Além dos portos: Brasil sofre com falta de café para alcançar números recordes de exportação em 2025

Publicado em 08/01/2025 10:49 e atualizado em 08/01/2025 16:42
No último ano, Brasil deixou de receber mais de R$ 2 bilhões em receita cambial por entraves logísticos nos portos brasileiros

Em 2024, o Brasil atingiu o recorde de exportação de café com 46,4 milhões de sacas exportadas no ano, sendo 4,662 milhões no mês de novembro, de acordo com relatório do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Este resultado implicou em um aumento de 5,4% em relação ao que foi embarcado no mesmo mês no ano de 2023.

Apesar deste avanço, para chegar em números recordes de exportações de café, o país enfrentou constantes problemas na logística portuária. 

Dados do Cecafé apotam entre os problemas estão: muitos atrasos e alterações constantes de escala de navios para exportação, as frequentes rolagens de cargas e, principalmente, a falta de infraestrutura adequada para cargas conteinerizadas nos portos brasileiros. 

Estes entraves fizeram com que o país acumulasse o total de 1,615 milhão de sacas de café (o que equivale a 4.895 contêineres) não embarcadas no último ano. O não embarque desse volume fez com o Brasil deixasse de receber US$ 489,72 milhões (R$ 2,754 bilhões) como receita cambial e desembolsasse R$ 11,930 milhões com gastos extras portuários para honrarem com os compromissos com os nossos clientes internacionais. 

Para o diretor geral do Cecafé, Marcos Matos, em 2025 os entraves nos portos tendem a seguirem muito complicados se o país não investir em infraestrutura, e não mudar a agenda portuária focando na carga em contêineres e em volume. "Mesmo diante de todos estes problemas logísticos, acredito que teremos mais um ano positivo para as exportações de café. Mas, ainda não podemos falar em novos recordes, até porque existe a perspectiva de uma baixa produtividade de café para este ano. Porém, com estratégias e alternativas iremos continuar atendendo a demanda dos mais de 150 mercados que compram o nosso produto nos últimos anos", destacou o diretor. 

O Diretor Executivo da MM Cafés, Marcus Magalhães, destaca que independente dos gargalos logísticos dos portos brasileiros, que devem sim continuar como um grande desafio para o mercado do café, o novo ano traz uma nova dificuldade para as exportações do grão, "o grande problema deste ano é que não há estoques suficientes para alcançarmos os números recordes de exportações, como foi em 2023, 2024. Independentemente dos entraves, que ainda existem nos portos brasileiros, teremos um ano com uma oferta reduzida e, consequentemente, de um menor número de embarcações. Temos pela frente um desafio muito grande de abastecer o mundo com uma safra pequena e estoques praticamente no zero", completou o executivo.

Diante deste novo cenário desafiador, o Gerente da Mesa de Operações da Minasul, Heberson Sastre, acredita que como de janeiro para frente a tendência é que o volume de embarques de café no país caiam, essa é a oportunidade de organizar as demandas paradas e mitigar um pouco os prejuízos portuários. "A curva de exportações deve cair um pouco até a entrada da nova safra. Com este volume menor de café, os entraves, os problemas portuários e logísticos tendem a ficar menos preocupantes, uma vez que não haverá um alto volume para ser embarcado. Então, a chance é agora de embarcar as cargas que ficaram para trás", explicou Herbeson. 

"Mesmo com tantos desafios, o Brasil vai continuar atendendo todo o mercado internacional. Os números recordes de exportações de café atingidos em 2024 só mostram e reforçam que o nosso país têm potencial de ampliar e atender cada vez mais mercados", reforçou o diretor do Cecafé. 

Novos Mercados 

Atualmente, os Estados Unidos ocupam o primeiro lugar no ranking dos principais importadores dos cafés do Brasil, seguido pela Alemanha, Bélgica, Itália e Japão. 

Em julho de 2024, um acordo inédito realizado pela Cooabriel (Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel) resultou no envio de 21 contêineres de café conilon para a Índia.  

A abertura deste mercado representa uma oportunidade promissora para o Brasil. O país que têm como hábito e cultura o consumo de chás, mas está abrindo as portas para o café e impulsionando assim novos hábitos e mudanças no perfil socioeconômico e cultural dos indianos.

Para o presidente da Cooabriel, Luiz Carlos Bastianello, mesmo com os problemas logísticos nos portos, o Brasil vêm alcançando e conquistando cada vez mais novos mercados,“esse momento favorável para o conilon é resultado do avanço da qualidade, adoção de práticas cada vez mais sustentáveis e da credibilidade que o café brasileiro tem. São cafés que apresentam diferenças e essa diferença tem atraído o mercado internacional. A exportação para Índia foi um feito inédito e a expectativa é de que venham novos embarques pela frente”, contou o presidente.

Por: Raphaela Ribeiro
Fonte: Notícias Agrícolas

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