Travas para a safra 21/22 de café arábica já ultrapassam os 20% nas principais regiões produtoras

Publicado em 19/06/2020 14:00 e atualizado em 21/06/2020 16:47


A safra atual ainda está em processo de colheita, mas as explosões de preços entre novembro e dezembro do ano passado, além dos preços positivos no começo de 2020 e a alta do dólar garantiram que parte da safra do ano que vem (21/22) já esteja travada em mais de 20% nas principais regiões produtoras do país. Os números chamam atenção após os preços do café ficarem abaixo do esperado até novembro do ano passado. 

Com a alta do dólar e as movimentações na Bolsa de Nova York (ICE Future US), analistas especializados no mercado futuro do café arábica afirmam que o travamento de preços na Bolsa ainda é a melhor opção para o produtor garantir os melhores preços e minimizar os impactos quando os preços estão abaixo do que o esperado pelo setor.

Veja o gráfico de preços do indicador Cepea para o café no Brasil nos últimos 12 meses: 

No sul de Minas Gerais, área de atuação da Cooxupé e maior polo de produção do arábica, 26% da safra comercial (2021/22) já está travada. Segundo a cooperativa, os números dão sequência a alta de travas no mercado futuro, conforme aconteceu com a safra atual - que chegou na fase de colheita com pouco mais de 60% já comercializada.

"Com o base com o que temos para receber na próxima safra, cerca de 26% já esta travada. Nunca tinha cheago a 60% como neste ano e os preços de janeiro resultou nessas travas", destaca Luiz Fernando dos Reis, gerente de mercado da Cooxupé. 

No sul de Minas Gerais e Cerrado Mineiro o preço médio travado é de R$ 570,00 a saca de 60 quilos. O gerente destaca que um comparativo de que os preços estavam chamativos, é que atualmente o mesmo café está sendo comercializado entre R$ 480,00 e R$ 490,00.

Ainda no sul de Minas Gerais, na área de atuação da Minasul, até quinta-feira (18), cerca de 12% da safra comercial já estava travada. A média de preço é de R$ 575,00, considerado excelente por Héberson Vilas Boas Sastre, trader da Minasul. 


Colheita da safra 2020/21 ganha intensidade nas principais regiões produtoras do país
Fonte: Envio de Fernando Barbosa - São Pedro da União/MG 

Na Zona da Mata de Minas o produtor também aproveitou o bom momento para garantir preços positivos e 20% da safra já está travada para o ano que vem. "Precisamos levar em consideração que a safra é de ciclo baixo, a movimentação de barter tem crescido bastante e com isso fica acima do que se tinha tradicionalmente até então", afirma Fernando Cerqueira, presidente da Coocafé. 

Nesta região, os preços foram travados entre R$ 400,00 e R$ 500,00. "Nós saímos de um 2019 que foi muito ruim e com os bons preços, o produtor continuou fazendo as travas em 2020", destaca o presidente. Reforça ainda que é importante ressaltar que a diferença de preços é equivalente a cada tipo de café. 

>>> Explicando o mercado futuro de café, participação especial do Banco Rabobank

Já na produção paulista, na Alta Mogiana em Franca/SP os negócios caminharam com um pouco menos de intensidade, mas também chamam atenção, com 15% de safra travada. Segundo Ricardo Lima, superintendente da cooperativa Coocapec,  o produtor local tem cada vez mais utilizado os mecanimos de travas no mercado futuro. "A safra comercial 21/22 já tem participação do cooperado, ele tem participado deste mercado e utilizado cada vez mais as ferramentas de proteção do mercado", explica o especialista. 

Ainda segundo Ricardo, este modo de trabalho já tem se tornado uma tradição. A expectativa da cooperativa é quando mais perto chegar da próxima produção, mais negócios sejam travados no mercado futuro. "Os números estão dentro do que é esperado para o ano de ciclo baixo", afirma. O preço médio de negociação, no momento de pico do mercado, foi de R$ 630,00. 

Para o analista de mercado Fernando Maximiliano, da INTL FC Stone, reforça que o dólar valorizado pode manter os preços no mercado físico aquecido. "Esse valor é bem acima da média dos últimos anos dentro do mercado futuro. O que aconteceu é o que produtor tem aproveitado essa alta do dólar para garantir o bom negócio", afirma. 

Com a colheita em andamento no Brasil, tanto o mercado futuro como o mercado físico tem registrados dias de poucos negócios neste momento. Os preços na Bolsa romperam novamente a barreira dos 100 cents/lbp, mas o dólar em alto ainda mantém os bons valores no mercado físico e também encoraja as exportações brasileiras. O Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo. 

>>> Confira aqui cotações para o mercado do café

Tags:

Por: Virgínia Alves
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Mapa divulga nova lista de marcas e lotes de café torrado impróprios para consumo
Na era da comunicação em alta velocidade, produtor precisa adotar estratégia inteligente para aproveitar bom momento para os preços do café
Café termina semana com recuperação e monitorando safra brasileira
StoneX reduz previsão de safra de café 24/25 do Brasil, mas vê alta anual
Café: Ajustando preços, mercado volta a subir nesta 6ª feira
Café: Sem novidades nos fundamentos, NY e Londres têm leves baixas