Oferta enxuta volta a dar firme aos preços do boi gordo, mas demanda segue patinando
Boi Gordo: Disponibilidade restrita de animais terminados mantém preços firmes no mercado
Por Juliana Serra, médica veterinária da Scot Consultoria
Na maior parte das regiões pesquisadas pela Scot Consultoria, o cenário é de preços firmes para o boi gordo.
A baixa qualidade das pastagens, devido à falta de chuvas em grande parte do país contribui para que a oferta de animais provenientes de engorda a pasto esteja escassa. Além disso, os animais de confinamento não têm aparecido em grandes volumes, o que resulta em menor disponibilidade da matéria-prima.
Este fator, aliado à melhoras das margens dos frigoríficos tem contribuído para a firmeza das cotações da arroba. Negócios a preços acima da referência também têm sido observados em grande parte das regiões.
Em Goiânia-GO, por exemplo, existem indústrias de menor porte que ofertam até R$2,00/@ acima da referência para o boi gordo.
No atacado da carne bovina com osso os preços ficaram estáveis, com o boi casado de animais castrados cotado em R$10,18/kg.
Para curto prazo, a expectativa é de preços sustentados no mercado do boi gordo, uma vez que a oferta deve seguir restrita.
Suíno Vivo: Com demanda fraca, semana encerra com movimentos distintos nas principais praças
Por Sandy Quintans
Nesta sexta-feira (23), o mercado de suíno vivo encerra semana com movimentações distintas nas principais praças de comercialização. Algumas regiões registram leve reação, enquanto a grande parte trabalha com preços firmes. Nas exportações, o cenário é de ritmo positivo para o período.
Nos últimos dias, o mercado têm demostrado sinais de enfraquecimento no lado da demanda. O analista da Safras & Mercado, Allan Maia, explica que o cenário é esperado pelo período do mês de menor consumo. “Os frigoríficos relataram dificuldades tanto para a venda como para o escoamento dos estoques existentes”, comenta.
A expectativa é de que com as atuais perspectivas nos custos de produção e também pelo período do ano – em que historicamente as vendas da carne aceleram para as festas de final de ano–, novos reajustes podem acontecer. “O produtor vem tentando administrar essa equação, mas os prejuízos continuam já que o custo de produção supera o valor final de venda ao produtor. Em São Paulo, por exemplo, o custo gira ao redor de R$ 4,30 o quilo”, destaca.
Por outro lado, apesar de as expectativas de altas, os preços nas principais regiões não tem apresentado recuperação. Segundo o boletim semanal do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), a demanda enfraquecida tem impedido a reação de preços nas principais praças de comercialização.
“Neste ano, porém, conforme pesquisadores do Cepea, a demanda interna enfraquecida tem impedido valorizações significativas, mesmo em um contexto de menor oferta”, explicam o boletim do Centro.
Preços
O levantamento semanal de preços realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Lopes, aponta que a maior valorização ocorreu em São Paulo, com alta de 1,20%. A bolsa de suínos definiu negócios entre R$ 77 a R$ 79/@ – equivalente a R$ 4,10 e R$ 4,21/kg. No decorrer da última semana, a APCS (Associação Paulista de Criadores de Suínos) chegou a registrar vendas acima do valor de referência em algumas regiões do estado, o que levou a leve recuperação na atual cotação.
No Rio Grande do Sul, a alta foi de 0,51%, o que representa apenas R$ 0,02 na referência do estado. Segundo a pesquisa semanal realizada pela ACSURS (Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul), a cotação fechou em R$ 3,92/kg para os independentes. Para o presidente da ACSURS (Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul), Valdecir Folador, nos próximos três meses deve haver uma melhora, porém os custos de produção ainda são principal preocupação.
“Se compararmos o preço do suíno vivo com o mesmo período do ano passado, nós temos preços melhores ou iguais, o problema está no alto custo de produção devido ao valor do milho. Acredito que os preços devem recuperar mais um pouco nos próximos meses”, aponta Folador em nota divulgada pela APCS (Associação Paulista dos Criadores de Suínos).
Já no Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul o cenário ainda é de baixas para a semana, com recuos de 0,26%, 2,11% e 0,62% respectivamente. Em Santa Catarina, os preços fecharam estáveis em R$ 3,80/kg.
O presidente da ACCS (Associação Catarinense de Criadores de Suínos), Losivânio de Lorenzi, explica que as perspectivas de recuperação para a praça estão distantes, visto que os atuais patamares de preços estão abaixo dos custos de produção.
“Muitos estão deixando a atividade por não enxergarem um horizonte promissor. Isso preocupa muito o setor, principalmente em Santa Catarina, que é o maior produtor e exortador da proteína. Temos dificuldades em formar sucessores na atividade por conta dessa instabilidade financeira e a falta de políticas públicas para o meio rural”, desabafa o presidente.
