Trading de café Mercon pede recuperação judicial nos EUA
Por Marcelo Teixeira
NOVA YORK (Reuters) - O Mercon Coffee Group, um dos maiores comerciantes de café do mundo, pediu recuperação judicial nos Estados Unidos devido ao que definiu como "ambiente operacional excepcionalmente desafiador", de acordo com um documento visto pela Reuters.
O grupo, que tem operações em todas as principais regiões produtoras, incluindo Brasil, Vietnã e América Central, disse em carta enviada aos clientes que problemas nos últimos anos, como a interrupção logística durante a pandemia, geadas e secas no Brasil, volatilidade de preços e o aumento das taxas de juros combinaram-se para prejudicar a situação financeira da empresa.
Em carta assinada pelo presidente-executivo da Mercon, Oscar Sevilla, a empresa disse que os credores optaram por "não estender contratos de crédito, resultando em condições de capital de giro extremamente rígidas".
A Reuters foi a primeira a publicar a informação.
Rumores de problemas financeiros na comercializadora de café, que tem operações de vendas na Europa, Ásia e Estados Unidos, circularam entre alguns participantes do mercado nas últimas horas.
Os comentários seguiram-se às notícias da Nicarágua de que a maior exportadora de café, a CISA Exportadora, que era controlada pela Mercon, havia fechado as portas.
Um corretor, que pediu para não ser identificado devido à sensibilidade da questão, disse à Reuters que Mercon estava em uma difícil situação financeira depois de não ter conseguido estender linhas de crédito para suas operações comerciais, especialmente com o banco holandês Rabobank.
O Rabobank confirmou que a Mercon era um cliente, mas recusou-se a comentar mais sobre a situação.
Documentos do tribunal de recuperação judicial em Nova York mostram que a empresa e suas afiliadas tinham dívida total de 363 milhões de dólares.
Vários bancos nos países onde a empresa atua estão entre os principais credores, e também algumas comercializadoras de commodities.
A Mercon disse na carta que trabalhará com os clientes para "garantir um processo tranquilo em relação aos contratos em aberto".
(Por Marcelo Teixeira)