Preços das carnes devem cair na próxima década; carne de frango deve puxar aumento de produção

Publicado em 09/01/2020 11:09

A mais recente edição do Panorama da Agricultura, divulgado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), aponta que entre 2019 e 2028, em relação ao período base (média de 2016 a 2018), os preços das carnes cairão em termos reais no médio prazo. A carne de frango continuará sendo o principal fator de crescimento, aumentando sua participação no total de produção no período de projeção, mas a uma taxa mais lenta do que na década passada.

De acordo com o estudo, divulgado na quarta-feira (8), esse declínio nos preços  é resultado da lentidão do crescimento do consumo de carne combinado à expansão da oferta, que será  apoiada por baixos preços dos grãos de ração em relação à década passada.

Prevê-se que o preço real da carne de bovino e de ovino diminua em 2028, em comparação a 2018, para US$ 3336/ton e US$ 3493/ton, enquanto projeta-se que os preços reais da carne de suíno e de aves caiam para US$ 1311/ton  e US$ 1453/ton, respectivamente.

No nível global, projeta-se que o crescimento da demanda por proteína animal na próxima década desacelere. À luz do crescimento contínuo da renda, o consumo global de carne per capita é projetada para aumentar para 35,1 kg de peso equivalente no varejo até 2028, um aumento de 0,4 kg ou 1,2% em comparação com o período base.

Historicamente, os preços mais baixos dos produtos contribuíram para tornar as aves a carne de escolha, principalmente para consumidores de países em desenvolvimento. Com a renda crescendo ao longo do período de projeção, isso permanecerá verdadeiro, já que as aves constituirão a maior parcela consumo per capita em nível global.

Ao mesmo tempo, espera-se que muitos consumidores diversifiquem seu consumo de carne, adicionando proteínas de carne mais caras, como carne bovina e ovina, apoiando assim ganhos no consumo per capita dessas carnes globalmente até 2028. O consumo per capita de carne de porco, no entanto, deve diminuir durante o período de previsão, pois não é um elemento significativo nas dietas nacionais de várias países em desenvolvimento.

A produção global de carne é projetada para ser 13% maior em 2028 em relação ao período base, com os países em desenvolvimento apontados como responsáveis pela grande maioria do aumento total.

Segundo o estudo, a produção de carne continua a ser dominada pelo Brasil, China, União Européia e Estados Unidos. O crescimento da produção no Brasil continuará a se beneficiar de uma oferta abundante recursos naturais, alimentação, disponibilidade de pastagens, ganhos de produtividade e, em certa medida, a desvalorização do real.

AVES

As aves continuarão a fortalecer sua posição dominante no complexo de carnes, representando praticamente metade de toda a carne adicional que será  produzida na próxima década. A produção expandirá rapidamente em países que produzem excedentes de grãos, como Brasil, e dos sustentáveis ​​ganhos de produtividade e investimentos realizados na União Europeia, em particular na Hungria, Polônia, Romênia e Estados Unidos.

BOVINOS

A produção de carne bovina continuará a crescer nos principais países produtores sob a perspectiva período. Nos países em desenvolvimento, projeta-se que será 17% maior em 2028, em relação ao período base. Prevê-se que os países em desenvolvimento representem 72% dos produtores da carne adicional. A maior parte dessa expansão deve ocorrer na Argentina, Brasil, China, México, Paquistão e África do Sul.

SUÍNOS

O aumento da produção mundial de carne de porco desacelerará na próxima década, segundo o documento, em grande parte devido à a carne de suíno não é um elemento importante das dietas nacionais em muitas regiões em desenvolvimento.

O aumento global da produção de carne de suíno continuará sendo impulsionado pela região asiática, com o crescimento da produção da China que deverá fornecer metade da produção global adicional. Forte taxas de crescimento da produção, voltadas principalmente para o mercado doméstico, também são esperadas no Brasil, Estados Unidos e Vietnã durante o período de previsão.

Prevê-se que os preços da carne de suíno diminuam em termos reais, mas que oscile de maneira típica ciclo para o período de projeção. Características notáveis ​​do setor global que moldam essa tendência aumento da oferta do Brasil e dos Estados Unidos e maiores importações, em particular da China, onde a produção foi afetada pelo ASF.

DINÂMICA DE MERCADO

Globalmente, surtos de doenças animais (por exemplo, Peste Suína Africana), restrições sanitárias e políticas comerciais continuam sendo os principais fatores que impulsionam a evolução e a dinâmica nos mercados mundiais de carne.

Incertezas relacionadas a acordos comerciais existentes ou futuros ao longo do período de previsão (por exemplo, a saída do Reino Unido da União Europeia) poderia impactar e diversificar o comércio de carne. Outros fatores que podem influenciar as perspectivas da carne incluem as preferências do consumidor e atitudes em relação ao consumo de carne em relação aos seus impactos na saúde, ambiente e emissões globais de gases de efeito estufa.

Tags:

Por: Letícia Guimarães
Fonte: Notícias Agrícolas + OCDE e FAO

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Nota Oficial: Nelore/MS cobra reparação do Carrefour Brasil e França
Carnes do Mercosul: Abiec lamenta posicionamento de CEO do Carrefour
Mapa rechaça declaração do CEO do Carrefour sobre carnes produzidas no Mercosul
Trimestrais da pecuária: cresce o abate de bovinos, suínos e frangos
Abiec destaca avanços do Brasil em sustentabilidade na pecuária, em conferência mundial
Assinatura eletrônica para certificados sanitários para produtos de origem animal alcança 50 mil solicitações
undefined