Café da Região de Campos Altos é exportado para a Espanha
O primeiro contêiner com 320 sacas de 60 quilos de café especial com a marca território da Região de Campos Altos foi enviado, nesta semana, para a Espanha. As negociações com um importador europeu aconteceram após o lançamento da nova marca, promovida pela Associação dos Cafeicultores de Campos Altos (ACCA) e o Sebrae Minas, em outubro deste ano, como estratégia para fortalecer a identidade da região, valorizar o trabalho dos produtores e ampliar o acesso à novos mercados. A carga de café saiu na segunda-feira (20/11) do município de Campos Altos, e deve chegar ao porto de Barcelona, 44 dias após o embarque.
O primeiro contato com o representante da importadora espanhola, Xorxios Specialty Green Coffee, foi feito pelo gerente comercial da Cooperativa Agropecuária de Campos Altos (Capeca), Bruno Antônio Franco, com o apoio da Itah Comercial Exportadora. Franco convidou o comprador para conhecer o café de Campos Altos, durante uma feira de café na Grécia. Ao visitar o Brasil, no mês passado, o importador europeu soube da nova marca território em Minas Gerais, e se interessou ainda mais em adquirir o café da região. “Dois dias após o lançamento da marca território, o comprador ligou para fechar negócio. Ele havia aprovado a amostra, que enviamos para a Europa, e queria um carregamento com a marca estampada nas sacas”, explica Franco.
O analista do Sebrae Minas Alessandro Henrique de Souza, destaca que a identidade e origem das regiões produtoras de café cria um diferencial competitivo e agrega ainda mais valor aos grãos, tanto no mercado nacional como no internacional. “Os consumidores estão cada vez mais interessados em como e onde são produzidos os cafés que consomem. É por isso, que o Sebrae Minas em parceria com cafeicultores e lideranças locais, têm desenvolvido um importante trabalho, como a construção da marca território, para tornar as origens produtoras do estado cada vez mais conectadas às exigências e necessidades do mercado, por meio de uma produção mais sustentável e representativa”, justifica Souza.
Dedicação e trabalho
O café exportado é da Fazenda São João Batista do tipo Bourbon VD, uma espécie que chegou à região em 1910. Ao longo de 100 anos, a família Domingos, proprietária da fazenda, selecionou os pés de café mais produtivos, com frutos maiores, mais vigorosos e resistentes ao clima e às doenças. Um processo lento e rigoroso, que fez com que sabor e qualidade dos grãos fosse reconhecida pelo comprador europeu.
Renato Caetano Domingos está na quarta geração de cafeicultores da família, e comemora a conquista e a expansão para novos mercados. “Era um sonho levar nosso café para fora do país, e hoje se tornou realidade. Tudo isso é resultado de muita dedicação e trabalho, somados ao reforço da estratégia de promoção da Região de Campos Altos, que valoriza o café do pequeno produtor, que investe na produção artesanal e de qualidade”, afirma o produtor.
Apoio aos cafeicultores
Além da marca território, há 20 anos, o Sebrae Minas tem promovido ações voltadas para a melhoria dos processos produtivos e da qualidade do café da Região de Campos Altos. Já foram oferecidos treinamentos, consultorias, palestras e cursos sobre técnicas de cultivo, colheita e pós-colheita para intensificar os resultados dos produtores, além da capacitação das lideranças locais e o fortalecimento da governança junto a outras instituições parceiras locais, entre elas, o Sicoob Crediagro.
Os cafeicultores da região também já receberam o apoio do Educampo, a plataforma tecnológica do Sebrae que gera a inteligência necessária para criar oportunidades para o agronegócio. Entre os resultados contabilizados estão o aumento da produtividade, a implementação de práticas sustentáveis e a melhoria da gestão das propriedades rurais produtoras do café.
O próximo passo será o envio do estudo da EMATER, em parceria com o Sebrae Minas, sobre as características únicas do café produzido na região, para embasar o pedido da Associação dos Cafeicultores de Campos Altos (ACCA) ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) para concessão do registro de Indicação Geográfica (IG), na modalidade Denominação de Origem (DO).