Café: Cotações do arábica em NY demonstram fraqueza para avançaram acima de US$ 1,20/lb
O mercado do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) encerrou a semana próximo da estabilidade e os principais vencimentos seguem abaixo do patamar de US$ 1,20 por libra-peso. As cotações oscilaram mais tecnicamente nos últimos e de olho no câmbio. Em menor intensidade, operadores também acompanham informações sobre a safra brasileira.
No mercado interno, os negócios com café arábica aconteceram lentamente nos últimos dias após mais negócios serem registrados na última semana. (Veja mais informações abaixo)
Na sessão desta sexta-feira (13), o vencimento maio/18 registrou 117,30 cents/lb com baixa de 60 pontos e o julho/18 anotou 119,50 cents/lb com recuo de 50 pontos. Já o contrato setembro/18 fechou o dia com 121,55 cents/lb e desvalorização de 45 pontos e o dezembro/18, mais distante, recuou 40 pontos, fechando a 124,90 cents/lb.
A semana na ICE foi marcada por oscilações técnicas e influência do câmbio. Ao que parece, as cotações da variedade não têm forças para oscilar nem para baixo nem para cima do patamar de US$ 1,20/lb diante do atual cenário. Novas informações sobre a safra 2018/19 do Brasil, maior produtor e exportador e de exportação tiveram pouco reflexo aos preços.
"As tendências ainda estão de lado para baixo no mercado, mas o lado do baixista do mercado pode estar perdendo alguma da sua força neste momento", disse em relatório nesta sexta-feira Jack Scoville, analista de mercado e vice-presidente da Price Futures Group. O especialista ainda acrescenta que repercute no mercado informações sobre a baixa de demanda e alta produção.
Dados do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) mostram que as exportações totais de café no país totalizaram 2,52 milhões de sacas de 60 kg e receita cambial de US$ 396,2 milhões. Em termos de volume, há uma queda de 11% ante o mesmo período do ano passado e um crescimento de 1% se comparado com fevereiro deste ano.
"No mês de março, tivemos uma boa exportação, acima dos 2,5 milhões de sacas, configurando um desempenho justo, alinhado ao que havíamos previsto. O mercado está otimista e já de olho na próxima safra devido às boas condições climáticas nas regiões produtoras", afirma Nelson Carvalhaes, presidente do Cecafé.
As exportações de café são impactadas pelo câmbio, fator que contribuiu para as perdas no mercado externo nesta sexta-feira. O dólar comercial encerrou a sessão com alta de 0,53%, cotado a R$ 3,4261 na venda, e renovou a máxima do ano com operadores cautelosos antes da divulgação da 1ª pesquisa de intenção de voto depois de prisão de Lula. Na semana, a moeda acumulou alta de 1,72%.
Uma nova estimativa para a safra brasileira foi divulgada nesta semana, mas também exerceu pouco impacto sobre os preços. Segundo estimativa da consultoria Safras & Mercado, a produção de café na safra 2018/19 pode totalizar um recorde de até 60,5 milhões de sacas de 60 kg. O volume representaria um aumento de até 20% ante a temporada 2017/18, apontada em 50,6 milhões de sacas.
Segundo o analista da Safras, Gil Carlos Barabach, a estimativa de safra recorde ocorre em um cenário de bienalidade positiva das lavouras de arábica, com a retomada da safra de conilon depois de anos seguidos de seca e as condições climáticas favoráveis à granação nesse início de 2018.
"É verdade que o atraso nas floradas, associado à seca e à temperatura acima da média no início da primavera em 2017 colocaram em xeque o potencial produtivo do arábica, especialmente na Mogiana em São Paulo e no Sul de Minas. No entanto, as lavouras conseguiram se recuperar", disse Barabach.
A última previsão da Conab (Companhia Nacional do Abastecimento) prevê a safra de café do Brasil entre 54,44 e 58,51 milhões de sacas neste ano.
Mercado interno
Os negócios com café seguiram lentos nos últimos dias depois de esboçarem reação na última semana. Os preços praticados nos principais tipos ainda não animam o produtor. "Os negócios envolvendo a variedade seguem em ritmo lento, com muitos agentes consultados pelo Cepea fora do mercado. Em relação aos preços, as cotações internas do arábica subiram, devido à valorização do dólar", disse em nota o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP).
A comercialização da safra de café do Brasil 2017/18 (julho/junho) chegou a 89% até o dia 11 de abril, segundo estimativa da Safras & Mercado. No último mês, a comercialização avançou em quatro pontos percentuais e já estão no mesmo ritmo do ano passado. No entanto, a comercialização está à frente da média dos últimos 5 anos, que é de 86% para esta época.
O tipo cereja descascado anotou maior variação na semana em Varginha (MG) com alta de 2,25% (R$ 10,00) e saca a R$ 455,00. A praça de Guaxupé (MG) teve o maior valor de negociação no período saca a R$ 479,00 e alta de 0,63% (R$ 3,00).
No tipo 4/5, a maior variação na semana foi registrada na cidade de Varginha (MG) com valorização de 1,18% (R$ 5,00) e saca a R$ 430,00. A cidade de Poços de Caldas (MG) teve o maior valor de negociação com saca a R$ 451,00 e estabilidade no período.
O tipo 6 duro teve maior oscilação na semana em Lajinha (MG) com alta de 2,44% (R$ 10,00) e saca a R$ 420,00. O maior valor de negociação no período foi registrado em Poços de Caldas (MG) (estável) e Guaxupé (MG) (+0,68%), ambas com saca a R$ 446,00.
Na quinta-feira (12), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 433,34 e alta de 0,89%.