Café: Bolsa de Nova York fecha semana com queda de mais de 2% com chuvas e floradas no Brasil

Publicado em 13/10/2017 17:43

O mercado do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) fecha a semana com queda próxima de 2,50% nos principais vencimentos, com o vencimento referência de mercado abaixo de US$ 1,30 por libra-peso. As chuvas recentes no Brasil, a previsão de novas precipitações à frente e as floradas no cinturão do maior país produtor e exportador do grão pressionaram as cotações do terminal.

No mercado interno, os preços tiveram algumas altas durante a semana acompanhando o cenário externo, mas os produtores brasileiros seguem bastante cautelosos nos negócios. (Veja mais informações abaixo)

Na sessão de hoje, o contrato dezembro /17 fechou cotado a 126,45 cents/lb com alta de 10 pontos, o março/18 registrou 130,20 cents/lb com avanço de 10 pontos. Já os lotes com vencimento para maio/18 encerraram o dia com 132,60 cents/lb e ganhos de 10 pontos e o julho/18, mais distante, subiu 10 pontos, fechando a 134,95 cents/lb. O mercado teve duas baixas consecutivas na semana.

Apesar da alta nesta sexta, motivado por ajustes técnicos, a baixa prevaleceu no mercado durante toda a semana com chuvas no Brasil e os participantes do mercado monitorando a recente florada no país. "Parece um pouco mais úmido no Brasil" para a próxima semana, disse Carlos Mera, analista sênior de commodities do Rabobank ao site internacional Agrimoney. Ainda assim, o executivo acrescenta que as perspectivas de chuvas estão "bem abaixo do que gostaria de ver".

O Sul de Minas Gerais, maior região produtora de café do Brasil, recebeu alguns volumes de chuva nos últimos dias. No entanto, segundo mapas climáticos, o tempo deve ficar seco e bastante quente pelos próximos sete dias em praticamente todas as áreas produtoras do Brasil. Segundo informações do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) apenas a partir do dia 21 de outubro chuvas passam a ser vistas por todo o Brasil central.

"As chuvas mais expressivas observadas no Brasil depois de um período seco pressionaram os preços", disse Robert Bresnahan, presidente da Trilateral em River Forest, Illinois, em entrevista à Reuters internacional. "Estava seco e o fato de terem recebido alguma chuva aliviou um pouco o medo", completa Bresnahan.

Com as chuvas recentes, floradas já podem ser vistas em praticamente todas as principais regiões produtoras de café do Brasil. No início da semana, as flores ainda não estavam generalizadas. Mas, agora, fotos enviadas pelos produtores ao Notícias Agrícolas e postadas em redes sociais, mostram um panorama mais geral da condição no país. Ainda assim, segundo agrônomos brasileiros, uma produção excepcional segue descartada.

"Como os cafeeiros estão debilitados e com menos folhas que o normal, parte da florada será perdida. Os agrônomos alertam que a possibilidade de uma safra excepcional, recorde, está afastada", disse o Escritório Carvalhaes, com sede em Santos (SP). Ainda assim, a importadora americana Wolthers Douque segue otimista com o Brasil e estimou nesta semana que a safra do país deverá totalizar 59 milhões de sacas de 60 kg entre arábica e robusta.

A florada do café arábica, como costuma acontecer, é seguida pelas chuvas que foram registradas em boa parte do cinturão produtivo brasileiro nos últimos dias, com importantes acumulados no Sul de Minas Gerais, maior região de produção do Brasil. A primeira florada da safra 2018/19 do grão havia sido registrada nos primeiros dias de setembro, no entanto, as dúvidas quanto ao pegamento eram enormes.

De acordo com dados do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), a exportação de café do Brasil totalizou 2,29 milhões de sacas de 60 kg em setembro, com receita cambial alcançando US$ 381,4 milhões, resultando no preço médio de US$ 165,89. Uma queda de 12,9% em relação ao volume do mês anterior e recuo de 25% ante o mesmo período de 2016. No acumulado do ano civil (janeiro a setembro de 2017), o país já exportou mais de 21,9 milhões de sacas.

"Na comparação com o mês anterior, a retração foi de 12%. No paralelo com o mesmo período do ano passado foi de 25%. Atribuímos dois fatores para esse movimento: reflexo da menor safra e a resistência dos produtores em vender o café. Com esse resultado, é muito instável prever qualquer movimento daqui pra frente, afinal, setembro sempre foi considerado um mês forte, com bons resultados", disse Nelson Carvalhaes, presidente do Cecafé.

Mercado interno

Durante toda a semana poucos negócios foram reportados nas praças de comercialização do Brasil. Os preços físicos do café não atraem boa parcela dos produtores. "O produtor de café nesses preços atuais vai vendendo para pagar a conta", disse durante a semana o analista de mercado do Escritório Carvalhaes, Eduardo Carvalhaes.

A consultoria Safras & Mercado estima que 53% da safra 2017/18 tenha sido vendida até outubro. Um atraso em relação ao ano anterior, quando 56% da produção já havia sido comercializada. Para o analista da Safras & Mercado, Gil Carlos Barabach, as vendas cresceram nos últimos dias com altas no mercado externo, mas os produtores seguem cautelosos.

Leia mais:
» Brasil vendeu 53% da safra de café 2017/18, diz Safras

Vale lembrar que na quinta-feira (12) houve o feriado de Nossa Senhora Aparecida e não houve negócios no mercado interno.

O tipo cereja descascado anotou maior variação na semana em Guaxupé (MG) com queda de 3,03% (-R$ 15,00) e saca a R$ 480,00. A cidade de Espírito Santo do Pinhal (SP) teve o maior valor de negociação dentre as praças no período com R$ 500,00 a saca e estabilidade no período.

No tipo 4/5, a maior variação na semana foi registrada em Varginha (MG) com valorização de 3,3% (R$ 15,00) e saca a R$ 465,00. A cidade de Franca (SP) teve o maior valor de negociação dentre as praças verificadas no período com saca a R$ 470,00 e estabilidade.

O tipo 6 duro teve maior oscilação na semana em Guaxupé (MG) com queda de 3,37% (-R$ 15,00) e saca R$ 430,00 e Varginha (MG) com alta de 3,37% (+R$ 15,00) e saca a R$ 440,00. Varginha teve o maior valor de negociação dentre as praças verificadas.

Na terça-feira (10), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 454,45 e alta de 0,04%.

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Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas

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