Café: Bolsa de Nova York recua cerca de 150 pts na sessão desta 4ª pressionada pelo dólar e safra brasileira
As cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) encerraram a sessão desta quarta-feira (25) com queda de cerca de 150 pontos. O mercado externo do grão recua em ajustes técnicos depois de três altas consecutivas, mas também teve durante o dia pressão importante do dólar e das informações sobre a safra 2018/19 do Brasil.
O contrato maio/18 encerrou a sessão de hoje com queda de 165 pontos, cotado a 116,85 cents/lb, já o julho/18 anotou 118,95 cents/lb com desvalorização de 150 pontos. Enquanto que o setembro/18 registrou 121,05 cents/lb com recuo de 145 pontos e o dezembro/18, mais distante, anotou 124,60 cents/lb e 140 pontos de negativos.
A Reuters internacional aponta que o principal fator de pressão para o café arábica nesta quarta foi o câmbio. O dólar comercial beliscou os R$ 3,50 durante o dia e fechou o dia com alta de 0,48% ante o real, cotado a R$ 3,4860 na venda, acompanhando cena externa. A divisa mais valorizada tende a encorajar as exportações da commodity. Ajustes técnicos também foram registrados na sessão.
"É fato que o intervalo de oscilação do dólar já mudou, mas é cedo para dizer qual é. Parece que 3,50 reais viraram novo teto", afirmou o gerente de câmbio da corretora Fair, Mário Battistel para a agência de notícias Reuters. Essa é a primeira vez que o mercado avança acima de R$ 3,50 em quase dois anos.
Além do câmbio e da pressão técnica, do lado fundamental, operadores no terminal externo do arábica continuam acompanhando as recentes informações sobre a safra 2018/19 do Brasil que começará a ser colhida nos próximos dias, o que também contribui para a pressão nos preços. O país é o maior produtor e exportador da commodity e estimativas privadas chegam a aponta produção de até 60 milhões de sacas.
As previsões otimistas ocorrem em um cenário de bienalidade positiva para a maioria das lavouras, com recuperação na safra de conilon no Espírito Santo e melhores condições climáticas. "Comerciantes em Nova Iorque voltam a falar do bom tempo que está sendo relatado no Brasil neste momento e esperam outra safra", disse em relatório o analista da Price Futures Group, Jack Scoville.
"O sentimento do mercado continua a ser impactado pela percepção negativa de excedente na oferta global de café para o segundo semestre deste ano e para o próximo ano", completou em informativo a trader sul-africana I&M Smith. A última previsão da Conab (Companhia Nacional do Abastecimento) prevê a safra de café do Brasil entre 54,44 e 58,51 milhões de sacas neste ano.
Mercado interno
Poucos negócios seguem sendo registrados nas praças de comercialização do Brasil. "Apenas alguns poucos negócios envolvendo grãos remanescentes, especialmente mais finos, foram observados nos últimos dias. No geral, contudo, muitos agentes estão retraídos, à espera da colheita da safra 2018/19", disse em nota nesta quarta o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP).
O café tipo cereja descascado registrou maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com saca a R$ 485,00 e queda de 0,61%. Foi a maior oscilação dentre as praças no dia.
O tipo 4/5 registrou maior valor de negociação em Franca (SP) com saca cotada a R$ 455,00 e queda de 3,19%. Foi a maior oscilação no dia dentre as praças.
O tipo 6 duro anotou maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com saca a R$ 453,00 e queda de 0,44%. A maior oscilação no dia dentre as praças ocorreu em Franca (SP) com recuo de 2,20% e saca a R$ 445,00.
Na terça-feira (24), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 437,75 e alta de 1,14%.