Cafés Especiais: Com pandemia venda nas cafeterias reduz em mais de 70% e preocupa setor

Publicado em 04/06/2020 09:01 e atualizado em 05/06/2020 09:31

O mercado futuro do café arábica, mesmo com a pandemia do Coronavírus ainda não sentiu de maneira mais agressivas as baixas nos preços na Bolsa de Nova York (ICE Future US), diferente de outras commodities agrícolas. O cenário no entanto não é positivo para toda a cadeia do setor cafeeiro. Dados divulgados pela Associação Brasileira de Cafés Especiais logo no começo da quarentena, indicam uma baixa de mais de 70% nas vendas de cafés especiais, consequência da cafeterias fechadas em todo o país. 

O levantamento realizado pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) com seus membros dessas categorias aponta que os associados tiveram queda média de 76,25% na venda do produto, com os mais impactados sofrendo redução de até 100% em seus negócios. Segundo a BSCA, os números foram levantados em abril, mas a realidade ainda é a mesma diante da extensão da quarentena. 

Marco Suplicy, da Suplicy Cafés Especiais que tem sede em São Paulo e lojas espalhadas pelo Brasil, afirma que o faturamento caiu 95% na pandemia, tendo em vista que o foco de vendas da marca está direcionado aos escritórios e cafeterias. Segundo Marco, a Suplicy Cafés contava com 200 contratos com escritórios, que foram suspensos e sem previsão de retorno para normalização da comercialização do café, mesmo com as medidas de flexibilização já anunciada para o estado de São Paulo.

No próximo domingo, dia 7, a tradicional cafeteria Lucca Cafés, localizada em Curitiba, completa 18 anos de funcionamento e também passa pela mesma situação. Os estoques estão cheios e o faturamento com a quarentena fica em torno de 30%. Segundo Gerogia Franco, apesar de fazer as vendas por e-commerce e delivery dentro da cidade, a loja especializada em cafés de alta qualidade está fazendo a torrefação de apenas 30% do estoque. 

Georgia destaca que mesmo com a flexibilização para atender 30% da capacidade da loja, a preocupação é com os estoques comprados para revenda para outros estabelecimentos, principalmente em promoções especiais como para o Dia das Mães ou Dia dos Namorados, que foram canceladas. "São lotes muito especiais, com custo entre R$ 3,000 e R$ 4,000 e se não tem saída, nós também não estamos fazendo mais compras de reposição", destaca. 

A nova safra entrando no mercado promete além de boa produção, cafés de boa qualidade na produção brasileira neste ano. Segundo Juliana Paulino da Costa Mello - Presidente Associação dos Cafeicultores do Sul de Minas, a baixa no consumo da bebida preocupa o setor. Segundo a presidente, com a quarentena e cafeterias fechadas em todo o país, produtores encontram dificuldades para vender o café que seria entregue no segundo semestre. Veja a entrevista completa aqui.

Localizada na maior região produtora de cafés do Brasil, no sul de Minas Gerais, a Academia do Café, também sentiu os impactos da pandemia, tendo inclusive que fechar umas das franquias da marca. De acordo com o porta-voz da marca, Bruno Souza, o estabelecimento foi fechado logo no começo da quarentena, no dia 19 de março, já como medida de prevenção pelo que estava por vir. 

De acordo com Bruno, para tentar driblar a crise, a marca tem investido mais pesado nas vendas via internet e também passou a oferecer os cursos da Academia em uma plataforma online. Apesar da possibilidade de flexibilização, Bruno afirma que ainda não sabe quando abrirá a loja para atendimento ao público. "Não adianta a gente ter uma estrutura e abrir a loja, se não temos clientes. A situação é crítica e precisamos esperar tudo normalizar", finaliza. 

Tags:

Por: Virgínia Alves
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Mapa divulga nova lista de marcas e lotes de café torrado impróprios para consumo
Na era da comunicação em alta velocidade, produtor precisa adotar estratégia inteligente para aproveitar bom momento para os preços do café
Café termina semana com recuperação e monitorando safra brasileira
StoneX reduz previsão de safra de café 24/25 do Brasil, mas vê alta anual
Café: Ajustando preços, mercado volta a subir nesta 6ª feira
Café: Sem novidades nos fundamentos, NY e Londres têm leves baixas