Café: Após amplas oscilações, Bolsa de NY encerra a semana com leve alta acumulada e vencimentos em US$ 1,20/lb
Os futuros do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) fecharam a semana com leve alta acumulada e, apesar de queda na sessão desta sexta-feira (23), os principais vencimentos se mantiveram próximos do patamar de US$ 1,20 por libra-peso. Apesar dos ganhos recentes, ainda pesa sobre o mercado externo as informações sobre alta produção no Brasil na safra 2018/19.
No mercado interno, após aquecimento nas últimas semanas, os negócios já voltaram a ficar mais lentos com a queda do dólar e a expectativa de safra alta pressionando os preços internos. (Veja mais informações abaixo)
Na sessão desta sexta-feira, o vencimento março/18 fechou a sessão cotado a 119,45 cents/lb com queda de 15 pontos, o maio/18 registrou 120,95 cents/lb com alta de 5 pontos. Já o contrato julho/18 encerrou o dia com 123,10 cents/lb e valorização de 10 pontos e o setembro/18, mais distante, também subiu 10 pontos, fechando a 125,35 cents/lb.
O mercado externo do grão oscilou bastante e dois lados da tabela durante essa semana. Primeiro, com operadores acompanhando as informações de alta produção no Brasil nesta safra, esse cenário fez com que as cotações ficassem abaixo de US$ 1,20/lb. Depois, na véspera e em parte da sessão desta sexta, ajustes técnicos foram registrados e as cotações reagiram.
Nos últimos dias, diversas instituições levantaram novos números para a safra brasileira, algumas inclusive, estimam possibilidade de colheita recorde neste ano no país, ao redor de 60 milhões de sacas de 60 kg. O Rabobank, por exemplo, informou nesta quinta-feira que o país deve produzir neste ano entre 57 milhões e 59 milhões de sacas, em comparação com uma estimativa anterior de 59 milhões de sacas.
A Terra Forte estimou na semana passada que o país colherá uma produção recorde de 59,15 milhões de sacas de 60 kg, ante as ante 48,17 milhões da temporada anterior. Já a Cooxupé, maior cooperativa do Brasil, e uma das maiores do mundo, estima que a safra 2018 de café arábica do país fique entre 40 e 42 milhões de sacas.
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estima a safra geral brasileira entre 54,44 e 58,51 milhões de sacas de 60 kg, com possibilidade de recorde. A autarquia atribui a alta produção à bienalidade positiva das lavouras e condições climáticas favoráveis para o desenvolvimento das plantações. O levantamento foi realizado no mês de dezembro.
Por outro lado, o presidente da Cooxupé (Cooperativa dos Cafeicultores de Guaxupé), Carlos Paulino, afirmou, em entrevista para a Reuters durante a semana, que a produção no Brasil não deve ser recorde. A maior cooperativa brasileira espera receber em 2018 de seus cooperados 8,37 milhões de sacas de café, consideravelmente acima dos 6,68 milhões de sacas de 2017.
"A pressão em Nova York ocorre desde o segundo semestre do ano passado com a perspectiva de safra recorde se desenhando no Brasil. Além disso, os importadores nos últimos meses, antecipando um cenário de déficit global, aceleraram as compras e aumentaram seus estoques", disse o analista de mercado da Safras & Mercado, Gil Carlos Barabach. A consultoria vê grandes possibilidades de uma produção próxima de 60 milhões de sacas.
Depois de várias quedas seguidas, o café arábica testou reação técnica na sessão de quinta-feira e avançou mais de 200 pontos. Os vencimentos chegaram ao suporte ao redor de US$ 1,19 e voltaram a subir. No entanto, segundo Mário Panhotta, gerente de mercado da Cooxupé, esse avanço não pode ser considerado uma reversão de tendência. Tanto é que os preços voltaram a cair nesta sexta-feira.
Para Panhotta, o mercado espera uma superssafra por parte do Brasil e os fundos, por sua vez, combinam essa pressão nos preços. Além disso, no curto prazo, o mercado do café ainda pode oferecer surpresas. O câmbio influencia diretamente e, com um ano eleitoral, vários fatores econômicos podem trazer repiques nos preços para o mercado interno. Com isso, a dica é que o produtor acompanhe de perto o mercado.
Mercado interno
Depois de aquecimento nas últimas semanas, o mercado brasileiro voltou a ter menos negócios nesta semana com preços fragilizados diante da queda do dólar e informações sobre alta produção no país. Diante deste cenário, segundo reporta o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP), compradores e vendedores se afastaram do mercado.
O tipo cereja descascado anotou maior variação na semana em Lajinha (MG) com queda de 3,19% e saca cotada a R$ 455,00. As cidades com maior valor de negociação no período foram Guaxupé (MG) (+1,92%) e Poços de Caldas (MG) (+0,42%), ambas com saca a R$ 478,00.
No tipo 4/5, a maior variação na semana foi registrada na cidade de Franca (SP) com desvalorização de 3,30% (-R$ 15,00) e saca a R$ 440,00. A praça de Poços de Caldas (MG) teve maior valor de negociação no período com saca a R$ 468,00 e alta de 0,43% no período.
O tipo 6 duro teve maior oscilação na semana em Lajinha (MG) com queda de 4,49% (-R$ 20,00) e saca a R$ 425,00. O maior valor de negociação no período foi registrado em Araguari (MG) com saca a R$ 455,00 e avanço de 2,25% (R$ 10,00).
Na quinta-feira (22), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 435,45 e alta de 0,36%.