ao fim. As informações partem do Escritório de Meteorologia da Austrália, que informa que "as águas da superfície do oceano Pacífico se esfriaram e chegaram a um nível neutro na última quinzena, apoiadas por águas abaixo da superfície ainda mais frias do que a média". 

A indicação agora é da chegada de um La Niña, considerada o oposto do El Niño, uma vez que se caracteriza pelo esfriamento das águas do Pacífico. De acordo com o Centro de Previsões Climáticas dos Estados Unidos, há 75% de chance de que o fenômeno de fato ocorra, e no final do ano. No entanto, sua formação pode acontecer mais cedo, entre julho e setembro. Já o instituto da Austrália prevê que esse processo se dê entre junho e agosto e que as chances são de 50%.

Por hora, os especialistas ainda não são capazes de mensurar a intensidade que terá esse La Niña e quais regiões do globo serão mais duramente afetadas. Os efeitos principais, porém, já são conhecidos e, assim como fez o El Niño, os impactos sobre a agricultura mundial serão inevitáveis. 

Brasil - Para Eduardo Assad, pesquisador de clima da Embrapa, o La Niña pode ser ainda mais perigoso para o Brasil do que o El Niño. E isso porque poderia, em dados momentos, trazer condições de seca em alguns pontos do país. Ainda de acordo com especialistas, estão entre os efeitos do fenômeno estiagem nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e, principalmente, Sul. Já na região Amazônia e no Nordeste, poderá ser observada uma intesificação das chuvas 

Como explica o agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, a próxima primavera brasileira, de acordo com o que indicam os mapas climáticos, deverá já ser sob a influência do fenômeno o que poderá, portanto, fazer com que as chuvas cheguem atrasadas nas regiões centrais do Brasil e no Matopiba. 

"Na safra 2016/17, os produtores do bioma Cerrado não devem esperar plantar cedo neste ano. Podem ocorrer chuvas localizadas e irregulares em setembro/outubro, mas as chances de perder essas plantas são grandes", alerta Santos. Porém, ressalta que, mesmo que o regime de chuvas demore a chegar, "quando ele chegar será constante", ao se desenvolver sobre a atuação de um La Niña. 

Estados Unidos - Com a confirmação do fenômeno, o Meio-Oeste norte-americano, principal região produtora de grãos dos Estados Unidos pode enfrentar tempo mais quente e seco caso ele aconteça ainda no início do verão, segundo explica o climatologista Harry Hillaker em entrevista à agência internacional Bloomberg. As condições poderiam, ainda segundo ele, comprometer a fase de polinização das plantas por lá. 

Europa - Já na Europa, as perspectivas são de que, entre novembro e dezembro, as temperaturas fiquem mais frias do que o normal, o que poderia, inclusive, aumentar a demanda local por combustível. Depois de janeiro, as temperaturas podem voltar à média. 

Índia - Na Índia, La Niña quer dizer "boas chuvas", diz o executivo local Atul Chaturvedi, da indústria de óleos,  em entrevista à Bloomberg. "A Índia vem sofrendo com chuvas fracas há quase dois anos, então, um La Niña agora poderia ser uma benção", diz. 

Malásia - Na Malásia, as condições que o fenômento poderia trazer, ou até mesmo a ocorrência de um período de neutralidade climática, seriam incapazes de desfazer os estragos causados pelo El Niño, acreditam os especialistas do páis. A cultura mais afetada no país foi a palma e a produção de seu óleo, o que fez com que seus preços no mercado futuro, em fevereiro, atingissem as máximas em oito anos. Além disso, alertam ainda para alguns prejuízos que o excesso de chuvas causado pelo La Niña poderia trazer, comprometendo o andamento da colheita e a qualidade dos frutos. 

Austrália - Na Austrália, o maior risco causado pelo La Niña é a possibilidade de de fortes tempestades e um número "desproporcional" de ocorrência de enchentes, como explica um climatologista do Escritório de Meteorologia do país. Entretanto, no evento ocorrido entre 2011 e 2012, o fenômeno veio para ajudar na recuperação da safra de trigo, que chegou ao recorde de 29,9 milhões de toneladas. 

Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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