Café: Mercado em NY encerra semana com queda de mais de 2,5% com pressão do câmbio e safra brasileira
O mercado futuro do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) encerrou a semana com queda de 2,61% no contrato referência julho/18, que ficou abaixo de US$ 1,20 por libra-peso. O pior resultado em três meses. Pesou sobre as cotações externas nos últimos dias informações sobre o desenvolvimento da safra brasileira 2018/19 e o câmbio.
No mercado interno, os negócios com café arábica seguiram lentos com produtores atentos aos preparativos para colheita e os preços mais baixos nas praças. (Veja mais informações abaixo)
Nesta sexta-feira (11), o vencimento julho/18 registrou na sessão 119,25 cents/lb com queda de 30 pontos e o setembro/18 anotou 121,50 cents/lb com 35 pontos de baixa. Já o contrato dezembro/18 fechou o dia com 125,05 cents/lb e desvalorização de 25 pontos e o março/19, mais distante, recuou 10 pontos, fechando o dia a 128,75 cents/lb.
A queda na sessão foi contida em um processo de acomodação técnica ante a valorização na véspera. No entanto, o mercado encerrou a semana com baixas expressivas de mais de 2,5% nos principais vencimentos. As informações sobre a safra brasileira, que já começa a ser colhida em algumas origens e o real desvalorizado pesaram sobre as cotações.
Operadores no terminal externo acompanham atentamente as condições climáticas no Brasil. "As chuvas continuam a desaparecer das previsões a longo prazo para o centro e norte do Brasil. Essa região deve continuar na seca", disse Donald Keeney, da Radiant Solutions para a Reuters internacional. A condição para o mercado tende a favorecer a maturação dos grãos e colheita.
"O clima parece bom no Brasil neste momento, embora contraditoriamente algumas regiões de arábica necessitem de chuva", complementou em relatório o analista e vice-presidente da Price Futures Group, Jack Scoville. Os trabalhos no campo já começaram no Sul de Minas Gerais, principal origem produtora do país, mas devem ganhar força nas próximas semanas.
Enquanto o mercado externo vislumbra a safra brasileira deste ano. No campo, produtores já estão preocupados que o tempo seco afeta a próxima temporada. "Este período de estiagem beneficia a colheita, porque não se tem umidade e proliferação de fungos, mas ao mesmo tempo o solo entra em déficit", afirma o engenheiro agrônomo da Fundação Procafé, em Franca (SP), Marcelo Jordão Filho.
Algumas consultorias privadas chegaram a estimar nos últimos meses que a safra brasileira ultrapassaria 60 milhões de sacas de 60 kg, enquanto a última previsão da Conab (Companhia Nacional do Abastecimento) aponta a produção de café do Brasil entre 54,44 e 58,51 milhões de sacas neste ano. A atualização desses números está programada para a próxima quinta-feira (17).
A OIC divulgou durante a semana relatório que aponta uma elevação na sua previsão de consumo global na temporada 2017/18 de 159,92 milhões de sacas de 60 kg, com o mercado esperando agora um déficit de 254 mil sacas em vez de um superávit, conforme estava previsto anteriormente. A produção no mundo foi apontada em 159,66 milhões de sacas.
Além dos fundamentos, o mercado externo do arábica também acompanhou atentamente a desvalorização do real ante o dólar, que tende a pressionar os preços do café arábica, já que o país é o maior produtor de café do mundo e o fortalecimento da moeda estrangeira tende a encorajar as exportações, mas derruba os preços.
O dólar comercial encerrou a semana com alta de 1,53%, cotado a R$ 3,6008 na venda, diante de postura mais defensiva de investidores com política local antes de nova pesquisa eleitoral. É o maior nível desde maio de 2016. Na semana, a moeda acumulou alta de 2,20%. "Os mercados esperam por um candidato/chapa com viés reformista despontando nas pesquisas, o que não aconteceu até o momento", escreveu a Advanced Corretora em relatório.
Mercado interno
O mercado brasileiro de café seguiu com negócios isolados nesta semana com a maioria dos produtores atentos aos preparativos da nova safra e com preços físicos mais baixos. Apesar dos trabalhos de colheita já terem se iniciado em algumas lavouras do país, o volume de café novo que chega ao mercado ainda é pequeno, segundo disse em nota o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP).
O tipo cereja descascado anotou maior variação na semana em Lajinha (MG) com alta de 3,30% (R$ 20,00) e saca a R$ 470,00. A praça de Guaxupé (MG) teve o maior valor de negociação no período saca a R$ 493,00 e recuo de 1,40% (R$ 7,00).
No tipo 4/5, a maior variação na semana foi registrada na cidade de Varginha (MG) com desvalorização de 2,15% (R$ 10,00) e saca a R$ 455,00. A cidade de Franca (SP) teve o maior valor no período com R$ 465,00 a saca – estável.
O tipo 6 duro teve maior oscilação na semana em Lajinha (MG) com alta de 5,88% (R$ 25,00) e saca a R$ 450,00. O maior valor de negociação no período foi registrado em Guaxupé (MG) com saca a R$ 460,00 e queda de 1,50% no período (-R$ 7,00).
Na quinta-feira (10), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 444,31 e recuo de 0,26%.