CNC defende na OIC expansão de oferta conectada a programas de aumento do consumo em equilíbrio e sustentabilidade econômica
BALANÇO SEMANAL — 09 a 13/04/2018
Com exportação média de 34.844.059 sacas de 60 kg e uma participação de 44,5% nas exportações totais dos países membros, o Brasil teve direito a 403 votos, representando 20,15% do total do Conselho Internacional do Café. É válido destacar que a concretização desse cenário foi possível devido ao intenso trabalho do CNC junto ao Governo Federal no último mês, que garantiu o pagamento tempestivo da anuidade do País junto à OIC, permitindo que a delegação brasileira pudesse exercer seu direito a voz e voto.
MANIFESTAÇÃO DO PRESIDENTE DO CNC — Durante a reunião do Conselho Internacional do Café, instância máxima da OIC que reúne os governos dos países produtores e consumidores, o presidente do CNC, deputado Silas Brasileiro, discursou sobre a preocupação do segmento produtor com o desequilíbrio entre oferta e demanda mundiais, já que persiste a pressão por parte dos importadores para que a produção global de café se expanda. Por exemplo, o Plano de Adaptação do Café, apresentado pelo presidente da Illycaffè, Andrea Illy, que pretende estimular o crescimento de 100% na produtividade internacional dos cafezais até 2050, é contrastante com o cenário atual de preços aviltados.
Reiteramos que quaisquer iniciativas que visem à expansão da oferta de café devem estar obrigatoriamente conectadas a programas de aumento do consumo, o qual deve ser estimulado de forma permanente nos países produtores. Acreditamos que essa é a atitude mais sensata e pragmática para fomentar a sustentabilidade econômica da cafeicultura mundial, pois permitirá o avanço em direção ao equilíbrio entre a oferta e a demanda.
Mesmo reconhecendo e cumprimentando o diretor executivo da OIC, José Dauster Sette, pela excelente atuação no sentido de implementar o Plano Quinquenal da Organização, ressaltamos a importância do Conselho Internacional do Café ir além do discurso diplomático e tomar ações efetivas e práticas, que venham a gerar benefícios que sejam sentidos pelos cafeicultores e suas cooperativas, que são a razão da existência da cadeia produtiva cafeeira global.
AVALIAÇÃO DAS REUNIÕES — Além da retirada dos Estados Unidos do Acordo Internacional do Café (AIC 2007), também foram amplamente discutidos o aprimoramento das estatísticas internacionais e a promoção da sustentabilidade do setor cafeeiro mundial.
- Retirada dos Estados Unidos do AIC 2007: o Conselho Internacional do Café aprovou o projeto de resolução WP Council 289/18, que convida os Estados Unidos da América a reconsiderar sua decisão de se retirar do AIC 2007. Apesar da decisão tomada pela administração do presidente Donald Trump, o relacionamento da OIC com o setor privado norte-americano, representado pela National Coffee Association e pela Specialty Coffee Association, mantém-se fortalecido. Diante desse fato e por solicitação da delegação brasileira, foi incluída na resolução uma solicitação para que os governos dos países membros envolvam seus respectivos setores privados de café em negociações para tentar reverter a decisão dos Estados Unidos.
- Estatísticas: a OIC está realizando um esforço, que vem ao encontro das demandas apresentadas pelo CNC durante o processo de revisão estratégica da Organização, em 2015-16, para ampliar a credibilidade de seus dados e a abrangência das informações coletadas. O Seminário que estamos organizando no Brasil, no próximo dia 11 de maio, para aprimoramento das estatísticas do café, é uma importante etapa deste processo.
No início de 2018, a OIC contratou uma empresa para aprimorar tanto a infraestrutura quanto a qualidade de sua base de dados, de forma a permitir a expansão desse portfólio de estatísticas, para que passe a incluir também dados de custos de produção. A implementação de um levantamento global dos gastos para produzir café é uma demanda do CNC, que entendemos como fundamental para avaliar com clareza a competitividade da cafeicultura brasileira em relação à dos outros países.
- Sustentabilidade: merece atenção a aproximação dos trabalhos da OIC com os da Plataforma Global do Café (GCP) e do Desafio Café Sustentável, com o objetivo de implantar indicadores de sustentabilidade para medir e comparar o desempenho dos países e também do setor cafeeiro em relação a diferentes setores de commodities agrícolas, a começar pelo algodão.
