Café: Bolsa de Nova York cai quase 300 pts nesta 2ª feira acompanhando chuvas no cinturão produtivo do Brasil
Após recuar quase 300 pontos durante a tarde, as cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) reduziram um pouco as perdas no fim dos trabalhos desta segunda-feira (2), mas seguem do lado vermelho da tabela. Os principaios vencimentos tiveram perdas próximas de 100 pontos e o dezembro/17 segue abaixo de US$ 1,30 por libra-peso. O mercado externo repercute as chuvas no cinturão produtivo do Brasil.
O contrato dezembro/17, referência de mercado, fechou a sessão de hoje cotado a 127,20 cents/lb com queda de 85 pontos, o março/18 registrou 130,75 cents/lb com recuo de 90 pontos. Já o vencimento maio/18 encerrou o dia com 133,15 cents/lb e desvalorização de 85 pontos e o julho/18, mais distante, caiu 85 pontos, fechando a 135,40 cents/lb. Essa é a quarta sessão seguida de baixa no arábica. No acumulado da semana passada, a queda foi de quase 5%.
O mercado do arábica segue acompanhando a questão climática há vários dias sem outras novidades fundamentais. Diante disso, as cotações também sentem certa fragilidade técnica para se manterem acima de US$ 1,30/lb. "Investidores continuam acompanhando as chuvas sobre as áreas produtoras de café do Brasil, acreditando em um bom desenvolvimento das lavouras para a próxima safra", disse em relatório o analista de mercado da Origem Corretora Anilton Machado.
Desde o final da semana passada chuvas volumosas têm sido registradas no cinturão produtivo de café no Brasil, com volumes de até 50 milímetros. Na visão dos operadores, essa condição tende a melhorar a situação das lavouras do país que enfrentaram baixo volume de chuvas e altas temperaturas nas últimas semanas. A previsão do tempo aponta que a instabilidade deve permanecer em áreas produtoras pelo menos até a quinta-feira (5).
Já para o pesquisador da Fundação Procafé, Alysson Fagundes, essas precipitações apenas paralisam as perdas, sem reversão daquilo que já foi perdido. "A chuva nesse momento, que ainda não foi geral em todo o Sul e Oeste de Minas, ela paralisa o que já foi perdido", afirma. Com isso, há uma expectativa de menores números na produção para a próxima temporada. Semanas atrás operadores e analistas de mercado estimavam a produção de 2018/19 próxima de 60 milhões de sacas entre arábica e conilon, o que seria um recorde. Mas poucos ainda acreditam nisso.
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De acordo com o Sismet, sistema meteorologia da Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé), no final de semana (sábado e domingo) Alfenas (MG) registrou 24,2 mm de chuvas, Campos Gerais (MG) anotou 69,6 mm, já Carmo do Rio Claro (MG) teve 37,2 mm, Coromandel (MG) registrou 28,4 mm, Monte Carmelo (MG) 00 mm, Serra do Salitre (MG) anotou 33 mm e Guaxupé (MG) 00 mm. Segundo registros de redes sociais houve registro de granizo em Gonçalves (MG), no Sul de Minas Gerais, e Unaí (MG), Noroeste do estado.
Mercado interno
Diante das recentes quedas externas, os preços internos do café foram fortemente impactados e esse cenário só contribuiu para o baixo volume de negócios nas praças de comercialização do país. O Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP) chegou a destacar na semana passada que as expectativas de chuvas para as regiões brasileiras de café arábica intensificaram a retração produtora e reduziram a liquidez no mercado.
O café tipo cereja descascado registrou maior valor de negociação em Franca (SP) com saca a R$ 520,00 – estável. A maior oscilação dentre as praças no dia ocorreu em Poços de Caldas (MG) com queda de 1,50% e saca a R$ 461,00.
O tipo 4/5 registrou maior valor de negociação em Franca (SP) com saca a R$ 490,00 e alta de 4,26%. Foi a maior oscilação no dia dentre as praças.
O tipo 6 duro anotou maior valor de negociação em Araguari (MG) com saca a R$ 460,00 e queda de 2,13%. A maior oscilação no dia dentre as praças foi registrada na Média Rio Grande do Sul com queda de 3,30% e saca a R$ 440,00.
Na sexta-feira (29), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 448,53 e baixa de 0,13%.