Crise pode gerar queda no poder aquisitivo do consumidor e pressionar os preços do café
A pandemia do Coronavírus atingiu de maneira expressiva todo o setor financeiro a nível mundial e mesmo que o mercado já tivesse acompanhado a situação na China, Haroldo Bonfá, da Pharos Consultoria, destaca que ainda assim o mundo foi pego de surpresa em todos os sentidos e o café, ainda que de maneira menos agressiva, também foi afetado. Haroldo destaca ainda que baixa no poder aquisitivo de consumidores a nível mundial, pode indicar uma mudança de consumo e aperto para o mercado em relação aos preços.
"O consumo que havia fora do lar foi quase que imediato transferido para o lar, com enorme prejuízo para o comércio, como também os consumidores que ficaram sem as bebidas preferidas", se referindo aos consumidores que tinham por costume ir até cafeterias e apreciar a bebida diferenciada.
No entanto, destaca que os números positivos para venda, embarque e consumo chamam atenção também para o mercado do café tipo Conilon. "Enquanto a maioria das commodities teve queda no seu preço internacional, o café se manteve estável e mais ainda se comportou muito bem frente à entrada de uma grande safra brasileira", afirma.
Haroldo acredita que no mercado interno é esperado que o produtor enfrente uma leve alteração no consumo, tanto quando falamos em volume – onde são esperadas leves quedas pelo analista e também pelo tipo de café consumido, tendo em vista que o consumo, levando em consideração que todos trocaram o consumo na cafeteria. "Haverá uma diminuição de qualidade, ajudada pela perda do poder aquisitivo, onde é esperado uma enorme quantidade de desempregados", destaca.
Destaca ainda que recentemente houve uma diminuição expressiva, porém momentânea nos estoques certificados, mas é esperado que após a entrada na nova safra brasileira haja um leve superávit, podendo também pressionar os preços para baixo tanto no mercado externo, como no físico brasileiro. É importante lembrar que os preços estão suscetíveis à problemas ocasionados pelo clima, por exemplo.
Ainda falando em Conilon, Haroldo frisa que além das questões do Coronavírus, o produtor há um impasse no mercado sobre o volume a ser colhido nessa safra. Segundo ele, estima-se pelos órgãos oficiais que seja colhido algo entre 19 a 20 milhões de sacas, quando os produtores falam em números entre 15 e 16 milhões.
Além disso, o produtor lida ainda com a diferença de preço do Conilon em relação ao arábica, que no momento é grande e acaba aumentando o uso do Conilon no blend. "Com isso, acaba garantindo um aumento do volume negociado e valorizando ainda mais o preço", finaliza.