Café: Bolsa de NY encerra semana com baixa acumulada de mais de 1%, mas vencimentos se sustentam em US$ 1,20/lb
Os futuros do café arábica encerraram a semana com baixa acumulada de mais de 1% na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), apesar de seguirem em carca de US$ 1,20 por libra-peso. O mercado teve pressão do dólar, mas realizou ajustes técnicos e, em menor intensidade, também segue repercutindo as informações sobre o desenvolvimento das lavouras brasileiras na safra 2018/19.
No mercado interno, os negócios com café voltaram a ficar lentos nos últimos dias mesmo diante das recentes oscilações cambiais. (Veja mais informações abaixo)
Na sessão desta sexta-feira (9), o vencimento março/18 encerrou cotado a 118,85 cents/lb com queda de 15 pontos, o maio/18 registrou 120,15 cents/lb com queda de 15 pontos. Já o contrato julho/18 fechou o dia com 122,40 cents/lb e desvalorização de 20 pontos e o setembro/18, mais distante, recuou 25 pontos, fechando a 124,60 cents/lb. Essa foi a quarta queda em toda a semana.
O mercado externo do arábica teve mais uma semana de oscilações técnicas, baseadas em indicadores gráficos, mas também pesou forte sobre os preços a questão cambial. A alta do dólar ante o real tende a encorajar as exportações da commodity, por outro lado, as cotações externas tendem a recuar uma vez que o Brasil é o maior produtor e exportador do grão no mundo.
Apesar de fechar em queda de 0,40% na sessão de hoje depois de duas altas consecutivas, cotada a R$ 3,2514 na venda, com investidores mais tranquilos após divulgação de dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos, a divisa chegou a subir nos últimos dias e deu pressão ao mercado do arábica. Na semana, moeda norte-americana acumulou leve alta de 0,02 por cento.
"Aparentemente, os investidores estrangeiros não vão sair daqui (mercados brasileiros)", afirmou à Reuters o gerente de câmbio da corretora Fair, Mário Battistel.
O Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) informou nesta sexta que as exportações de café no país em fevereiro totalizaram 2,35 milhões de sacas, com receita cambial chegando a US$ 377.240 mil e preço médio de US$ 160,14. Uma queda de cerca de 9% no volume embarcada em relação ao mesmo período do ano passado. A variedade arábica representou 89,1% do volume total de exportações
"Os resultados deste mês estão dentro do previsto, com exportações mais modestas, porém preservando a grande participação do Brasil nas exportações de café do mercado mundial. Temos que levar em conta que fevereiro foi um mês mais curto, o que inevitavelmente afeta as exportações. Nossa expectativa é de que o mercado siga se comportando neste ritmo até a entrada da nova safra, em julho, quando estimamos um possível incremento nas exportações", afirma o presidente do Cecafé, Nelson Carvalhaes.
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Em menor intensidade, do lado fundamental, também segue pesando sobre o mercado as informações sobre a safra brasileira que será colhida nos próximos meses segue em desenvolvimento e o mercado está atento, segundo informa o analista da Price Futures Group, Jack Scoville. "Nova Iorque estão acompanhando o bom tempo sendo relatado no Brasil e espera outra grande safra", afirma.
Consultorias chegam a estimar a possibilidade de colheita recorde neste ano, ao redor de 60 milhões de sacas de 60 kg. O setor produtivo, porém, diz acreditar que ainda é cedo para cravar esses números já que lavouras condições adversas durante a florada. A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), prevê safra entre 54,44 e 58,51 milhões de sacas neste ano.
Um levantamento do Rabobank, um dos maiores bancos especializados em commodities do mundo, mostrou que a safra brasileira neste ano pode ser bem abaixo das expectativas de outros analistas, citando danos causados por pragas. Com isso, a instituição reduziu suas estimativas para o país e elevou sua previsão para os preços futuros do arábica ao longo do ano. As informações são do site internacional Agrimoney.
Membros do Rabobank realizaram um tour por 5.000 km de áreas de cultivo no coração do café do Brasil. O banco reduziu em 2,2 milhões de sacas sua previsão inicial de produção para o país, para 56,8 milhões de sacas.
Um concorrente do Brasil na produção de café arábica, a Colômbia, segundo maior país produtor da variedade, colheu 1,2 milhão de sacas de arábica lavado em fevereiro, o que representa uma queda de 6% ante o mês anterior, segundo informou a Federação Nacional de Produtores de Café do país. Neste ano, até o momento, a produção do país ultrapassa as 2,3 milhões de sacas.
Mercado interno
Durante toda a semana, os negócios com café voltaram a ocorrer de forma isolada nas praças de comercialização do Brasil, apesar das oscilações cambiais. Os preços seguem distantes do desejo do produtor. "De modo geral, agentes permanecem retraídos, cenário que tem mantido baixa a liquidez interna", disse em nota o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP).
O tipo cereja descascado anotou maior variação na semana em Guaxupé (MG) com queda de 1,46% (-R$ 7,00) e saca cotada a R$ 473,00. A cidade com maior valor de negociação no período foi em Poços de Caldas (MG) com saca a R$ 476,00 e queda de 0,83% (-R$ 4,00).
No tipo 4/5, a maior variação na semana foi registrada na cidade de Varginha (MG) com desvalorização de 2,30% (-R$ 10,00) e saca a R$ 425,00. A praça de Poços de Caldas (MG) teve o maior valor de negociação no período com saca a R$ 466,00 e queda de 0,85% (-R$ 4,00) no período.
O tipo 6 duro teve maior oscilação na semana em Maringá (PR) com alta de 2,59% (+R$ 11,00) e saca a R$ 436,00. O maior valor de negociação no período foi registrado em Franca (SP) com saca a R$ 450,00 e avanço de 1,12% (+R$ 5,00).
Na quinta-feira (8), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 430,98 e queda de 0,43%.