Desafio do Reino Unido póx-Brexit é superar a burocracia na exportação de carnes
Com sua saída da União Europeia, o Reino Unido está experimentando o amargor do próprio veneno. Porque, por exemplo, a exportação de carnes para países integrantes da UE precisa agora enfrentar (e superar) um difícil e longo processo burocrático. Para atender exigências que, na maioria das vezes, foram criadas ou sugeridas pelos próprios britânicos nas importações de terceiros países alheios à União Europeia.
Representante da indústria de carnes local, a Associação dos Processadores Britânicos de Carnes (BPMA, na sigla em inglês) está pedindo socorro. Afirma que 20% das exportações do setor estão definitivamente perdidas e que, para responder a exigências de transporte, sanitárias e alfandegárias, cerca de 30% a 40% dos despachos de cargas fechadas agora efetuados estão custando 50% mais que antes do Brexit. Ou, como destaca a BPMA, “para continuar exportando para a União Europeia vamos enfrentar um custo adicional estimado entre 90 e 120 milhões de libras”.
Procurando demonstrar as dificuldades que a indústria da carne agora enfrenta para chegar à UE, a entidade elaborou documento em que ilustra com um exemplo – exportação, para Paris, de um lote de costeletas suínas – a burocracia pré e pós-Brexit.
- Até 31 de dezembro de 2020, com uma nota de consignação internacional (CMR), o transportador simplesmente carregava o caminhão e o processo estava encerrado. Tempo: 10 minutos e um único documento.
- Desde 1º de janeiro de 2021: até que o caminhão deixe a fábrica são necessários 20 diferentes documentos, o que consome entre 4 e 12 horas. Mas isso não conclui o processo, pois, até que chegue a Paris, a carga passa por outros nove processos burocráticos (passagem por postos de fronteira, fiscalização alfandegária e sanitária etc.).
Para minimizar esses (para os britânicos, inéditos) desafios, a BPMA pede (1) melhora interna nos sistemas de inspeção e certificação; (2) documentação eletrônica (até a cor da tinta de um carimbo numa nota fiscal tem prejudicado os embarques); e, (3) busca de equivalência sanitária com a UE.
Nas palavras da entidade, “Podemos aprender com outros países cujos sistemas são
muito mais flexíveis... a obter serviços de forma eficiente e econômica”.