Número de produtores de gado na Europa reduz entre 2% a 4% ao ano

Publicado em 09/11/2016 09:59

O especialista em Comércio Internacional e chefe da Unidade de Produtos de Origem Animal da União Europeia, o espanhol Luis Carazo, falou com o site uruguaio TodoElCampo sobre o subsídio que o bloco econômico oferece a seus produtores, a importância do Uruguai para o continente e realizou conjecturas dos consumidores do futuro, com base no 21º Congresso Mundial da Carne, organizado pela Oficina Permanente Internacional da Carne (OPIC-IMS, em inglês) e pelo Instituto Nacional de Carnes (INAC), que ocorre no Hotel Conrad, na cidade de Punta Del Este.

Subsídio

Ainda que haja um superávit no comércio internacional, a União Europeia não possui uma vocação exportadora em produtor agropecuários e tampouco existe uma política que incentive essas exportações. Por outro lado, há uma política de apoio para os niveis de renda dos produtores, como apontou Carazo. Se trata de um subsídio anual, do qual o nível de ajuda se determina a partir da renda histórica de cada produtor. Ao mesmo tempo, as propriedades são fiscalizadas para que seja verificados os bons cuidados com a superfície agropecuária e também se os terrenos estão em boas condições ecológicas.

Carazo diz que a União Europeia não tem a necessidade de exportar e por isso adota essa posição. "Nosso objetivo é que nossos produtores possam seguir vivendo de seu trabalho", disse.

A implementação desse subsídio sofreu fortes críticas por ser considerado um elemento de distorção de mercado, mas depois de 10 anos, esses ataques não existem mais. "A agricultura europeia tem sido mais competitiva e todas as exporrtações que estamos realizando atualmente são sem ajuda financeira", disse. No entanto, destacou que o bloco possui uma participação pequena no mercado internacional e que a maioria de suas exportações são destinadas a países vizinhos.

Devido a esse fato, cerca de 2% a 4% de produtores de gado deixam a atividade no país. O especialista em Comércio Internacional indicou que isso se deve à necessidade de exportações cada vez maiores e a ausência de sucessão familiar no campo. "Isso é parte de uma dinâmica que não se pode parar", reconheceu e assegurou que as políticas agropecuárias que buscam pretende realizar essa transição como um fenômeno relativamente suave, para que não haja um abandono de terras, falta de manutenção das paisagens ou uma diminuição muito importante da produção total. "Um dos objetivos finais é que o produtor não sinta que é ruim produzir na União Europeia, mas que isso seja uma opção", diz.

Exportações

O especialista disse que o mercado internacional está cada vez mais complexo. A União Europeia, segundo ele, é uma exportadora nata de carne, mas os consumidores são cada vez mais seletivos e procuram por cortes que não são encontrados no bloco e, logo, são importados do Uruguai.

Consumidor

Carazo disse também que o mercado consumidor da Europa também aponta uma diminuição no consumo de carne, motivado por preocupações com problemas de saúde e também por questões associadas à "ética e princípios".

"A negação de consumir carne produzida em determinados sistemas onde se pode questionar o sofrimento animal se estenderá para o resto do mundo, inclusive chegará aos mais jovens no Uruguai", diz o especialista.

Ele lembra que o consumo de carne não deve ser feito "somente por prazer", mas também ser considerado como parte de uma dieta equilibrada.

Tradução: Izadora Pimenta

Fonte: Todoelcampo.com.uy

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