Sindicarne avalia sucesso das exportações de SC e projeta cenário de cautela para 2025
Os produtores rurais e as agroindústrias catarinenses – que formam uma das mais avançadas cadeias produtivas da proteína animal do mundo – devem ser reconhecidos ao se festejar o extraordinário sucesso das exportações de 2024, analisa o presidente do Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados no Estado de Santa Catarina (Sindicarne), José Antônio Ribas Júnior. Ele prevê que será difícil repetir esses resultados em 2025.
Os recordes de volumes e receitas foram batidos no ano recém-encerrado, quando Santa Catarina conquistou o melhor resultado de toda série histórica iniciada em 1997. Esse patamar foi alcançado com embarque de 1,97 milhão de toneladas de carnes no ano (frangos, suínos, perus, patos e marrecos, bovinos, entre outras) com alta de 6,6% na quantidade exportada em relação ao ano anterior. As receitas cresceram 3,2% para US$ 4,15 bilhões.
Ribas lembra que foi percorrido um caminho árduo para atingir esses resultados. O ano de 2023 foi de resultados abaixo do desejado e 2024 iniciou com um cenário difícil, especialmente no segmento de suínos. Entretanto, instabilidades na geopolítica global afetaram de maneiras diferentes os mercados e o Brasil se beneficiou ampliando sua participação no mercado internacional e obteve resultados superiores em 2024 comparativamente a 2023.
O dirigente também, relembra os trágicos eventos climáticos do Rio Grande do Sul, com, imensos e trágicos impactos na vida das pessoas e na produção. Para agravar, houve o caso da doença de new castle (DNC) em território gaúcho que trouxe suspensão de mercados. “Todo este contexto foi pano de fundo para um setor que segue seu compromisso com a qualidade, competitividade, biosseguridade, enfim, com ciência e competência produzindo com sustentabilidade. “
O presidente do Sindicarne assinala que a fórmula do sucesso foi o papel desempenhado pelas agroindústrias e pelos produtores rurais ao lado dos governos estadual e federal e entidades do setor.
É fato que a agroindústria desempenha um papel fundamental neste contexto, desde a base da produção até a apresentação final de produtos que atendem a necessidade dos clientes. Esta coordenação acelera a incorporação de práticas e padrões de qualidade e de excelência na produção, construindo resultados que garantem a liderança nas exportações globais. Além de desenvolvimento de produtos, com qualidade, para atender diferentes culturas e consumidores ao redor do mundo.
EXPECTATIVAS PARA 2025
Ribas Júnior aponta que, sob a ótica global e de mercados, o grande fato novo de 2025 é a eleição americana. As decisões do presidente eleito Donald Trump podem impactar o comércio entre diversos países, como Brasil e China. “Cabe a nós ficarmos atentos, para mitigar riscos e maximizar o uso de oportunidades. Afinal podemos reforçar parceiras com todos, na lógica simples de que alimentos não devem ter barreiras.”
O empresário aponta que, internamente, o governo tem desafios importantes na esfera econômica, especialmente para que os juros não continuem inibindo os investimentos em produção.
Aspecto positivo é que no cenário de grãos é esperada estabilidade nas cotações, seja pela safra que deve atingir 322 milhões de toneladas, seja pela regularidade de oferta e demanda. Na área da produção de proteína animal o momento é de cautela, pois não há indicadores que sinalizem otimismos nas demandas. Portanto, recomenda, “o momento é de focar na produtividade, eficiência e qualidade”.
COP 30
A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas – COP 30 – será uma grande oportunidade para o setor mostrar suas virtudes, na opinião do presidente do Sindicarne.
“Somos aderentes às agendas de sustentabilidade e ESG e demais temas de interesse de todos, sobre a viabilidade do planeta que vivemos. E nosso agro pode mostrar que vem fazendo sua parte. Reside ai uma oportunidade ímpar de garantir “os pedidos” de amanhã. O cliente irá comprar pautado no quanto aquele produto, processo ou empresa entrega nos compromissos materializados de melhoria dos indicadores de sustentabilidade. E tenho certeza que podemos, mais uma vez, buscar protagonismo neste desafio.”
Em resumo, na avaliação do Sindicarne, “o ano exige cautela no qual os empresários, o Governo, a cadeia produtiva e as entidades devem ter muito foco para construir o futuro e seguir a jornada vitoriosa do setor.”