Café arábica em NY não dá continuidade aos ganhos recentes com disparada do dólar nesta 4ª
As cotações futuras do café arábica voltaram a cair na sessão desta quarta-feira (27), fechando o dia com perdas de mais de 100 pontos na Bolsa de Nova York (ICE Futures US). O mercado externo repercutiu a disparada do dólar ante o real durante o dia, mas a oferta ainda permeia os negócios.
O vencimento maio/19 encerrou o dia com queda de 150 pontos, a 93,85 cents/lb e o julho/19 anotou 96,45 cents/lb com 150 pontos de perdas. O setembro/19 anotou 99,20 cents/lb com 145 pontos negativos e o dezembro/19 registrou 103,10 cents/lb com desvalorização de 145 pontos.
Após duas sessões seguidas de alta e expectativas de recuperação nos próximos dias, o mercado da variedade retomou a trajetória baixista dos últimos dias e já se reaproxima das mínimas de mais de 10 anos com o vencimento referência de mercado no patamar de 93 centavos de dólar por libra-peso.
De acordo com o Barchart, as oscilações cambiais no dia pesaram bastante sobre as cotações do arábica. Às 16h14, após o fechamento do café na ICE, o dólar comercial avançava 2,18%, cotado a R$ 3,951 na venda, acompanhando a Previdência e aprovação na Câmara da PEC do Orçamento mais impositivo.
"O real mais fraco em relação ao dólar encoraja as exportações de café pelos produtores brasileiros, potencialmente aumentando a oferta global de café", destacou o site internacional em boletim de fechamento. O Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo e sente as oscilações cambiais.
"É um dia em que o mercado vai estar na defensiva... Acho que o cenário político está muito complicado, essa retaliação da votação da PEC contra o governo é difícil. O Congresso é muito poderoso e está mostrando isso para o governo novo", disse para a Reuters o diretor da corretora Mirae Asset, Pablo Spyer, sobre o mercado câmbio no dia.
As perdas na sessão reavivaram os ânimos dos envolvidos de mercado com outros dados da oferta. "O Brasil teve uma grand produção na safra atual, mas a próxima deve ser menor, pois é de bienalidade negativa. As ideias são que a produção de 62 ou 63 milhões de sacas podem cair para 52 milhões", disse o vice-presidente da Price Futures Group, Jack Scoville.
Nos últimos dias, a empresa Volcafe estimou que a safra 2019/20 de café do Brasil, que está em desenvolvimento, poderá atingir 55,4 milhões de sacas de 60 kg. O número chega a ficar acima da estimativa da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), de 54,5 milhões de sacas.
O Rabobank, um dos principais bancos especializados de commodities, anunciou na semana passada que a safra 2019/20 de café do Brasil poderia atingir 57,6 milhões de sacas. O dado também fica acima do que os estimados pela Conab. Dados recordes de exportação no país também eram acompanhados.
Mercado interno
Apesar das reações recentes, os preços internos do café arábica seguem baixos, o que distancia o produtor dos negócios. "Levantamento do Cepea aponta que com as recentes e contínuas quedas nos preços, as médias mensais atuais são as mais baixas desde janeiro de 2014 para o arábica e de dezembro de 2013 para o robusta, em termos reais", disse o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
O café tipo cereja descascado registrou maior valor em Guaxupé (MG) com saca a R$ 425,00 – estável. A maior oscilação no dia foi registrada em Espírito Santo do Pinhal (SP) com alta de 2,50% e saca a R$ 410,00.
O tipo 4/5 registrou maior valor de negociação em Franca (SP) com saca a R$ 405,00 e alta de 1,25%. Foi a maior oscilação no dia dentre as praças.
O tipo 6 duro registrou maior valor de negociação em Vitória (ES) com saca a R$ 442,00 - estável. A oscilação mais expressiva foi verificada em Espírito Santo do Pinhal (SP) com avanço de 2,63% e saca a R$ 390,00.
Na terça-feira (26), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 392,84 e alta de 0,50%.