Mercado de café: "Terminal em lockdown", por Rodrigo Costa, direto de N.York

Publicado em 17/04/2020 16:42 e atualizado em 19/04/2020 16:28

Os mercados acionários tiveram uma semana positiva nas principais economias respondendo aos preparativos de uma diminuição gradual do “lockdown” que ocorre ao redor do mundo por conta do COVID-19 e por uma esperança de um antiviral estar acelerando a cura de pacientes nos Estados Unidos (o remdesivir) – ainda sob pesquisa.

A pandemia instalada levou o FMI a prever uma queda do PIB mundial de 3% em 2020, com as economias avançadas retraindo 6.1% e os emergentes -1% - para o Brasil a expectativa é de uma redução de 5.3%.

Isto tudo assumindo um controle da nova gripe no segundo semestre deste ano.

É a pior recessão desde a grande depressão de 1929 e 1930 e a perda acumulada nos anos de 2020 e 2021 devem chegar a 9 trilhões de dólar, soma maior do que tudo o que é produzido na Alemanha e no Japão juntos –segundo a entidade internacional.

Há muito mais dúvidas no ar do que respostas, como seria de se esperar com um evento sem paralelo, mas a certeza é que demorará algum tempo para todos nós levarmos uma vida normal como antes, pois há de se ter um remédio curador para o vírus ou uma vacina para tentar acelerar a aproximação social, a abertura geral do comércio, dos restaurantes e fazer as pessoas viajarem.

Os índices de commodities não conseguem se recuperar significativamente mesmo com o corte da produção de petróleo, no caso das matérias-primas energéticas, e para as alimentícias a perda do consumo do seguimento de food-service não compensa inteiramente o aumento do uso doméstico – o último, entre outros fatores, desperdiça menos.

O café em Nova Iorque tem se mantido entre US$ 110 e 120 centavos por libra peso nas duas últimas semanas e Londres voltou abaixo de US$ 1200 por tonelada.

A demanda de curto prazo tem sido boa, mas aquele aquecimento visto inicialmente por uma estocagem maior nos lares dos consumidores tem desacelerado recentemente, segundo dados preliminares de alguns institutos estatísticos.

Nada que por ora preocupe tanto, haja vista o apoio financeiro oferecido pelos governos a seus cidadãos e considerando que a partir de maio as pessoas comecem a voltar as ruas – seguindo as precauções necessárias.

Os estoques americanos caíram 288,658 sacas em março, estando em 6 milhões de sacas, e provavelmente devem ceder mais em abril, mesmo com os embarques brasileiros estarem se mantendo acima de 3 milhões de sacas por mês – como reportado pela CECAFE.

Os diferenciais firmes dos grãos da América Central é um outro fator positivo – que em nada deve se alterar até o fim do ano.

Negativamente há a aproximação da safra brasileira, assim como o real desvalorizado.

A OIC lançou um estudo nada animador, traçando uma correlação de perda do consumo de 0.95 pontos para cada 1 de queda dos PIBs dos países consumidores, o que se for provado verdade impactará muito negativamente o desaparecimento global.

Se trabalharmos com um crescimento nulo do consumo haverá 3.3 milhões de sacas a mais disponíveis no balanço global, inicialmente não muito negativo, mas ao mesmo tempo não contribuindo para uma alta significativa.

No frigir dos ovos o terminal parece estar no preço justo para o quadro atual, em "lockdown" aguardando os próximos passos do cenário macroeconômico.

Uma ótima semana a todos com muita saúde e cautela,

Rodrigo Costa*

Café encerra semana com baixas em NY e no mercado físico: Logística ainda preocupa setor, diz CNC

O mercado futuro do café encerra a semana com baixas na Bolsa de Nova York (ICE Future US). Mais uma vez, o cenário apresentou grande volatilidade neste momento de pandemia e o setor registrou picos de altas e baixas, em um momento em que o mercado vê as incertezas do Coronavírus, mas que os preços do café tendem a serem sustentados pelos estoques cada vez mais baixos em importantes consumidores do café brasileiro, como o Estados Unidos. 

Nesta sexta-feira (17), maio/20 encerrou com queda de 255 pontos, valendo 116,05 cents/lbp, julho/20 teve queda de 215 pontos, negociado por 117,55 cents/lbp, setembro/20 teve queda de 200 pontos, valendo 118,75 cents/lbp e dezembro/20 registrou baixa de 175 pontos, negociado por 120,15 cents/lbp. 

"Na ponta da oferta, há preocupação em relação à logística nos portos, com possibilidade de paralisação, e à colheita no Brasil, a partir de maio, em meio à possibilidade de pico de disseminação do novo coronavírus (Covid-19) no país", destacou o Conselho Nacional de Café na sua análise semanal. Do lado da demanda, analistas seguem em dúvida se o aumento do consumo de café em casa será suficiente para suprir o fechamento de cafeterias, bares e restaurantes.


 

O mercado físico brasileiro acompanhou o exterior e também fechou o dia com quedas. "No mercado físico, as cotações tiveram leves valorizações, com a alta do dólar sustentando as perdas externas. Os negócios seguem lentos. Os indicadores calculados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para as variedades arábica e conilon se situaram em R$ 591,03/saca e R$ 331,07/saca, com altas semanais de 1,2% e 1,9%, respectivamente", afirma o CNC na análise. 
 

O tipo 6 duro registrou baixa de 1,69% em Araguarí/MG, valendo R$ 580,00. Guaxupé/MG registrou queda de 0,83%, valendo R$ 595,00. Poços de Caldas/MG registrou baixa de 0,85%, valendo R$ 585,00 e Patrocínio/MG registrou baixas de 0,83%, negociado por R$ 600,00. 

O tipo 4/5 teve queda de 1,64% em Franca/SP, valendo R$ 600,00. Poços de Caldas/MG registrou baixa de 0,83%, valendo R$ 595,00 e Varginha/MG manteve a estabilidade por R$ 595,00. 

O tipo cereja descascado teve queda de 0,78% em Guaxupé/MG, valendo R$ 640,00. Poços de Caldas/MG registrou baixa de 0,74%, valendo R$ 675,00 e Patrocínio/MG teve queda de 0,76%, valendo R$ 650,00. 

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Por: Virgínia Alves
Fonte: Notícias Agrícolas

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