Café: Mercado do arábica encerra semana com queda acumulada de mais de 1% na Bolsa de Nova York
O mercado do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) encerrou a sessão desta sexta-feira (18) com queda acumulada próxima de 1%, com o vencimento referência saindo de US$ 1,19 para US$ 1,18 por libra-peso. Movimentação dos especuladores, câmbio e informações sobre a previsão de frio no Brasil na próxima semana deram pressão às cotações.
No mercado interno, apesar de recente avanço nos preços, poucos negócios aconteceram e os produtores estão mais atentos ao início dos trabalhos de colheita. (Veja mais informações abaixo)
Nesta sexta-feira (18), o vencimento julho/18 registrou 118,00 cents/lb com alta de 10 pontos e o setembro/18 anotou 120,25 cents/lb com 15 pontos de avanço. Já o contrato dezembro/18 fechou o dia com 123,75 cents/lb e valorização de 10 pontos e o março/19, mais distante, avançou 10 pontos, fechando o dia a 127,20 cents/lb. Essa foi a terceira alta seguida.
Mesmo com a valorização nesses últimos dias da semana, o mercado externo do arábica não conseguiu reverter as perdas da acumuladas. No início da semana, segundo reportou a Reuters internacional, um movimento dos especuladores contribuiu fortemente para as perdas no início da semana. O câmbio também foi outro importante fator de impacto.
"Conhecendo a mão forte dos fundos e o que eles podem restabelecer em posições vendidas, as compras da indústria certamente não são suficientes para manter o mercado firme", disse um operador para a Reuters internacional durante a semana. O mercado recuou nas duas primeiras sessões da semana e depois realizou acomodação do lado positivo.
Nas últimas seis sessões, o dólar manteve a trajetória de alta e fechou esta sexta com alta de 1,04%, cotado a R$ 3,7396 na venda renovando os maiores níveis em mais de dois anos, com investidores acompanhando o exterior e à espera de intervenção do Banco Central. "O dólar vai continuar subindo aqui enquanto lá fora a moeda não acalmar", disse um gestor de uma corretora local.
Do lado positivo, mais para o meio da semana, além dos ajustes altistas passou a repercutir no mercado informações fundamentais sobre a previsão do tempo para a próxima semana em áreas produtoras de café do Brasil. As temperaturas tendem a diminuir em áreas brasileiras, o que deixa operadores atentos com a possibilidade de geadas. São previstas mais instabilidades a partir da próxima semana.
"O clima está seco em áreas produtoras de arábica, mas houve algumas chuvas em áreas conillon", disse em relatório durante a semana o analista e vice-presidente da Price Futures Group, Jack Scoville. O mercado vinha repercutindo com otimismo nos últimos dias essa condição climática de tempo mais seco no país uma vez que, na visão deles, tende a favorecer a maturação e colheita.
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) divulgou na quinta-feira sua segunda estimativa de produção para a safra 2018/19. O volume deve ser recorde, com 58 milhões de sacas beneficiadas de 60 kg. O crescimento apontado é de 29,1% em relação à safra passada. No entanto, há dias o mercado já vinha precificando essa expectativa e ignorou o dado.
Segundo o órgão, o bom resultado deve-se à bienalidade positiva das lavouras e às boas condições climáticas no cinturão brasileiro. A última produção recorde no país foi no ano de 2016. Outro motivo para os números positivos seria o avanço do pacote tecnológico neste setor, sobretudo de variedades mais produtivas.
Entrevista ao Notícias Agrícolas, Lúcio Dias, superintendente comercial da Cooxupé, disse que a safra de café no país pode ser menor do que a estimada pelo mercado e que produtores aguardam melhores preços. A cooperativa é a maior do Brasil. Para ele, a produção será impulsionada, de fato, pelo café conilon, que deverá ter uma produção de 13 a 15 milhões de toneladas.
Mercado interno
Os negócios com café que ocorreram nas praças de comercialização do Brasil foram isolados na semana mesmo diante de reação nos preços de alguns tipos com o dólar e avanços externos no final da semana. No entanto, o cenário segue mais lentos do que em outros anos. Segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP), muitos produtores estão com as atenções voltadas à colheita da safra 2018/19.
O tipo cereja descascado anotou maior variação na semana em Guaxupé (MG) com alta de 3,04% (R$ 15,00) e saca a R$ 508,00. Foi o maior valor de negociação no período.
No tipo 4/5, a maior variação na semana foi registrada na cidade de Franca (SP) com valorização de 4,30% (R$ 20,00) e saca a R$ 485,00. Foi o maior valor de negociação no período.
O tipo 6 duro teve maior oscilação na semana em Araguari (MG) com alta de 6,82% (R$ 30,00) e saca a R$ 470,00. O maior valor de negociação no período foi registrado em Guaxupé (MG) com saca a R$ 475,00 e avanço de 3,26% no período (R$ 15,00).
Na quinta-feira (17), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 452,17 e alta de 1,55%.