Café: Bolsa de Nova York despenca mais de 8% na semana e testa mínimas de cinco semanas nesta 6ª
Os contratos futuros do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) despencaram mais de 8% na semana. Saíram de cerca de US$ 1,40 por libra-peso na última sexta-feira para cerca de US$ 1,30/lb na sessão de hoje (18). Mínimas de cinco semanas. O mercado repercutiu durante a semana informações sobre chuvas no Brasil, o que poderia favorecer a produção de 2018/19, além de questões mais técnicas.
No mercado interno, os preços avançaram um pouco nos últimos dias, mas os negócios ainda seguem acontecendo lentamente no país mesmo com a colheita próxima do fim. (Veja mais informações abaixo)
Nesta sexta-feira, o contrato setembro/17 fechou a sessão cotado a 128,40 cents/lb com queda de 5 pontos, o dezembro/17 registrou 131,85 cents/lb com recuo de 20 pontos. Já o vencimento março/18 encerrou o dia com 135,60 cents/lb – estável e o maio/18, mais distante, caiu 25 pontos, fechando a 137,65 cents/lb. Essa é a quinta sessão consecutiva do mercado no vermelho.
Diante das baixas na sessão de hoje, as cotações da variedade testaram mínimas de 13 de julho. Em parte, ainda repercutindo as chuvas no Brasil. A expectativa dos operadores é de que essas precipitações possam favorecer a produção na safra 2018/19, que já deve ser de bienalidade positiva e que alguns analistas apostam em produção recorde de 60 milhões de sacas de 60 kg.
"A safra 2018/19, em particular, pode se beneficiar das chuvas, e, de qualquer forma, será um ano de alto rendimento no ciclo de bienalidade", disse o Commerzbank em nota de mercado. As informações são da agência de notícias Reuters. Mapas climáticos apontam que os próximos dias serão de chuvas nos principais estados produtores, com acumulados de até 60 milímetros em áreas do Paraná, São Paulo e Sul de Minas Gerais.
Agências internacionais de notícias também reportam que os especuladores estão vendendo fundos no arábica e comprando café robusta. Além disso, repercutem no mercado informações sobre tranquilidade no abastecimento global e a fraca demanda física. "A demanda tem sido terrível", disse o vice-presidente e analista da Price Futures Group, Jack Scoville.
O Brasil teve exportações extremamente baixas em julho e os operadores sempre acompanham essas informações. "As exportações brasileiras de julho totalizaram apenas 1,751,804 sacas, o menor nível desde fevereiro de 2004 e curiosamente os estoques no destino teimam em não cair – há um 'atraso' na resposta, natural", disse em relatório o analista de mercado Rodrigo Costa.
Sobre a safra 2017/18, que está com colheita praticamente finalizada, a Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé), maior cooperativa de café do mundo, informou à Reuters ontem que reduziu em 30% sua expectativa de produção na região onde atua, totalizando 14 milhões de sacas de 60 kg. Isso por conta do clima desfavorável e da infestação de broca.
"Tivemos períodos sem chuvas ou com chuvas muito fracas no final de dezembro e em janeiro e fevereiro. Depois veio a broca, então, a produtividade foi mais baixa e houve perda de produção mesmo", comentou à agência o superintendente comercial da cooperativa, Lúcio Araújo Dias.
A colheita de café da safra 2017/18 estava em 91% da produção total até o dia 15 de agosto, segundo estimativa é da consultoria Safras & Mercado. Levando em conta a produção esperada pela empresa para o Brasil de 51,1 milhões de sacas, já foram colhidas 46,29 milhões. Em igual período do ano passado, os trabalhos estavam em 86%, e na média dos últimos 5 anos para o período registravam 87%.
A OIC (Organização Internacional do Café) elevou sua projeção de produção global na safra 2016/17 para um recorde de 153,9 milhões de sacas de 60 kg, ante expectativa de 151,6 milhões. "Isso se deve principalmente a um aumento na produção da Indonésia, revisada de 10 milhões de sacas para 11,5 milhões, e uma revisão significativa para o Peru para 4,2 milhões de sacas", informou a OIC em relatório mensal.
Mercado interno
Os negócios durante a semana seguiram lentos mesmo com o avanço da colheita, mas os preços esboçaram reação nos últimos dias ainda que tenham recuado no acumulado da semana. "Segundo pesquisadores do Cepea, o impulso vem da forte retração de produtores, que estão concentrados nas entregas futuras, e da expectativa de que a safra de arábica 2017/18 seja menor que a esperada, por conta de problemas de padrão (menor peneira) e de produtividade (como a broca)", disse o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP).
No fechamento semanal, o balanço foi negativo nas principais praças de comercialização verificadas pelo Notícias Agrícolas.
O tipo cereja descascado anotou maior variação na semana em Varginha (MG) com queda de 7,69% (-R$ 40,00) e saca a R$ 480,00. Espírito Santo do Pinhal (SP) (-7,55%) e Guaxupé (MG) (-7,55%) tiveram o maior valor de negociação dentre as praças no período com R$ 490,00 a saca.
No tipo 4/5, a maior variação na semana foi registrada em Franca (SP) com desvalorização de 8,74% (-R$ 45,00) e saca a R$ 470,00. A cidade teve o maior valor de negociação dentre as praças verificadas no período.
O tipo 6 duro teve maior oscilação na semana em Guaxupé (MG) com queda de 8,33% (-R$ 40,00) e saca a R$ 440,00. As cidades de Espírito Santo do Pinhal (SP) (-4,17%), Franca (SP) (-8,00%) Patrocínio (MG) (-2,13%) e Varginha (MG) (-6,12%) tiveram o maior valor de negociação com R$ R$ 460,00 a saca.
Na quinta-feira (17), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 450,61 e queda de 1,13%.