Café: Bolsa de Nova York recua mais de 100 pts nesta 2ª depois de alta de mais de 2% na semana passada
As cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) encerraram a sessão desta segunda-feira (04) com queda de mais de 100 pontos. Depois da alta acumulada de mais de 2% na semana passada, preocupações com o clima no Brasil e a greve dos caminhoneiros, o mercado agora se ajusta tecnicamente, mas novas altas não estão descartadas.
O vencimento julho/18 encerrou o dia com 121,50 cents/lb com queda de 125 pontos e o setembro/18 anotou 123,75 cents/lb com baixa de 120 pontos. Já o contrato dezembro/18 fechou o dia com 127,25 cents/lb e desvalorização de 120 pontos, enquanto o março/19, mais distante, fechou com recuo de 115 pontos, cotado a 130,75 cents/lb.
De acordo com institutos meteorológicos, a frente fria vinda do Sul do Brasil no final de semana contribuiu para chuvas em áreas produtoras de café, além de baixar as temperaturas, mas a condição foi bem mais amena do que operadores imaginavam. O sistema já se afastou, mas precipitações ainda podem ocorrer, com possibilidade de prejudicar a colheita.
Apesar da acomodação do mercado, as cotações seguem acima de US$ 1,20 por libra-peso e novas altas não estão descartadas. "Não está claro o suficiente que o frio vai passar longe das áreas de café. O tempo frio chegará mais cedo ou mais tarde, já que a temporada de inverno apenas começou", disse o analista Price Futures Group, Jack Scoville.
Além da questão climática, o mercado do arábica na ICE também foi impactado na semana passada pelos reflexos da greve dos caminhoneiros. De acordo com o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café), o país deve deixar de exportar 900 mil sacas de 60 kg de café em maio com um prejuízo de até R$ 560 milhões.
Segundo analistas, os negócios já estavam normalizados no final da semana passada. "A longa e preocupante greve dos caminhoneiros terminou parcialmente na última quarta-feira, ontem [última quinta-feira] foi feriado nacional e hoje [sexta-feira] começaram a se normalizar tanto o mercado de café como os serviços de retirada nas fazendas dos lotes vendidos nos dias anteriores à greve", disse em boletim na semana passada o Escritório Carvalhaes.
O câmbio não exerceu impacto relevante sobre o mercado nesta segunda-feira. O dólar comercial fechou o dia com queda de 0,62%, a R$ 3,7434 na venda acompanhando o exterior em dia de maior busca pelo risco. A moeda estrangeira tende a impactar diretamente as exportações da commodity e influencia diretamente nos preços externos.
Operadores disseram para a Reuters internacional que a perspectiva da safra brasileira segue favorável. O Escritório brasileiro do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) estimou recentemente a produção de café no Brasil em até 60,2 milhões de sacas de 60 kg, um incremento de 18% ante a temporada anterior. A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) aponta produção de 58 milhões de sacas no país.
Mercado interno
Os negócios com café no Brasil seguiram lentos nos últimos dias com a greve nacional dos caminhoneiros e feriados na semana passada no Brasil, em Londres e nos Estados Unidos. Mais transações passaram a ser vistas na sexta-feira, segundo o Escritório Carvalhaes, com sede em Santos (SP).
"O mercado foi comprador e saíram alguns negócios. Estamos no final da entressafra e são poucos os lotes à venda. Apesar da colheita da nova safra estar atrasada (tanto a de arábica como a de conilon), começam a aparecer lotes de café 2018/2019 no mercado", informou em boletim o escritório.
O café tipo cereja descascado registrou maior valor de negociação no dia em Guaxupé (MG) com saca a R$ 515,00 e queda de 0,96%. A maior oscilação no dia dentre as praças ocorreu em Poços de Caldas (MG) com baixa de 1,24% e saca a R$ 477,00.
O tipo 4/5 registrou maior valor de negociação em Franca (SP) com saca cotada a R$ 490,00 e queda de 2,00%. Foi a maior oscilação no dia dentre as praças.
O tipo 6 duro anotou maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com saca a R$ 482,00 e queda de 1,03%. A maior oscilação no dia dentre as praças verificadas ocorreu em Lajinha (MG) com avanço de 2,27% e saca a R$ 450,00.
Na sexta-feira (1º), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 459,52 e alta de 0,63%.