Exportações
Para os embarques de carne suína in natura, os resultados de setembro seguem registrados dados positivos, segundo aponta informações divulgadas pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) na segunda-feira. Até a terceira semana, com 11 dias úteis, foram embarcadas 35,4 mil toneladas.
Com média diária de 3,2 mil toneladas, os números representam crescimento de 28,7% na comparação com o volume por dia registrado em agosto e aumento de 49,8 em relação ao mesmo período de 2015. Em receita, os dados somam US$ 80,6 milhões.
A ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) aponta que os embarques cresceram 30,7% em agosto na comparação com 2015, totalizando 65,5 mil toneladas. Com isso, no acumulado do ano a alta é de 40,5%, com 478,9 mil toneladas exportadas.
“O setor vem mantendo bom ritmo de crescimento em volume e receita. Este desempenho favorável em diversos mercados tem contribuído para equilibrar a oferta interna de produtos”, analisa Francisco Turra, presidente-executivo da ABPA.
Frango Vivo: Cotações registram terceira semana consecutiva de estabilidade; Exportações ganham ritmo
Por Sandy Quintans
O mercado de frango vivo encerra mais uma semana com cotações estáveis nas principais praças de comercialização. Nesta sexta-feira (23), a referência de negócios em Minas Gerais continuou em R$ 3,30/kg e em São Paulo a R$ 3,10/kg. Devido ao período do mês, as cotações não têm registrados mudanças.
Segundo o levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Lopes, esta é a terceira semana consecutiva de preços firmes. O analista da Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, explica que a pouca movimentação é natural para o período. “Esse desempenho esteve de acordo com a realidade da segunda quinzena, que é de demanda fraca”, afirma.
Por outro lado, o mercado que vem com a necessidade de reajustes devido aos custos de produção pode ter algum alívio com o recuo dos preços do milho. Iglesias explica que os gastos em São Paulo recuaram para R$ 2,75/kg com o avanço da colheita do cereal. “O preço do milho retrocedeu nos últimos dias, mas comparado a anos anteriores, segue muito elevado”, salienta.
O último levantamento realizado pela Embrapa Suínos e Aves já demonstrava esse cenário, com o recuo do ICPFrango/Embrapa em agosto. O índice teve redução de 2,65% em relação a julho, atingindo 219,28 pontos. Por outro lado, nos últimos 12 meses houve a alta de 21,70% e no acumulado do ano, 9,84%. No fator nutrição, apenas em agosto houve redução de 2,84%.
A ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) projeta que as dificuldades com os custos de produção devem reduzir a oferta de animais no segundo semestre, reduzindo a demanda por milho em 1 milhão de toneladas. Cenário que também deve trazer suporte às cotações no mercado interno.
“A perspectiva positiva sobre o abastecimento de milho também é influenciada pela oferta do cereal nos silos paraguaios e argentinos, além do bom desempenho da Primeira Safra, especialmente nos estados do Sul, que concentram 70% da produção de carne de frango e 80% da produção de carne suína. Para os dois setores, entretanto, é indispensável que seja viabilizada a importação de milho dos Estados Unidos para o Brasil. Com isto, a escassez que enfrentamos no primeiro semestre não deverá se repetir”, afirma o presidente da ABPA, Francisco Turra.
Além disto, diante dos atuais patamares de preços, a carne de frango tem perdido competitividade para a bovina, segundo aponta a Scot Consultoria. De maio até agosto houve valorização de 25,5% para a carcaça. Com isso, com o valor de um quilo de carcaça bovina era possível adquirir 2,8 quilos de frango, uma queda de 23,0%.
“O ajuste produtivo ocorrido para o frango e suíno não deve se desfazer em curto prazo, já que a pressão de custos deve permanecer sobre estas cadeias. Assim, do lado da oferta ainda deveremos ter um mercado enxuto”, explica a consultoria.
Cenário externo
Nesta semana, o setor comemorou a abertura de mercado para a Malásia, que deve receber embarques de carne suína, de frango e bovina do Brasil. O boletim do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) explica que a decisão é importante para escoar a produção interna e dar suporte aos preços no curto prazo.
No Brasil, as exportações de carne de frango in natura têm seguido em bom ritmo. Segundo dados divulgados nesta segunda feira pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), foram exportados até a terceira semana do mês 197,3 mil toneladas, com média diária de 17,9 mil toneladas.
Se comparar os embarques por dia de agosto, há um acréscimo de 25,4%, enquanto que em relação ao mesmo período de 2015 houve aumento de 13,1%. Em receita, as exportações somam US$ 323,9 milhões, com valor por tonelada em US$ 1.641,1.