Comitê reúne indústria e produtor para acompanhar crise do mercado das carnes

Publicado em 09/05/2018 12:30

Em uma iniciativa pioneira no País, as duas principais entidades nacionais do agronegócio -  Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e Associação Brasileira da Proteína Animal (ABPA) – decidiram hoje, em Chapecó, constituir um Comitê de Gestão de Crise para acompanhar e propor soluções para os sérios problemas criados no mercado internacional às carnes de aves e suínos do País.

A preocupação do Comitê é assegurar a sustentabilidade da vasta cadeia produtiva de carnes, o emprego dos trabalhadores nas indústrias e a viabilidade dos produtores rurais integrados. Por isso, a pauta prioritária já está estabelecida e tratará de quatro temas: a imagem dos produtos cárneos brasileiros no exterior; a  flexibilização dos financiamentos pelos Bancos oficiais e privados; o suprimento de milho e a comunicação social. Na próxima terça-feira (15) o comitê já estará reunido para colocar em marcha as primeiras medidas.

“Precisamos estabelecer um pacto do tipo ganha-ganha entre produtor e indústria para que todos sejam adequadamente remunerados e para que, em situação de crise, todos suportem de modo proporcional às dificuldades”, disse o presidente da CNA João Martins da Silva Júnior.

O diretor da ABPA Ariel Mendes observou que é necessário reagir de forma articulada para evitar a perda de mercados duramente conquistados pelo Brasil. Europa e Ásia são os primeiros continentes que serão alvos de ações de recuperação de mercado.

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina (Faesc) José Zeferino Pedrozo defende uma atuação mais agressiva da diplomacia brasileira em defesa dos produtos nos grandes mercados mundiais.

A motivação para a criação do Comitê é o fato das companhias avícolas e de suínos enfrentarem dificuldades desde agosto do ano passado. O quadro agravou-se no último bimestre de 2017, quando várias empresas foram desabilitadas a exportar para a Europa. No mesmo período, a Rússia, que representava um grande comprador de produtos cárneos, suspendeu as importações. Nesse momento não há previsão de retomada desses mercados.

Simultaneamente, o suprimento do milho – principal insumo da cadeia – apresenta distorções causadas pela retenção dos estoques, pelos grandes cerealistas, para fins especulativos, o que eleva seu custo e encarece a produção de aves e suínos. O rebanho permanentemente alojado no Brasil é de quase 520 milhões de aves, o que exige volumes colossais do grão para sua manutenção.

O diretor executivo da Associação Catarinense de Avicultura (ACAV) e do  Sindicato das Indústrias da Carne (Sindicarne) Ricardo de Gouvêa lembra que o frango vive seu pior cenário por duas causas não-mercadológicas: o consumo reduzido em face da perda de mercados e custo de produção elevado em face da baixa oferta do milho, matéria-prima abundante, mas estocada. Grande parte da produção destinada à exportação acabou permanecendo no mercado doméstico, criando expectativa de super oferta, enquanto a capacidade de armazenagem à frio, própria e de terceiros, está se esgotando.

LIDERANÇAS

Participaram da criação do Comitê o presidente da CNA João Martins, o diretor da ABPA Ariel Mendes, o presidente e o vice da Faesc José Zeferino Pedrozo e Enori Barbieri, o diretor de agropecuária da Aurora Alimentos Marcos Antônio Zordan, o gerente da BRF Hugo Urso, o diretor executivo do Sindicarne/Acav Ricardo de Gouvêa, os superintendentes da CNA Bruno Barcelos Lucchi (técnico) e Lígia Dutra (relações internacionais).

Tags:

Fonte: MB Comunicação

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Abertura de mercado no Chile para vísceras comestíveis
Cargill suspende produção em unidade de carne no Kansas após desabamento parcial do telhado
Setor de proteína animal se pronuncia sobre a respeito da Medida Provisória do PIS/Cofins
IBGE: Abate de bovinos atinge recorde na série histórica; frangos e suínos têm queda
JBS diz que China bloqueou carne bovina de fábrica nos EUA após detecção de aditivo