Ao mesmo tempo em que temos plena certeza de que o Brasil possui o maior nível de sustentabilidade mundial na produção de café, destacamos a importância de continuar o relevante trabalho que o CNC tem feito para influenciar a construção dos padrões e indicadores de sustentabilidade no âmbito da GCP, para que esses reflitam também a situação da dimensão econômica da sustentabilidade. Certamente o trabalho realizado até agora pelo CNC será internalizado nos novos projetos que serão desenvolvidos no âmbito da OIC.
Destacamos a relevância e a profundidade técnica dos assuntos discutidos na semana de reuniões da Organização Internacional, os quais possuem ampla interface com questões comerciais e nos permitem conhecer como a indústria está incentivando a produção de café em diferentes regiões do planeta. Isso justifica as contínuas e regulares participações do CNC junto à OIC, bem como todo o trabalho de relações governamentais que realizamos para garantir direito a voz e voto à delegação brasileira.
Entendemos, por fim, que a participação efetiva do setor produtivo de café junto à OIC é fundamental para a construção de nossa inteligência estratégica e para garantir decisões que sejam favoráveis e não venham a prejudicar nossa produção e nosso comércio de café.
DELEGAÇÃO BRASILEIRA — Além do Embaixador Mauricio Carvalho Lyrio, do Conselheiro do Departamento de Produtos de Base do Itamaraty, Rodrigo Estrela, e do presidente executivo e da assessora técnica do CNC, deputado Silas Brasileiro e Silvia Pizzol, a delegação brasileira também contou com a participação de:
Representantes do Governo: Secretário Mateus Drumond Caiado e Bivanilda de Almeida Tápias, respectivamente chefe do Setor Econômico e adida agrícola da Embaixada do Brasil no México, e Silvio Farnese, diretor do Departamento de Café, Cana de Açúcar e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;
Representantes da Produção: Breno Pereira de Mesquita, presidente da Comissão Nacional do Café da CNA; Vanusia Nogueira, diretora da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA); e Guilherme Vincentini, membro da Comissão do Café da CNA.
Representantes da Exportação: Nelson Carvalhaes e Marcos Matos, presidente do Conselho Deliberativo e diretor geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CECAFÉ), respectivamente; e
Representante da Plataforma Global do Café: Carlos Henrique Jorge Brando, diretor da P&A Marketing Internacional.
MERCADO — Diante da baixa volatilidade e da ausência de novidades nos fundamentos, o mercado internacional do café andou de lado nesta semana, encontrando suporte com compras especulativas, porém resistência com as rolagens para fora do primeiro vencimento.
Na Bolsa de Nova York, o contrato maio/2018 subiu 45 pontos no acumulado semanal, negociado a US$ 1,1790 por libra-peso no pregão de ontem. Na ICE Futures eUROPE, o vencimento maio do café robusta encerrou a sessão de quinta-feira a US$ 1.711 por tonelada, com perdas de US$ 19 ante a semana anterior.
Outro fator de trava para o avanço dos futuros do café foi o fortalecimento do dólar, que avançou com a sinalização do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que um ataque à Síria não é necessariamente iminente e com a divulgação da ata da última reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), que apresentou que os dirigentes estão preocupados com o nível de valorização da moeda comum.
No Brasil, a divisa norte-americana registrou incremento de 1,2% na comparação com o real ao longo da semana, fechando os negócios de ontem a R$ 3,408. Internamente, a moeda se fortaleceu com a sinalização do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, de que o País possui força para conter a volatilidade da taxa de câmbio.
Em relação ao clima, a Somar Meteorologia informa que continua a incidência de chuvas mais significativas nas áreas produtoras de conilon do Espírito Santo. Já nas regiões de arábica, em especial o norte do Paraná e parte do Sudeste brasileiro, o ar seco impede a formação de nuvens de chuva, mas uma frente fria situada no Uruguai pode avançar nos próximos dias e, trazendo áreas de instabilidade, deverá provocar precipitações entre a Região Sul, São Paulo e parte de Minas Gerais.
A Somar prevê, ainda, que, nos próximos cinco dias, os maiores acumulados ocorrerão na faixa entre o norte paulista, Mogiana, sul e Triângulo Mineiro, atingindo até 70 milímetros, mesmo volume previsto para Rondônia. O norte do Paraná, por sua vez, deverá receber o volume máximo de 15 mm de precipitação.
No mercado interno, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) cita que os negócios permanecem travados em meio à retração dos agentes. Os indicadores calculados pela instituição para as variedades arábica e conilon foram cotados a R$ 433,34/saca e a R$ 319,35/saca, com variações de 1,2% e 0,9% respectivamente.